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4 REVISÃO DE LITERATURA

4.3.2 Grão de soja

A soja é um grão rico em proteínas, cultivado em todo mundo como fonte de alimento para humanos e animais, e pertence à família Fabaceae (leguminosa). Destaca-se

entre os alimentos proteicos de origem vegetal como fonte alternativa de proteína e energia, sendo considerada semente de oleaginosa mais disponível no mundo, podendo ser usada na alimentação dos ruminantes na sua forma original (crua) ou processada (CORRÊA, 2007). Considera-se que resultados obtidos com grão de soja cru (moído grosseiramente, peletizado ou macerado) são iguais ou melhores quando comparados aos de processos de aquecimento, extrusão ou esfarelamento (EARLEYWINE, 1989 falta referência). Quanto ao custo, isso poderia acarretar vantagem econômica, pois em regiões produtoras brasileiras, na maioria das vezes, o preço do grão de soja é menor que o do farelo de soja.

Entre as características nutritivas da soja integral importantes na nutrição de ruminantes destaca-se a grande quantidade de proteína degradável no rúmen (PDR), que pode ser convertida em proteína não degradada no rúmen (PNDR) por meio de tratamento térmico, e ao seu elevado teor de energia devido ao teor de extrato etéreo. As sementes de oleaginosas se destacam por apresentar alto conteúdo de ácidos graxos poli-insaturados. O ácido linoléico (C18:2) predomina nas fontes mais comuns, sendo que a soja apresenta maiores concentrações de ácido linoléico (C18:2) (DHIMAN et al., 2005).

Uma das vantagens do grão de soja integral como fonte lipídica para ruminantes é a lenta liberação de lipídios no rúmen, onde a capacidade de hidrogenação da microbiota ruminal não é excedida, impedindo possível redução na degradação da fibra pelo efeito negativo que ácidos graxos insaturados podem causar nas bactérias fibrolíticas (COPPOCK; WILKS, 1991; PALMQUIST, 1991). Isso ocorre em sementes de oleaginosas porque a maioria dos lipídios encontra-se no germe e, portanto, há necessidade da degradação da parede celular para que a hidrólise se inicie.

Schauff et al. (1992) avaliaram a inclusão de grão de soja cru na dieta de vacas lactantes, na proporção de 15 a 20% na matéria seca total, e verificaram que em quantidades menores que 16% da matéria seca da dieta de soja crua fornecida, não foram observados efeitos negativos sobre a fermentação ruminal.

Freitas Júnior et al. (2010) avaliaram a utilização de diferentes fontes de gordura para vacas leiteiras. Neste estudo foram avaliadas a dieta controle e três fontes de gordura, sendo mantido similar nível de extrato etéreo na matéria seca das dietas com gordura (aproximadamente 5,0%): óleo de soja, grão de soja e sais de cálcio de ácidos graxos insaturados. O nível de inclusão do óleo de soja e dos sais de cálcio foi de 3%, enquanto que do grão de soja integral foi de 16% da MS, e o volumoso utilizado foi a silagem de milho na

relação volumoso/concentrado de 60/40. Estes autores observaram menor consumo de matéria seca para os animais submetidos às rações contendo fontes de gordura, em relação à dieta controle. O consumo de extrato etéreo, como era de se esperar, foi superior para os animais submetidos às dietas com fontes de gordura. Não houve efeito das fontes de gorduras nas rações sobre a produção de leite com e sem correção, produção de gordura, lactose e nos teores de proteína e lactose.

Barletta et al. (2012) avaliaram a inclusão de diferentes níveis de grão de soja cru e integral ( 0, 8, 16 e 24% na MS total da dieta) na dieta de vacas leiteiras no terço inicial de lactação com média de produção de 31,21 kg/dia. Os autores não observaram efeitos sobre a produção de leite, teores de proteína, lactose, observando uma tendência no aumento dos teores de gordura para as dietas suplementadas com grão de soja.

Quando Barletta et al. (2012) avaliaram o consumo de matéria seca, somente observaram diminuição do consumo da dieta com inclusão de 24% de grão de soja,não sendo observardo sobre a digestibilidade da matéria seca. No presente estudo os autores recomendam o uso da inclusão 16% de grão de soja cru e integral na dieta de vacas leiteiras, com média de 30 kg/dia, com silagem de milho como volumosa base.

Naves (2010) trabalhou com vacas leiteiras no terço médio de lactação com média de produção de 30,0 kg/dia, utilizando 20% de inclusão de grão de soja cru nas rações com diferentes tipos de moagem, sendo controle (sem adição de grão de soja), grão de soja cru e integral e grão de soja moído em peneira de 2 e 4mm. Neste estudo não foram observadas diferenças no consumo e digestibilidade da matéria seca, produção e composição de leite, fermentação ruminal e síntese de proteína microbiana entre a dieta com grão cru e integral e as demais com o grão moído.

Venturelli et al. (2011), suplementaram vacas leiteiras no final de lactação com média de produção de 23,0 kg/dia com altos níveis de grão de soja cru e integral (0, 9, 18 e 27 % na MS das dietas). Houve efeito linear crescente para o teor de gordura no leite (3,59; 3,95; 4,07; 4,20 %). Não houve efeito da inclusão do grão de soja para a produção de leite corrigida, produção de gordura, escore de condição corporal e eficiência produtiva.

A utilização de grão de soja cru e integral em vacas leiteiras mostra-se como uma alternativa viável para ser usada em todo o período de lactação, para vacas de alta, média e

baixa produção de leite, sendo, contudo necessário a inclusão dos níveis corretos de acordo com a fase de lactação, nível de produção e volumoso base.

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