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2.4.1 Alguns conceitos

Embora seja considerada recente e, por esse motivo, mais difícil de ser conceituada, a denominação governo eletrônico, também conhecida como e- government, e-governo ou simplesmente e-gov, suscita definições variadas por parte de alguns autores.

Segundo Homes (2001), governo eletrônico pode ser expresso como o uso da Tecnologia da Informação, em particular da Internet, que permite tornar disponíveis

serviços públicos orientados ao cliente, com mais comodidade e com um custo compensador.

Siqueira (2004) diz que, num leque mais amplo de aplicações e soluções que pode oferecer, o governo eletrônico se caracteriza pelo uso intensivo das Tecnologias da Informação e da comunicação para racionalizar, simplificar e dar maior confiabilidade a todos os procedimentos que afetam a vida do cidadão e das empresas.

Para Zweers e Planqué (2001), o governo eletrônico objetiva fornecer ou disponibilizar informações, serviços ou produtos, via meio eletrônico, a partir ou através de órgãos públicos, a qualquer momento, local e cidadão, no intuito de agregar valor a todos os envolvidos com a esfera pública.

Já Balutis (1999, p. 2) define governo eletrônico por meio de uma equação: Governo Eletrônico = Comércio Eletrônico + Customer Relationship Management (CRM) + Supply Chain Management (SCM) + Gestão do Conhecimento + Business Intelligence (BI) + Tecnologias Colaborativas

Autores como Lenk e Traunmüllerv (apud JOIA, 2002) analisam o governo eletrônico sob quatro perspectivas, que são:

1. Perspectiva do Cidadão - visando oferecer serviços de utilidade pública ao cidadão contribuinte;

2. Perspectiva de Processos - visando repensar o modus operandi dos processos produtivos existentes no Governo em suas várias esferas, tais como, por exemplo, os processos de licitação para compras (e- procurement);

3. Perspectiva da Cooperação - visando integrar os vários órgãos governamentais, e estes a outras organizações privadas e não- governamentais, de modo que o processo decisório possa ser agilizado, sem perda de qualidade, e que se evitem fragmentação, redundâncias etc., hoje existentes nas relações entre esses vários atores; e

4. Perspectiva da Gestão do Conhecimento - visando permitir ao Governo, em suas várias esferas, criar, gerenciar e disponibilizar em repositórios

adequados o conhecimento tanto gerado quanto acumulado por seus vários órgãos.

Em suma, governo eletrônico pode ser encarado como um novo estilo de gestão, que tem como objetivo principal fazer uso adequado da Tecnologia da Informação disponível para beneficiar a sociedade e possibilitar a melhoria contínua das ações do Estado.

2.4.2 Fases do governo eletrônico

Para que governo e sociedade utilizassem a Web no intuito de estabelecer novas formas de interação, foi necessário identificar e padronizar quatro fases no processo de transição dos governos em direção ao governo eletrônico (KELLER, 2000). Salienta-se que a transição de uma fase para outra sofre influência de fatores diversos, os quais podem ser agrupados em quatro áreas distintas, a saber: estratégias e políticas, pessoas, processos e tecnologia. As fases descritas por Keller (2000) são:

1. Presença. Caracteriza-se pelo estabelecimento da presença do governo na Internet. Neste período, ocorre uma proliferação de websites departamentais, cada qual sendo referenciado por uma URL diferente, oferecendo informações e serviços produzidos por aquele determinado departamento, como endereço e telefone para contato, missão da organização, lista de serviços prestados, entre outros, numa espécie de marketing eletrônico. Para terem acesso àquelas páginas, os usuários da Internet devem conhecer os endereços eletrônicos associados a elas ou fazer uso de sites de busca. Considerando-se que, em média, um governo possui entre 50 a 70 agências ou departamentos diferentes, pode-se ter uma idéia da dificuldade que os cidadãos têm para interagirem eletronicamente com o governo;

2. Interação. Nesta fase, percebe-se já um movimento do governo de colocar alguma ordem no caos que se formou na Internet durante a primeira fase. Notando a dificuldade dos cidadãos em lidar com um universo tão fragmentado, governos criam um site central, a partir do qual

os cidadãos podem conectar-se a qualquer departamento. Os links para outros departamentos de governo são referenciados de acordo com o organograma. Infelizmente, essa abordagem tem o mesmo efeito que a anterior, uma vez que obriga o cidadão a ter conhecimento prévio sobre o departamento ao qual deve reportar-se para ter um certo tipo de serviço prestado;

3. Transação. Esta fase já apresenta inovações significativas, visto que se caracteriza por oferecer ao público a possibilidade de ele completar toda uma tarefa de forma on-line. Em vez de organizar suas páginas por departamento, os serviços são agregados num portal único, que, para o governo, é, geralmente, o principal site governamental na Web; e

4. Transformação. Nesta fase, far-se-á uso da Internet, das telecomunicações e de outras tecnologias avançadas para otimizar continuamente a prestação de serviços, a participação dos cidadãos e a governança. Essas tecnologias permitirão ao governo transformar os quatro tipos de relacionamentos que são vitais para seu trabalho: o G2C (Government to Constituent – Governo e Cidadão), o G2B (Government to Business – Governo e Setor Privado), o G2G (Government to Government - Governo e outros órgãos do Governo) e o G2E (Government to Employee – Governo e o Servidor Público).

2.4.3 Governo eletrônico no Brasil

De acordo com Darelli (2002), os programas de e-gov são vários, e cada país assume características próprias. Ele menciona que, nos países nórdicos europeus, a idéia de e-gov já se estabelecia nos idos de 1986.

Segundo Pacheco (2003), principalmente a partir da década de 90, a demanda por informações e por serviços públicos, aliada à propagação dos meios de Tecnologia da Informação, levou governos a investirem recursos de forma progressiva na construção de portais públicos temáticos ou integrados. O autor diz que o Brasil destaca-se por ser um dos países com maior dinamismo na área de e- gov entre o bloco das nações em desenvolvimento, visto que o governo brasileiro

vem priorizando a assimilação das novas Tecnologia da Informaçãoaos seus processos administrativos e à prestação de serviços ao cidadão.

Para Almeida (2002), alguns dos serviços mais importantes disponibilizados ao cidadão por meio da Internet podem ser elencados:

§ entrega de declarações do Imposto de Renda; § emissão de certidões de pagamentos de impostos; § divulgação de editais de compras governamentais; § cadastramento de fornecedores governamentais; § matrícula escolar no ensino básico;

§ acompanhamento de processos judiciais;

§ acesso a indicadores econômicos e sociais e a dados dos censos;

§ prestação de serviços e informações sobre aposentadorias e benefícios da Previdência Social;

§ programas de ensino a distância;

§ envio de mensagens pelos correios, por meio de quiosques públicos; e § informações sobre programas do Governo Federal.

Almeida (2002) menciona que, no intuito de ampliar o acesso da população aos benefícios da Tecnologia da Informação, o governo brasileiro deu prioridade à formulação de uma política de TI e comunicação voltada para a administração pública, baseada no pressuposto da sua atuação como organização, integrada, eficiente e transparente, graças à utilização intensiva das novas formas eletrônicas de interação.

Pacheco (2003) propôs uma arquitetura de governo eletrônico e uma metodologia elaborada e aplicada em projeto desenvolvido para o governo brasileiro, e, mais recentemente, eleita como base para a formação de rede internacional de intercâmbio de informações e de conhecimento entre agências de governo. Essa arquitetura é baseada na padronização de unidades de informação e sistemas de informação flexíveis e dinâmicos aos requisitos dos diferentes atores que interagem com os sistemas eletrônicos do governo. O Capítulo 4 desta dissertação apresenta

com mais detalhes a arquitetura proposta por Pacheco (2003), a qual foi tomada como referência para contextualizar as aplicações resultantes da pesquisa.

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