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CAPÍTULO 5: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

5.2 Gosto e freqüência da leitura

Um dos objetivos desta pesquisa foi avaliar o gosto pela leitura de periódicos. Diante das respostas obtidas, ficou constatado que 88% dos participantes gostam de ler jornais e revistas. Vale ressaltar que o acesso dos alunos a este tipo de material não se limita apenas à biblioteca. Torna-se evidente que alunos de uma escola particular, como a citada nesta pesquisa, têm oportunidade de obter tais informações (jornais e revistas) através de meios diversificados, como assinaturas residenciais, acesso on line (Internet), contato momentâneo na casa de parentes e amigos, etc. Os participantes fundamentaram suas respostas justificando o fato de gostarem de ler jornais e revistas. Eis alguns relatos:

“Porque acho interessante e uma ótima fonte de obter informações.” (Quest. 26) “Por que fico atualizada com os acontecimentos que ocorrem no dia-a-dia não só no Brasil, mas no mundo.” (Quest. 43)

“Leio tanto para pesquisas como para me informar de fatos que desconheço.” (Quest. 36)

As falas aqui presentes mostram claramente que os alunos buscam a leitura de periódicos a fim de obter informações para atualizar-se sobre os acontecimentos do Brasil e do mundo. Além disso, eles também utilizam os periódicos para realizar as suas pesquisas. Estes resultados corroboram com o pensamento de Caruso, ao afirmar que a leitura oferece inúmeras possibilidades aos que desenvolvem esta prática.

Outra constatação é que alguns alunos demonstraram o interesse e o gosto pela leitura de periódicos; concebem-na como um bom exercício para a prática da leitura em geral. Ora, sabe-se que são poucos os professores e bibliotecários que trabalham com periódicos em atividades de leitura. Como se pode ver nos depoimentos, faz-se necessário que essas fontes de informação sejam mais exploradas por esses profissionais.

“Porque informa e porque você pratica sua leitura.” (Quest.13) “Pois além de eu me informar, gosto disso.” (Quest. 03) “Eu adoro ler.” (Quest. 02)

“Traz informações precisas e pratica a leitura.” (Quest. 04)

Por outro lado, constatou-se ainda que alguns estudantes preferem outros tipos de leitura à de jornais e revistas, como expressa na citação a seguir: “Porque eu só leio mais livros de aventura.” (Quest. 01). Outros alunos afirmaram não gostar de ler periódicos por acreditarem no fato de que os assuntos abordados não são educativos, como pode ser verificado no seguinte texto: “Pois precisa de assuntos mais ligados a termos educacionais.” (Quest. 41)

Embora a maioria dos participantes tenha afirmado gostar de ler, 12% relataram que não gostam de ler jornais e revistas. Este fato chamou bastante atenção, pois, pela nossa experiência de trabalho em biblioteca escolar tem-se como pressuposto que os jovens gostam de consultar estas fontes. Veja as falas a seguir:

“Odeio ler.” (Quest. 11) “Tenho preguiça.” (Quest. 47)

Este fato pode ser conseqüência de vários fatores, como: falta de incentivo, falta de políticas governamentais de sensibilização ao desenvolvimento do gosto pela leitura, etc. Fato também observado nos estudos de Magnani.

Outro objetivo da pesquisa foi verificar com que freqüência os alunos realizam leituras de periódicos, ficando constatado que 41% dos participantes lêem jornais e revistas diariamente. Já 37% afirmaram ler jornais e revistas semanalmente e 9% lêem mensalmente. Os demais opinaram afirmando que lêem jornais e revistas de vez em quando ou anualmente; 4% nunca realizam este tipo de leitura. A figura 3 demonstra de forma precisa os resultados.

FIG. 3 – Freqüência da leitura efetuada pelos alunos

Freqüência da leitura 41% 37% 9% 4% 4% 2% Diariamente Semanalmente Mensalmente De vez em quando Nunca Anualmente

Fonte: Pesquisa “in loco”

Levando-se em consideração que o setor de periódicos da biblioteca juvenil não é consultado freqüentemente pelos alunos e que a maioria dos sujeitos da pesquisa lê jornais e revistas com freqüência (diariamente e semanalmente), acredita-se na hipótese de que grande parcela dos participantes consulta revistas e jornais fora do ambiente da biblioteca, que sejam destinados a adolescentes e abordem assuntos de interesse de cada um.

Verificou-se que 4% dos sujeitos lêem jornais e revistas de vez em quando, talvez para realizar pesquisas, apresentar trabalhos em grupo ou individual, consultar temas específicos, ou seja, lêem porque é preciso e não por prazer.

Um dado que chamou atenção foi que 4% dos respondentes afirmaram que nunca lêem jornais ou revistas. Isto pode ser conseqüência de uma falta de incentivo ao desenvolvimento do gosto pela leitura, independentemente do tipo de documento. Isto é preocupante, pois sabe-se que o trabalho com leitura de jornais e revistas é bastante interessante e rico para o campo pedagógico, fato que pode ser constatado na análise de Cavalcante.

Foi constatado por 47% dos participantes que a revista utilizada com maior freqüência na biblioteca juvenil é a Veja. Este dado se justifica, provavelmente, por se tratar de uma revista cujos temas são bem gerais, como economia e negócios, medicina, esporte, artes, além de conter notícias nacionais e internacionais, tudo isto apresentado em linguagem de fácil compreensão e resumidamente. Outro fator favorável é que a biblioteca juvenil disponibiliza aos seus usuários esta revista, atualizada semanalmente. Além disso, a “Veja” é uma das revistas de circulação local e cujo preço da assinatura residencial não é elevado.

Outros títulos de revistas foram indicados pelos participantes, como “Isto é”, “Super Interessante”, “Mundo estranho”, “Recreio”, “História viva”. Além das revistas de informática, bastante solicitadas pelos alunos. Grande demanda pelo setor de periódicos está relacionada às revistas deste gênero, nas quais os alunos buscam informações sobre jogos de computador, software, Internet e demais assuntos que englobam esta área. Estas revistas não têm somente o conteúdo como atrativo; normalmente vêm acompanhadas de um CD de instalação de jogos, download de programas etc.

Em relação aos jornais, 29% afirmaram consultar com freqüência o “Diário do Nordeste” e 17% preferem utilizar o jornal “O Povo”. Constatou-se também nos relatos a preferência pelo Buchicho e Zoeira, cadernos que compõem os jornais e que falam sobre curiosidades artísticas, horóscopo, resumo de novelas, programação da televisão. Com base nestes resultados, pode-se inferir que os alunos têm acesso à leitura de jornais em casa, através de assinaturas, ou até mesmo através da Internet. Esta observação deve-se ao fato de que os jornais disponíveis na biblioteca juvenil, “O Povo” e o “Diário do Nordeste”, são pouco acessados pelos alunos do Ensino Fundamental II e os resultados da pesquisa mostram que 46% dos participantes utilizam com freqüência estas fontes de informação.

Verificou-se que alguns participantes lêem revistas e jornais em casa ou em outros locais fora da biblioteca e da escola. Ou seja, é importante ressaltar que a não utilização freqüente do setor de periódicos na biblioteca juvenil não reflete, pelo menos em parte, a falta de leitura dos alunos porque eles têm oportunidade de ler em casa, ou em outro local, as revistas e jornais que lhes interessam, disponibilizados ou não pela biblioteca. Esta análise é reforçada nas falas a seguir:

“Eu utilizo mais livros na biblioteca mas em casa leio mais a revista VEJA.” (Quest. 39)

“O Povo, revista Veja (Eu leio em casa), Zoeira (aqui).” (Quest. 16)

De acordo com os participantes, 45% relataram que são estimulados a ler jornais e revistas porque contêm informação atualizada, ampla e diversificada. Estes dados são confirmados com as seguintes respostas dos sujeitos:

“Porque as pessoas se atualizam mais.” (Quest. 33) “Quero saber das atualidades.” (Quest. 18)

“A gente fica sabendo de notícias importantes do dia-a-dia.” (Quest. 44)

De acordo com os relatos acima, percebe-se que os alunos consideram os periódicos um importante meio de comunicação, que através deles podem se atualizar constantemente e receber informações diárias sobre o cotidiano e fatos importantes.

Já 31% dos sujeitos afirmaram que são estimulados a realizar leituras de periódicos porque amplia os conhecimentos. Este fato também foi observado no pensamento de Caruso e nos relatos dos participantes:

“Podem me atualizar e enriquecer meu conhecimento.” (Quest. 46) “Porque amplia meus conhecimentos.”(Quest. 24)

“São uma fonte de conhecimento.” (Quest. 45)

A partir das citações acima, é possível afirmar que a leitura de jornais e revistas torna o leitor mais capacitado, mais informado, com possibilidades de conhecer uma pluralidade cultural que engrandece, eleva o nível intelectual e enriquece o conhecimento.

Verificou-se que 9% acreditam que a leitura de jornais e revistas fornece auxílio para consolidar a aprendizagem, o que vem confirmar as idéias de Tavares. Diante deste resultado, é possível afirmar que estes alunos têm a percepção de que a leitura de jornais e revistas contribui de forma positiva para melhorar a associação dos temas abordados em sala, estabelecer relações, compreender melhor as disciplinas e aprender mais.

Apenas 2% revelaram que a linguagem dos periódicos é de fácil compreensão, sendo esta a razão principal que estimula esta pequena parcela dos participantes a ler jornais e revistas. Levando em consideração que há ausência de termos complexos nos periódicos, sendo produzidos numa linguagem que possibilita o leitor compreender e apreender o sentido do texto, constata-se que este fato contribui para que alguns alunos sejam estimulados a realizar este tipo de leitura.

De fato, as informações encontradas nos periódicos são bastante amplas e diversificadas. Excelente fonte de informação, revelam acontecimentos, descobertas, notícias atuais sobre diversos campos do saber, quer seja em âmbito local, regional, nacional e/ou mundial. Constituem uma eficiente ferramenta de trabalho e estudo, fornecendo ao leitor uma diversidade cultural que pode ser adquirida por um preço acessível. A leitura que se extrai dos jornais e revistas é rica e abrangente, em que é possível, através de uma linguagem simples e compreensiva, atualizar-se, informar-se e ampliar os conhecimentos.

Com relação aos tipos de informação existentes nos periódicos que despertam maior interesse nos participantes, foram obtidos resultados diversificados. De acordo com os relatos, 21% afirmaram ter interesse por assuntos como política, economia, ciências, tecnologia, história e atualidades. Este resultado pode ser comprovado nas citações a seguir:

“História, atualidades, tecnologia e outros.” (Quest. 38) “Ciências, tecnologia e acontecimentos.” (Quest. 20) “Sobre o sistema solar, principalmente a lua.” (Quest. 14)

Levando-se em consideração que os assuntos citados acima são geralmente encontrados em revistas como a “Veja” e que, anteriormente, esta revista foi citada por 47% dos alunos como a mais consultada na biblioteca juvenil, compreende-se a razão que levou 21% dos participantes a indicarem a política, economia, atualidades, entre outros, como assuntos que despertam interesse.

Verificou-se que 19% dos participantes preferem pesquisar nos periódicos assuntos relacionados a filmes, música, Internet, moda, beleza, horóscopo, testes, curiosidades artísticas, fofocas, etc. Este fato é observado nos textos abaixo e confirma a argumentação de Soares.

“Cinema, filmes, música, alguns livros e Internet.” (Quest. 48) “As fofocas e curiosidades sobre os artistas.” (Quest. 30)

“Testes, beleza, moda, horóscopo, assuntos de adolescente, e com dúvidas.” (Quest. 44)

De fato, alunos que se encontram na faixa etária entre 10 e 15 anos têm um grande interesse por assuntos que são direcionados aos adolescentes, à fase que estão vivenciando, em que se deparam com dúvidas, incertezas, questionamentos. O que fascina o adolescente é o lazer, a diversão, a moda, a curiosidade que pode ser satisfeita nas páginas de uma revista que aborda questões sobre namoro, virgindade, beleza, comportamento, etc.

Outra constatação é que 15% relataram que os assuntos existentes nos jornais e revistas que interessam mais são: fatos internacionais, acontecimentos locais, nacionais e mundiais e fatos do cotidiano, como pode ser confirmado nas falas seguintes:

“Acontecimento da cidade e do mundo.” (Quest. 26)

“Os fatos que ocorrem dia-a-dia na sociedade.” (Quest. 24)

Outros tipos de informações ou assuntos encontrados nos periódicos despertam o interesse de alguns sujeitos da pesquisa. Dentre eles, podem ser citados: química, eletrônica, astronomia, curiosidade animal, saúde, jogos, história em quadrinhos, etc. Esta constatação é reforçada nas citações seguintes:

“Jogos e novas informações.” (Quest. 01)

“Saúde, sociedade e curiosidade animal.” (Quest. 34) “Gosto das histórias em quadrinhos.” (Quest. 19)

As revistas de informática disponíveis na biblioteca juvenil são bastante solicitadas pelos alunos. Nelas, podem ser encontradas informações sobre Internet, programas de computador, sites, jogos. Além disso, vêm acompanhadas de um CD-Rom, com jogos de instalação, download, etc. Os meninos são os que têm maior interesse por este tipo de revistas.

De acordo com os participantes, 76% relataram que a leitura de jornais e revistas possibilita um melhor aprendizado em sala e um melhor desempenho nas provas. Os participantes justificaram suas respostas da seguinte forma:

“Porque lendo os periódicos adquire-se maior conhecimento.” (Quest. 20)

“Com a leitura regular de jornais e revistas os alunos se mantêm mais informados.” (Quest. 26)

“Pois o nível de informação que se recebe de jornais e revistas permite a atualização de todo e qualquer leitor.” (Quest. 32)

De acordo com as citações acima, infere-se que os alunos acreditam que a leitura de periódicos favorece a intelectualidade, torna o leitor mais informado, amplia os conhecimentos, a partir da diversidade cultural existente, da multiplicidade de informações que é possível adquirir, mantendo-o atualizado constantemente.

Alguns alunos afirmaram que a leitura de jornais e revistas possibilita a ampliação do vocabulário, a melhoria da escrita e o bom desempenho nas redações. Fato que pode ser comprovado nas falas a seguir:

“Porque aumenta o vocabulário e ajuda a fazer uma boa redação.” (Quest. 43) “Quem lê, melhora em redação, pois o aluno aprende a escrever com mais concordância verbal e nominal.” (Quest. 48)

“Porque fica mais atualizado sobre as notícias do mundo e aumenta seu vocabulário.” (Quest. 34)

Estas falas mostram claramente a importância que a leitura tem para o aprendizado, uma vez que melhora a redação em função do crescimento do vocabulário, como pode ser observado no pensamento de Caruso. Outro fator importante verificado nas falas é que os participantes conseguem relacionar atualidades com as disciplinas, observando que a leitura de jornais e revistas fornece embasamento para os alunos discutirem assuntos polêmicos e atuais em sala de aula. Esta constatação é evidenciada nos textos abaixo:

“Porque quem conhece a atualidade consegue relacioná-la com os temas abordados em sala.” (Quest. 45)

“Porque você questiona na hora da aula fatos atuais.” (Quest. 25)

Verificou-se que 19% dos participantes não concordaram com o fato de que os alunos que lêem jornais e revistas obtêm um melhor aprendizado em sala e conseguem um melhor desempenho nas avaliações, dado este observado nas citações seguintes:

“Os jornais e revistas não tem assunto que caia nas provas.” (Quest. 29) “Os conteúdos das provas não incluem atualidades.” (Quest. 35)

“Prova é uma coisa, revista é outra.” (Quest. 33)

As falas aqui presentes mostram com exatidão que os alunos não conseguiram estabelecer relação entre os assuntos tratados nos periódicos com os temas abordados em sala. O aluno deve levar para a sala de aula o conhecimento que adquiriu com suas leituras de jornais e revistas, compartilhar, discutir, trocar informações. Este conhecimento adquirido poderá auxiliar nas provas, de forma direta ou não. O professor não fala de temas atuais somente na aula de atualidades. Muitas vezes o aluno não consegue perceber nem associar o

conteúdo específico de cada disciplina com o conteúdo informacional das notícias e fatos cotidianos; no entanto, a interdisciplinaridade é atualmente bastante trabalhada na escola.

Além das análises anteriores, alguns alunos acreditam que os jornais e revistas não têm nenhuma influência, não acrescentam o conhecimento, não modificam o que as pessoas pensam, o que acreditam, etc. Além disso, afirmaram que os periódicos não são educativos, não abordam assuntos culturais e educacionais, como pode ser constatado nas falas abaixo:

“Os jornais e revistas não tem nada educativo.” (Quest. 05)

“Eu acho que jornais e revistas não influenciam em nada.” (Quest. 30)

Estes depoimentos levam-nos a inferir que talvez fosse interessante os redatores procurarem alterar a forma de redação das matérias dos jornais, a fim de que fosse possível atingir os leitores mais jovens, com temas de seu interesse.

Os assuntos existentes nos periódicos são, de certa forma, educativos. Portanto, é importante perceber que obter este tipo de informação influencia não apenas na sala de aula, mas capacita o aluno a embasar suas opiniões, discutir, contrapor idéias, além da oportunidade de conhecer, de obter novos saberes.

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