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Gestações de alto risco: conceitos, fatores de risco, sinais, repercussões e cuidados

unidade 3 – ConSulta de enfermaGem e SiStematização da aSSiStênCia de

4.2 Gestação de Alto risco

4.2.4 Gestações de alto risco: conceitos, fatores de risco, sinais, repercussões e cuidados

Atualmente, no cotidiano do cuidado, no âmbito da atenção básica perce- be-se que o enfermeiro ainda precisa ocupar este espaço de atuação. Na prática, uma parcela de enfermeiros não acompanha o pré-natal de baixo risco, não faz grupo de gestantes e casais grávidos, apesar de ser garantido este espaço legalmente. No que se refere à atenção à gestante de alto risco, esse hiato é ainda maior, consistindo apenas no encaminhamento, sem as devidas orientações e os cuidados que podem ser feitos pelo enfermeiro e médico antes de referenciar a gestante para um profissional especializado da rede de atenção, além de muitas vezes não realizar concomitantemente o seguimento desta usuária por meio da visita domiciliar periódica. Esta situação pode ocorrer em função de alguns fatores, tais como o desconhe- cimento de seu campo de atuação, medo, insegurança ou falta de subsídios científicos para desenvolver suas atividades.

Conforme revela Xavier (2007) em seu estudo, há ainda uma lacuna nesse campo, na atenção básica e também na média complexidade nos ambu- latórios, reforçando que cabe ao enfermeiro a atenção integral, promoção, prevenção e reabilitação, seja na gestação de baixo ou de alto risco. Assim sendo, o enfermeiro pode atuar em conjunto com a equipe de saúde na assistência direta e na educação em saúde. Isso implica acolher, procurar incluir e se aproximar da gestante nas dimensões do educar, assistir e gerir (ZAMPIERI, 1998).

No seguimento das gestações de alto risco, segundo Ministério da Saúde (BRASIL, 2000b), os enfermeiros devem levar em consideração as repercus- sões mútuas entre doença e gestação, sendo necessário conhecer a fisio- logia da gravidez, as adaptações do organismo materno, as intercorrências e patologias gravídicas e compreender o que as doenças podem gerar na gravidez e as complicações que podem advir da gestação.

Procurando subsidiar a atenção dispensada à gestante de alto risco, sem a pretensão de esgotar todas as dimensões que envolvem esta questão, confira as orientações de Zampieri (2009) e Zampieri (2011) no anexo 1. As orientações apresentadas abordam os sinais e sintomas, os fatores de risco, as repercussões e os cuidados que podem ser realizados pelo enfermeiro na atenção básica às gestantes que apresentam patologias durante a gra- videz. Tais tópicos são fundamentados em experts da obstetrícia e autores

que abordam o tema (ZIEGUEL; CRANLEY, 1985; CUNNINGHAM et al., 2001; LOWDERMILK; PERRY; BOBAK, 2002; FREITAS et al., 2006; REZENDE; MON- TENEGRO, 2003; REZENDE, 2005; NEME, 2005; BRASIL, 2006a, 2006c, 2006d, 2010a, 2011a; FESCINA et al., 2010; SÃO PAULO, 2010).

É muito importante que você leia. Certamente servirá de subsídio para prestar o cuidado à gestante que está vivenciando uma gravidez de alto risco.

É importante lembrar que caso o enfermeiro apresente dúvidas relaciona- das à conduta a ser tomada na unidade de saúde, o diálogo e a parceria com os outros membros da equipe, bem como o desenvolvimento de ações conjuntas são fundamentais.

Palavra do profissional

Agora, faça um levantamento na unidade de saúde a qual você está vinculado. Escolha duas gestantes com intercorrências patológicas diferentes, levante os fatores de risco, sinais e sintomas encontrados e procure ler os cuidados para reduzir seus problemas e compreender sua fundamentação científica. Vamos lá? Mãos à obra!

Saiba mais

Em relação à atenção humanizada ao aborto, seria interessante você ler o manual técnico do Ministério da Saúde que aborda esta questão. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Atenção Humanizada ao Abortamento:

norma técnica. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_ humanizada.pdf>.

4.3 Resumo

Sabemos que as patologias apresentadas na gravidez são determinantes da maioria das mortes maternas e fetais e, muitas delas podem ser evita- das na medida em que temos um pré-natal de qualidade, um sistema de referência e contrarreferência de fato operacionalizados e boas condições de vida.

Como você viu nesta unidade, o enfermeiro tem a responsabilidade de prestar assistência integral à mulher em qualquer momento de sua vida e, sobretudo neste processo crítico. Tem como desafio assumir o seu papel, legalmente garantido pela lei do exercício profissional e, pela política de atenção básica. Na atenção básica, o enfermeiro pode prestar alguns cui- dados que podem fazer a diferença na evolução da gravidez, seja ela de risco ou não.

4.4 Fechamento

É fato que não basta o empenho do enfermeiro, capacitando-se, atualizando- se e assumindo postura ética e de respeito diante do usuário. É necessária vontade política e uma postura diferenciada dos gestores das unidades de saúde, no sentido de propiciarem a educação permanente nos serviços, a formação contínua dos profissionais, estimularem a construção de proto- colos e garantirem a sua operacionalização, além de estabelecerem redes de articulação entre os serviços e os níveis de complexidade, valorizando as ações desenvolvidas na atenção básica e os profissionais que lá atuam. O enfermeiro, ciente do seu compromisso com a comunidade, precisa ocu- par esse espaço de forma competente e segura, centrando sua atenção na mulher e no seu filho, e não na patologia, porém, sem deixar de considerá- -la e intervir quando indicado.

É necessário compreender a complexidade que envolve a gestação, seja de risco ou não, suas particularidades e estabelecer parcerias e redes de coo- peração e de solidariedade entre profissionais de saúde, serviços de saúde e outros setores sociais, com o objetivo final de atender a gestante e os familiares de forma integral e personalizada.