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Gonçalo Anes de Aguiar, ou do Vinhal, o Velho, nasceu no primeiro terço do século XIII, era o primeiro filho de João Gomes do Vinhal e de Maria Pires de

Os Cavaleiros que Permaneceram em Castela

D. Gonçalo Anes de Aguiar, ou do Vinhal, o Velho, nasceu no primeiro terço do século XIII, era o primeiro filho de João Gomes do Vinhal e de Maria Pires de

Aguiar. Foi o quarto senhor do Vinhal e o primeiro senhor de Aguiar. Tinha como irmãos D. Lourenço do Vinhal, D. Fernão Arias do Vinhal, D. Pedro Gomes do Vinhal e D. Nuno Martins do Vinhal.

D. Gonçalo Anes do Vinhal, participou como rico-homem na reconquista de Múrcia, ao lado do infante Afonso de Castela. Pertenceu à Ordem de Santiago e fez-lhe muitos préstimos. Mais tarde serviu os reis de Portugal, D. Afonso III e seu filho D. Dinis. D. Gonçalo casou com D. Berengária, ou Beringuela, de Córdova, uma dama de Aragão. Deste casamento nasceu um filho, que seguiu a vida eclesiástica, tornando-se padre, infelizmente desconhece-se o seu nome. Pensa-se que D. Gonçalo tenha partido

152 MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A

Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 165.

153 Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 206.

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IDEM, Ibidem. P – 44.

155 Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D. Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 49.

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em 1240, de Portugal para Castela, mais concretamente Toledo, apesar de não se saberem quais foram as razões, mas julga-se que tenham sido desentendimentos com o rei D. Sancho II156.

D. Gonçalo Anes pertencia à velha nobreza. Em 1253, após o cerco de Sevilha, participou no repatriamento do território recém-conquistado, tornou-se rico-homem na corte do reino de Castela, chegando a servir três reis distintos, D. Sancho II, Fernando III e Afonso X, de quem era intimo. Também possuía terras em Córdova, tendo sobre o seu dominio um enorme senhorio, que fora transformado em morgadio no ano de 1275. O seu papel foi de grande relevo na reconquista cristã do sul ibérico. Para além de exercer a condição de cavaleiro era também trovador. Hoje conhecemos dezassete poemas seus, entre cantigas de amigo e de maldizer157. Para provar o seu talento na escrita lírica temos uma cantiga de amigo da sua autoria.

“Quand´ eu subi nas torres sobe-lo mar e vi onde soia a bafordar

o meu amig´, amigas, tan gran pesar ouve´ eu enton por ele non coraçon, quand´ eu vi estes outros per i andar, que a morrer ouvera por el enton.

Quand´ eu catei das torres derredor e non vi meu amigo e meu senhor, que oj´ el por mi vive tan sen sabor, ouve´ eu enton tal coita no coraçon, quando me nembrei d´el e do seu amor, que a morrer ouvera por el enton.

156 IDEM, Ibidem. P – 122.

SANCHEZ, Antonia Viñez, El Trovador Gonçal´Eanes Dovinhal – Estudio Histórico y Edición, Santiago de Compostela, Universidade de Santiago de Compostela, 2004, pp – 15-20.

157 IDEM, Ibidem, pp – 11-13, 25.

NEMÉSIO, Vitorino, A Poesia dos Trovadores – Antologio, Amadora, Livraria Bertrand, (SD). P – 120. ALVAR, Carlos/BELTRÁN, Vicente, Antologia de la Poesia Gallego-Portuguesa, 1ª edição, Madrid, 1985. P – 176.

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Quand´ eu vi esta cinta que m´el leixou, chorando com gran coita, e me nembrou a corda da camisa que m´el filhou, ouv´ i por el tal coita no coraçon, pois me nembra fremosa u m´enmentou, que a morrer ouvera por el enton.

Nunca molher tal coita ouv´ a sofrer com´ eu, quando me nembra o gran prazer que lh´ eu fiz, u mi a cinta veio a cinger; creceu-me tal coita eno coraçon

quand´ eu sobi nas torres po´lo veer, que a morrer ouvera por el enton.”158

A partir do poema podemos compreender o desenvolvimento literário desde nobre cavaleiro, que fora instruído desde cedo, aprendendo a escrever e a cultivar-se. Esta componente de aprendizagem é típica de uma nobreza urbana, que se centrava nas grandes cidades.

D. Gonçalo acabaria por morrer em batalha frente aos mouros de Granada, no decorrer de uma revolta, entre os seus aliados, no ano de 1280159. É irónico pensar que este cavaleiro lutou lado a lado com os mouros nasridas, mas o seu fim chegou às mesmas mãos daqueles que o apoiaram no passado.

Rui Garcia de Paiva, ou Panha era o primeiro filho de D. Garcia Fernandes de Paiva, ou de Portugal, e de D. Tareja Pires de Gondim, descendente por varonia da casa de Baião, de Egas Gosendes e de D. Arnaldo160.

158 NEMÉSIO, Vitorino, A Poesia dos Trovadores – Antologio, Amadora, Livraria Bertrand, (SD), pp –

120, 121.

159

IDEM, Ibidem. P – 120.

ALVAR, Carlos/BELTRÁN, Vicente, Antologia de la Poesia Gallego-Portuguesa, 1ª edição, Madrid, 1985. P – 176.

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BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 1976. Fl – 178.

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Era irmão de D. Sancha Garcia, casada com Martim Lourenço da Cunha161. Rui Garcia é portanto descendente da antiga nobreza, que já se encontrava estabelecida no condado Portucalense, antes da chegada do conde D. Henrique, sendo a família dos Baião uma das casas mais antigas de Portugal. O seu primeiro casamento foi com D. Constança Anes Redonda, filha de D. João Pires Redondo e de Dª. Maior Pires de Pereira, que já tinha sido casada anteriormente, com D. João Durães. A segunda união foi com D. Berengueira Aires de Gosende, filha de D. Airas Nunes e de D. Sancha Pires de Vide162.

D. Berengueira era dama da rainha Santa Isabel. Foi fundadora do Mosteiro de Almoster de freiras da Ordem de S. Bernardo. Não houve filhos de nenhum dos casamentos, apesar de ter adoptado, com D. Berengueira, uma filha de nome D. Joana Rodrigues, que morreu sem deixar descendência163.

Lopo Hermiges da Teixeira era o primeiro filho de D. Hermígio Mendes da Teixeira e de D. Maria Pais, filha de Pai Novaes e de Dª. Mor Soares. Teve os seguintes irmãos Estevão Hermiges, Afonso Hermiges e D. Estevainha Hermiges, que se casou com Pero Rodrigues de Pereira. Lopo Hermiges da Teixeira casou com D. Ouroana Pires de Pereira, e desta união surgiram D. Maria Lopes e D. Martim Lopes164. Era o terceiro neto por varonia do alferes do conde D. Henrique, D. Fafes Luz. Por esta razão, era de uma família muito nobre do reino de Portugal165.

Lourenço Pais de Alvarenga era descendente, por linha masculina legitima, de Egas Moniz, por seu filho Moço Viegas. Por outro lado descendia dos Sousa, dos Riba de Vizela e de outras importantes famílias portuguesas. E estamos, portanto, a falar de um membro das mais antigas linhagens do reino166.

161 Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 56.

162 IDEM, Ibidem, pp – 147, 341. 163

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 1976. Fl – 178.

164 Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D. Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 369, 371.

165 BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 178.

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Os seus pais eram Paio Viegas de Alvarenga Curvo e D. Teresa Anes, filha de D. João Fernandes de Riba de Vizela e de D. Maria Soares, que tiveram por filhos Pero Pais Curvo, Lourenço Pais de Alvarenga e D. Sancha Pais.

Casou com D. Mafalda Pires Portugal, filha de D. Pero Fernandes de Portugal e de Dª. Froilhe Rodrigues de Pereira. Lourenço e D. Mafalda tiveram uma filha, D. Lourença, que se tornou freira em Arouca, só deixando a vida clerical quando se casou com Afonso Pires Rendamor, deixando filhos que perlongassem a sua família167.

Não existem informações referentes a Durão Flores para além do que nos é mencionado por Frei António Brandão, ao constatar o estabelecimento do cavaleiro em Sevilha, após a conquista daquela cidade168.

D. Gonçalo Nunes, pensa-se que seja, de Lara Menaia era filho do conde D.