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2 OBJETIVOS

3.5 GESTÃO TERRITORIAL DA ZONA COSTEIRA

A zona costeira do Brasil é constituída pelo mar territorial e pelo conjunto dos municípios litorâneos, cuja a faixa terrestre, de largura variável, se estende por aproximadamente 10.800 km ao longo da costa. Se contabilizadas suas reentrâncias naturais, possui uma área de aproximadamente 514 mil km2, dos quais 324 mil km2

correspondem ao território de 395 municípios distribuídos ao longo dos 17 estados litorâneos.

Segundo a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), aproximadamente um quarto da população brasileira vive em regiões litorâneas, resultando numa densidade demográfica de cerca de 87 habitantes por quilômetro quadrado, índice cinco vezes superior à média do território nacional. Essa estreita faixa continental concentra 13 das 27 capitais brasileiras, algumas das quais, regiões metropolitanas onde vivem milhões de pessoas, um indicador do alto nível de pressão antrópica a que seus recursos naturais estão submetidos (MMA, 2010).

A partir da necessidade de se administrar os recursos naturais da zona costeira de forma sustentável, surgiu o gerenciamento costeiro, que segundo Asmus e Kitzmann (2004) é definido como um processo contínuo e dinâmico pelo qual são tomadas decisões e ações para o uso sustentável da região, levando em consideração o desenvolvimento e proteção das áreas costeiras e dos recursos marinhos.

Com a finalidade de propor normas e a estruturar políticas públicas destinadas a gestão da zona costeira, foi publicada em 16 de maio de 1988, a Lei nº 7.661, que determina a elaboração do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), cujo objetivo principal, é de “orientar a utilização racional dos recursos da Zona Costeira, de forma a contribuir para elevar a qualidade da vida de sua população, e a proteção do seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural”, devendo, o mesmo, ser aplicado na conservação e proteção dos recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuários e lagunares; baías e enseadas; praias; promontórios; cordões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas (BRASIL, 1988).

No ano de 2004 foi publicado o Decreto nº 5.300, que agrega, também, critérios para a gestão da orla marítima, contemplando entre outros aspectos, a urbanização, ocupação e uso do solo, do subsolo e das águas; parcelamento e remembramento do

 

solo; sistema viário e o transporte; sistema de produção, transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico; turismo, recreação e lazer; e pesca e aquicultura.

Visando a implementação e articulação destas políticas, foi criado o Grupo de Integração do Gerenciamento Costeiro GI-GERCO, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O objetivo do GERCO é operacionalizar o PNGC de forma descentralizada e participativa, tendo como arranjo institucional para a sua execução o MMA como órgão central, coordenando todas as ações na esfera federal, articulando com os governos dos 17 estados litorâneos através dos seus respectivos órgãos ambientais, no papel de executores estaduais, os quais buscam integrar suas ações com os municípios.

Nos últimos anos a implementação do PNGC tem avançado de forma inconstante e desigual quando considerada as diferentes regiões da costa brasileira. Ao tratar das questões políticas relativas à implantação deste, constatam-se obstáculos em todos os níveis. Há marcantes diferenças quanto aos padrões de comportamento político, da capacidade de financiamento e sustentação financeira, do acervo e da capacidade técnica das equipes, diferenças no grau de organização da sociedade, entre outras (ASMUS e KITZMANN, 2004). Estes fatos têm acarretado problemas para o pleno exercício das ações descentralizadas do PNGC.

Atualmente, pode-se afirmar que 7 estados dispõem de marco legal que institui o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro (PEGC), 15 já apresentam pelo menos um setor com Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro (ZEEC) consolidado e 12 têm institucionalizado a Comissão Técnica Estadual para a zona costeira (MMA, 2010).

Em Alagoas, o exercício do Gerenciamento Costeiro, em consonância com o PNGC, foi implementado em 14 de janeiro de 2009, através do Decreto Nº 4.098, que instituiu o Projeto Orla para o litoral do Estado, sendo o mesmo coordenado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) e a Gerência do Serviço de Patrimônio da União em Alagoas (GRPU), estando à Comissão Técnica do Estado de Alagoas (CTE/AL), vinculada ao Instituto do Meio Ambiente (IMA), responsável por operacionalizar e subsidiar tecnicamente as ações formuladas pela Coordenação Estadual do Projeto Orla.

São objetivos do Projeto Orla, estabelecer diretrizes gerais e específicas, fiscalizar e normatizar a ocupação do litoral, tendo em vista fatores econômicos, sociais, ecológicos, culturais, paisagísticos e outros com pertinência ao planejamento de sua ocupação, nos termos do inciso XI do artigo 217 da Constituição Estadual.

Segundo SPU-AL et al. (2012), dentre os 20 Municípios litorâneos do Estado de Alagoas, o Município de Paripueira foi o primeiro a aderir ao Projeto Orla e o único a concluí-lo, designando em 26 de abril de 2005 à Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente para coordenar a nível municipal o Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima (PGI), e em janeiro de 2012, a Prefeitura Municipal apresentou o Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima do Município, onde constam as condições para compatibilização das políticas patrimoniais, ambientais e urbanas de forma integrada e sustentável, a partir das legislações vigentes, como também, promover a criação de outras que resguardem e protejam os espaços litorâneos de forma preventiva, respeitando os processos naturais das dinâmicas marinhas.

Dos demais Municípios do litoral de Alagoas, apenas Barra de São Miguel, Marechal Deodoro, Roteiro, Piaçabuçu, Maragogi e Pilar, iniciaram os trabalhos de planejamento para elaboração do Projeto Orla, porém, sejam por questões políticas/administrativas locais, ou por falta de ações de sensibilização e mobilização, os trabalhos não foram adiante, ou estão sendo revistas para os anos de 2015/2016 (PINTO e AZEVEDO, 2014).