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A política educacional do Governo Collor foi centrada em medidas de expansão da rede escolar, adequação curricular e fomento aos programas de apoio aos alunos do Ensino Fundamental, haja vista o Ensino Fundamental apresentar baixas taxas de conclusão e altas taxas de repetência e evasão (SANTOS, 2010).

O Governo Federal descentralizou a execução das políticas, repassou recursos e ampliou a autonomia dos estados e municípios, validando pressupostos econômicos como a racionalidade no processo de gasto, destacado para legitimar a conveniência de descentralizar as políticas públicas: eficiência na prestação dos serviços, transparência na administração e otimização dos recursos (MENEZES, 2000).

Para operacionalizar a política educacional, foram realizados programas e projetos com objetivos de executar tarefas complexas em curto espaço de tempo: acabar com o analfabetismo, colocar todas as crianças na escola em tempo integral e criar escolas públicas pelo País inteiro para acabar com a defasagem de vagas na escola pública.

3.2.1 PROGRAMA MINHA GENTE

O Programa Minha Gente criou um conjunto de diretrizes político-administrativas voltadas para as necessidades mais fundamentais da população, concentrando atenção no campo social, particularmente no que se refere às crianças e aos adolescentes em virtude do objetivo básico ser o de desenvolver ações integradas de educação, saúde, assistência e promoção social, relativas à criança e ao adolescente. Consistia na construção de conjunto formado por uma creche, uma escola de 1º grau, uma lavanderia e um lar para idosos.

No âmbito educacional, a construção dos Centros Integrados de Atendimento à Criança (CIACS), cujo funcionamento seria em tempo integral, visava diminuir o déficit educacional e evitar o trabalho infantil. Os altos custos e o abandono da rede de ensino restante, entretanto, ocasionaram críticas ao Programa. Nesta linha, segue Palma Filho (2005, p. 55): ―[...] eram vitrines políticas, pois a custa de muita propaganda nos meios de comunicação convenciam a população de que eram a solução na direção da melhor qualidade da educação pública‖.

Para o modelo de gestão ser viabilizado, era indicado os processos que estabeleciam diferentes níveis de responsabilidade, bem como o caráter das relações entre as instâncias envolvidas (governos federal, estadual e municipal, bem como instituições comunitárias). São dois os níveis estipulados: um central, representado pelo Governo Federal, a quem cabem às funções de promoção/coordenação do Programa, e outro local, representado pelos governos estaduais e municipais e pelas organizações comunitárias, a quem cabem às funções de incorporação e de execução, em articulação com a comunidade e sob orientação do Governo Federal.

A falta de uma proposta pedagógica mais moderna e inovadora era mote para críticas em relação ao valor investido em propaganda e assim, o Programa foi descontinuado.

3.2.2 PROGRAMA SETORIAL DE AÇÃO DO GOVERNO COLLOR NA ÁREA DE EDUCAÇÃO

Este Programa utilizava uma abordagem qualitativa para definir os problemas do setor educacional. Neste Programa são inseridos princípios da equidade, eficiência e

competitividade. Foi identificado pelo Programa que, o problema central da educação brasileira era a baixa qualidade do ensino, que ocasionava repetência e evasão escolar. E que ações na área deveriam ser compartilhadas com igual nível de responsabilidade entre o poder público, sociedade e setor privado, indo ao encontro do neoliberalismo, como uma forma de maior integração e articulação com o empresariado.

França (2004, p. 3) discorre sobre este paradigma:

[...] enquanto se discutia a redemocratização e o novo paradigma sobre a gestão educacional, o discurso governamental e documentos de entidades empresariais enfatizam a necessidade de novos padrões de gestão educacional com qualidade, traduzidos pela descentralização, participação, privatização e parcerias.

O Programa adotava ações que objetivavam ofertar ao aluno as condições para que o mesmo permanecesse frequentando a escola, tais como: gratuidade e obrigatoriedade do Ensino Fundamental para todos, inclusive daqueles que não tiveram acesso na idade correta; a extensão progressiva da gratuidade ao Ensino Médio, o atendimento de crianças de zero a seis anos de idade em creches e pré-escolas, a oferta de ensino noturno regular e o atendimento educacional apropriado aos portadores de necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.

A educação era considerada elemento necessário à reestruturação competitiva da economia, embora a presença do Estado fosse considerada fundamental, e a oferta da educação fosse adequada à demanda da população e às necessidades econômicas do País.

A gestão do Programa era descentralizada como um direcionamento orçamentário para os estados e municípios e efetivada por meio de sistemáticas para financiamento da educação. Este último com maior relevo e que se apresentava como um contraponto, conforme afirmação de Castro e Menezes (2003, p. 10): ―No Governo Collor, estes documentos são ainda mais importantes, pois são uma ―contraprova‖ que coloca o rompimento com as tradicionais práticas políticas brasileiras e o apelo à modernização da administração pública‖.

Os níveis de responsabilidade do poder público, na gestão educacional, explicitavam as competências da União, dos estados e municípios, com ênfase no princípio de descentralização. A utilização dos recursos públicos e as ações implementadas na política educacional seriam avaliadas com a contribuição e controle das três esferas federais.

Os resultados deste Programa foram poucos, uma vez que, segundo Castro e Menezes (2003) a política educacional fora paradigmática, no que se refere à publicização das iniciativas e número de ações executas. Nesta linha, Vieira (1998, p. 58) assevera:

Na verdade, como síntese, pode-se dizer que, em matéria de política educacional, [...] há muito discurso e pouca ação. O Governo concebe projetos de grande visibilidade. [...] tais iniciativas não chegam a traduzir-se em mudanças na educação, na medida em que não correspondem a um efetivo comprometimento governamental com os objetivos propostos.

As causas destes resultados foram às disparidades no desenvolvimento socioeconômico e os problemas do padrão pouco equitativo de financiamento da educação (EVANGELISTA, 2011), que derivam para desigualdades educacionais no Brasil em relação a todas as etapas da educação. Indicadores como taxas de analfabetismo, atendimento e de escolarização demonstram que o País continuava a apresentar elevada exclusão educacional, com destaque para as regiões Norte e Nordeste.

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