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Este glossário foi desenvolvido com o objetivo de facilitar algumas palavras provindas da língua hebraica (Ivrit) que possuem conceitos muito específicos neste trabalho. As consoantes ch quando unidas formam um fonema que não temos em língua portuguesa, cujo som se aproxima de um r aspirado do fundo da laringe.

B’rit-Milá

הָליִמ תי ִרְּב‎‎

Literalmente como “circuncisão da aliança”. O termo Brit significa o “corte”. Esta é a cerimônia que todo o judeu faz contando do seu nascimento até o oitavo dia de vida. O pequeno corte do prepúcio está ligado à uma relação de compromisso (Emuná) da pessoa com Deus (YEWE).

Chabad

דייבח‎‎

Movimento ortodoxo de origem ucraniana fundado no século XVIII por Yisrael Ben Eliezer, o assim chamado Baal Shem Tov (1700- 1760). O termo Chabad é um acrônimo das iniciais de: Chochmah (sabedoria), Binah (entendimento) e Daat (conhecimento).

Chassid

דיסח

‎Termo que significa “piedade” ou “misericórdia”. É uma forma de respeito excepcional dada para alguma pessoa. Está na origem do movimento Chabad acima explicado. É aplicado aquele que tem uma devoção apenas espiritual e ética, pois vai além da observância das leis cotidianas de convivência.

Emuná

הנומא

Geralmente traduzida como fé. Emuná, porém, é uma convicção inata, uma percepção da verdade que transcende, e não foge, à razão. Para os princípios chassídicos, sabedoria, compreensão e conhecimento podem ampliar a verdadeira emuná. Portanto, a emuná perdura lá onde a razão não pode alcançá-la.

Galut

תולג

Termo que se aplica a todo o tipo de “exílio” que passou o povo judeu. Consideram-se os períodos no Egito (1300 a.C.), na Babilônia (586 a.C.), o domínio do Império Romano (70 d.C.), a expulsão da Espanha (1492 d.C.) e a expulsão da Europa Central com a Segunda Guerra (1936-1942).

Guei Hinom

םונהג

Conhecido como o vale no qual o Rei Ahaz de Judá sacrificava seus filhos, por volta do século VIII a.C. Durante a passagem para a tradição grega, como Geheena, será identificado como inferno.

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Hagadá

ה ָדָגַה

‎‎

Termo muito utilizado ao referir-se à noite de Pessach (celebração que significa passar por cima, por vezes lembrada como Páscoa judaica) derivado do verbo leaguid (ensinar contar). Neste sentido, a hagada conta a história da saída do Egito liderada por Moisés. A hagada é a parte oral da cultura judaica. Não deve ser confundida com o termo sipuri ('רופס) é traduzido como narrativo.

Halachá

הָכָלֲה

A parte do Talmud que se constitui como lei e seu cumprimento, constituindo-se de 613 Mitzvot (plural de Mitzvá). As Mitzvot são comumente traduzidas como “ordem”, “preceito” ou simplesmente “boas ações”, dizendo respeito a como o judeu deve se portar, o que deve fazer e o que não deve fazer. Está sempre tensionado pela Hagadá.

Haskalá

הלכשה

Iluminismo judaico, também conhecido como “reforma”. A partir das discussões sobre o futuro do judaísmo diante das transformações da modernidade europeia. Moisés Mendelssohn, na Alemanha do século XVIII, propõe que o judeu se sujeite aos costumes e à constituição do país em que vivem, mas permaneçam ligados à religião hebraica. As consequências aqui são a necessária saída do guetto e uma gradual assimilação à cultura europeia.

Kadish

שידק

Palavra de origem aramaica, o antigo idioma falado no norte da Síria. O kaddish é um termo que significa “santificação”, também é um termo que designa uma oração para os enlutados.

Mashia

ַחי ִשָמ

Traduzido literalmente como “ungido”, o que significa também aquele que está preparado para o momento do desvelamento das coisas. Em sua ação sobre o mundo prático o messianismo torna-se o culto acerca dessa espera (Lechakot), tornando-se assim a noção de tempo consagrada, tempo da espera daquele que vem.

Mussar

רַסוּמ

O questionamento ético percorre toda o ciclo da vida judaica tradicional. Traduzimos mussar como ética, mas também a encontramos como um, fundado por Rabbi Yisrael Lipkin Salanter (1810-1883), indicando as bases para os judeus lituanos ortodoxos não-hassídicos (mitnagdim) lidarem às mudanças sociais provocadas pela haskalah. A comunidade judaica tende a ver o mussar como inseparável de suas próprias crenças e práticas, sendo então aplicada ao cotidiano, tal como pensado pelos rabinos como um sistema humanitário de justiça.

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Pardes

סדרפ

Acrônimo formado por 4 palavras de origem aramaica: 1) Peshat (jvp), o nível literal; 2) Remez (

zmr

), o nível alegórico; 3) Derash((

vrd

), o nível ético; e 4) Sod(dws), o nível secreto. A união das suas consoantes iniciais formam o Pardes, palavra do aramaico que significa Jardim.

Piutim

םיטויפ

Forma poética inaugurada por Eleazar Há Kalir para a liturgia do Rosh Ha Shaná, por volta do ano 750 d.C. O poema litúrgico aqui aparece a influência do passado sobre o presente e também encontramos a formação de acrósticos e da rima nos textos de Kalir. A força visual e sonora é ressaltada em seus poemas.

Pilpul

לופלפ

É um método de estudo talmúdico. Pilpul é uma palavra derivada do verbo hebraico pilpel, “temperar” ou “apimentar”. Metaforicamente pode significar “disputar violentamente” ou “inteligentemente”, segundo o tratado Shabbath, incluso no Talmud da Babilônia. A disputa coloca o subjetivo como um incremento, tempero que torna a investigação penetrante, já delineando seu desfecho. Este método de debate está relacionado especialmente no que diz respeito ao estudo das leis.

Ruach

חור

Literalmente traduzido como “espírito” e também como “sopro”. Tornar-se-á pneuma na tradição grega. Para o misticismo judaico, ruach refere-se a uma das três instâncias ligadas ao ato de criação do homem, sendo: Néfesh, a parte ligada aos instintos; Ruach, a parte ligada às emoções; e Neshamá, a parte ligada ao pensamento.

Sefer

רפס

Literalmente significa “livro”. Contudo, vemos que o nome Sefaradim, “povo do livro”, se relaciona especialmente com os judeus que viviam às margens do Mar Mediterrâneo, conhecidos também como “marranos”, diferentemente dos judeus centro-europeus chamados de Askenazim.

Shoah

האוש

Também chamado de holocausto ou genocídio praticado pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Diz respeito específico ao nazismo. Sua etimologia está ligada à ideia de “calamidade” e também àquilo que não possui representação, sendo posto ao fogo como num sacrifício.

Talmud

דוּמְּל ַת

Palavra derivada do verbo limmed que significa “aprender/ensinar”. Talmud significa “estudo” em linguagem corrente. É considerado uma forma de ensino da Torá.

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הָלִפ ְּת

momentos do dia: manhã (Shacharit), tarde (Minchá) e noite (Arvit). Torá

ה ָרוֹת

O livro fundador da religião judaica, atribuído a Moisés (1391-1271 a.C.). É dividido em cinco partes:

1.

ישארב - Bereshit - No princípio conhecido pelo público não-

israelita como Gênesis;

2.

תומש, Shemot - Os nomes ou

Êxodo;

3.

ארקיו, Vayikrah - E chamou ou

Levítico;

4.

רבדמב, Bamidbar- No deserto (ermo) ou

Números;

5.

םירבד, Devarim - Palavras ou

Deuteronômio.

Tzadik

קידצ

‎‎

O justo, o santo, aquele que alcança a pureza espiritual e a faz com justiça.

Yizkor

רוֹכֹזי

Yizkor (“memória”) orações são recitadas por aqueles que perderam

um ou ambos os pais; em algumas congregações judaicas moderadas modernas, pode-se dizer yizkor para qualquer parente ou amigo próximo, cuja morte é lamentada.

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Anexo A – [“Tübingen,‎janvier”,‎de‎Paul‎Celan,‎traduzido‎por‎Jacques‎Derrida]26

Paul Celan

Tübingen, janvier ses yeux re-

dits de ne plus voir

baltus de discours jusqu’à l’aveuglement leur « uneénigme

que ce quiénigme est pur jaillissement » -, bur devenir de

tours Hölderlin en tour – noyées des cris nouettes.

ses visites de menuisiers noyés ci ces

mots en plongés :

si venait

si venait un homme

si venait un homme au monde aujourd’hui, avec la barbe de lumière des

patriarches : il pourrait, s’il parlait de ce

temp, il pourrait

seulement bredouiller, et bredouiller tourjours, rebredouiller ton-

jour, jours

(« Pallaksch, PallAksch »)

Anexo B – [Lettre à Jean Pierre Lefbvre]27

26 Documento transcrito dos arquivos Jacques Derrida, no Imec, Abbaye d‟Ardenne, na cidade de Caen, França, em junho de 2015.

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Jean Pierre Lefbvre

C’est à Vienne que la Fugue de la mort parut une première fois, dans le premier recueil de poésies publié par Paul Celan, en 1948, Der Sand aus den Urnen.

Ce poème l’a rendu célèbre. En Allemagne, il est reproduit dans tous les livres de littérature à l’usage des lycéens : en premier lieu parce que une poème sur l’extermination ; peut-être aussi parce que c’est un poème de la première période, répétitif, insistant, apparemment explicite.

Le recueil Der Sand aus den Urnen ne parut qu’après le départ de Paul Celan pour Paris, en juillet 1948. Les erreurs de composition y étaient si nombreuses que Celan le fit retirer de la vente, et c’est seulement en 1952 que la moitié des poésies qui y figuraient furent éditées, dans un nouveau recueil intitulé Mohn und Gedächtnis.

Peut-être y a-t-il dans ce bégaiment de l’édition comme une vérieté d’acte manqué.

Car Vienne avait été la grande référence de toute l’adolescence de Paul Celan, demeurait, malgrté les traités, la métropole culturelle de l’ensemble austro-hongrois, la vrai capitale d’un monde dont Czernowitz, où il était né en 1920, faisait partie, plutôt que de la roumanie ou de l’Union Soviétique, où Czernowitz existait, avec sa culture allemande et les 100.000 juifs de seus 120.000 habitants. Et Vienne n’était plus que la capitale d’un pays occupé, un réseau d’égouts hanté par les trafiquants : une ville aussi, où 100.000 Juifs étaient morts. Une espèce de tombe de sa jeunesse, d’où sa poésie en pouvait pas être dite, mais où elle devait passer : où il était venu trop tard.

(à mettre en chapeau avant le poème Fugue de la mort de Paul Celan)

27 Documento transcrito dos arquivos Jacques Derrida, no Imec, Abbaye d‟Ardenne, na cidade de Caen, França,

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Anexo C – [Grosse, Glühende Wölbung, de Paul Celan]

GROSSE, GALÜHENDE WÖLBUNG mit dem sich

hinaus- und hinweg-

wülenden Schwartzgestirn-Schwarm: der verkiseslten Stirn eines wiedders brenn ich dies Bild ein, zwischen die Hörner, darin,

im Gesang der Windungen, das Mark der geronnenen

Herzmeeren schwillt. Wo-

gegen

rennt er nicht an?

Die Welt ist fort, ich muss dich tragen.

IMENSA, INCANDESCENTE ABÓBADA com

o enxame da negra constelação que se busca uma via de saída, de partida:

na fronte silicificada de um carneiro [eu] marco a fogo esta imagem, entre os cornos, lá dentro,

no canto das circunvoluções, incha o miolo dos

mares de coração coagulados. Contra

o que

não carrega ele?

O mundo acabou, [eu] tenho de te portar.

Tradução de Fernanda Bernardo

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ASCHENGLORIE: hinter deinen erschüttert- verknoteten Händen am Dreiweg.

Politisches Einstmals: hier, ein Tropfen,

auf

dem ertrunkenen Ruderblatt, tief

im versteinerten Schwur, rauscht es auf.

(Auf dem senkrechten Atemscil, damals, höher als oben,

zwischen zwei Schmerzknoten, während der blanke

Tatarenmond zu uns heraufklomm, grub ich mich in dich und in dich.) Aschen-

glorie hinter euch Drciwcg- Händen.

Das vor euch, vom Osten her, Hin- gewürfelte, furchtbar. Niemand zeugt für den Zeugen. CINZOGLÓRIA detrás Tua enleada-atada mão ante tríviassenda. Uma vez pôntico: aqui uma gota

sobre

o remo afogado, profundo

sob petrificado juramento rompante rumoreja. (Perpendicular às Cordas-sopros, então, mais que o acima,

entre duplo dor-nós, enquanto a nu

lua tártara a nós ascende, cavei-me em ti e em ti.) Cinzo-

Glória detrás vossa tríviassenda- manual.

O que ante vós, desde o leste, todo lance -de-dados, horrendo.

Ninguém

testemunha pelo testemunho.

Tradução de Piero Eyben

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LE MENHIR Wachsendes Steingrau.

Graugestalt, augen –

loser Du, Steinblick, mit dem uns die Erde hervortrat, menschlich, auf Dunkel -, auf Weissheidewegen, abends, vor

dir, Himmelsschlucht.

Verkebstes, hierhergekarrt, sank über den Herzrücken weg, Meer- mühle mahlte.

Hellflüglig hingst du, früh, zwischen Ginster und Stein, kleine Phaläne.

Schwarz, phylakterien- farben, so wart ihr, ihr mit- betenden Schoten. O MENHIR Crescente cinza-pedra. Forma-cinza, olhos –

perder tu, olhar pedra, conosco emerge da terra, humana,

no escuro -, nos caminhos de arbustos brancos, frente

a ti, abismo céu.

O adúltero, transportado até aqui, precipita os dorsos do coração. Mar-

moinho moído.

Asa clara, tu pelos ares de manhã, entre ramalhete e pedra,

pequena falena. Negras, cores

de filactérios, assim eras, ao com-

partilhar orações.

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Anexo F – […Rauscht der Brunnen, de Paul Celan]

…Rauscht der Brunnen Ihr gebet-, ihr lästerungs-, ihr gebetscharfen Messer

meines Schweigens.

Ihr meine mit mir ver- krüppelnden Worte, ihr meine geraden.

Und du: du, du, du

mein täglich wahr- und wahrer- geschundenes Später

der Rosen-: Wieviel, o wieviel Welt. Wieviel Wege.

Krücke du, Schwinge. Wir – –

Wir werden das Kinderlied singen, das, hörst du, das

mit den Men, mit den Schen, mit den Menschen, ja das

mit dem Gestrüpp und mit

dem Augenpaar, das dort bereitlag als Träne-und-

Träne.

… Murmura a fonte

Vós a prece, a blasfêmia, vós a prece afiada faca

do meu silêncio.

Vós comigo in-

capacitadas palavras, vós minha linha reta.

E tu: tu, tu, tu

meu diário verdade- e verdadeiro- fraturado mais tarde

das rosas-: Quanto, o quanto mundo. Quantos caminhos.

Muletas tu, asa-agito. Nós - -

Nós cantaremos a cantoria infantil, que, ouves tu, que

com o Ho-água, com o Mem-fogo, com Homem-céu, sim que

o bosque e com

o par de olhos, que ali estava pronta como Lágrima-e-

Lágrima.

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