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2 PERCEPÇÕES, ANÁLISES E REFLEXÕES SOBRE A GESTÃO

2.2 CDE: A efetividade do modelo administrativo gerencial nas unidades

2.2.4 Grêmios estudantis

A gestão democrática numa instituição de ensino requer participação de todos os segmentos escolares e a existência de grêmios estudantis amplia a possibilidade de representação e participação dos alunos na gestão escolar, afirmando o que está posto na Lei 8069, de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, especificamente no Artigo 52, inciso IV , que garante o direito dos alunos de se organizarem e participarem de entidades estudantis.

Entrevistou-se uma aluna, sendo esta representante de sala, e um aluno de outra escola que já foi representante do grêmio estudantil de sua escola.

O objetivo era conhecer qual a percepção dos alunos sobre a CDE no que se refere aos efeitos da gestão democrática nas escolas. Perguntou-se aos alunos o que entendiam gestão democrática e obteve-se a seguinte resposta da aluno “A” :

a escola faz um papel importante, além de nos proporciona a educação, nos forma para o mercado de trabalho além de nos instruir a participar de projetos sociais começando pela nossa própria comunidade onde nossa escola se encontra. (Aluno A, entrevista concedida em 14.04.2015).

A mesma pergunta foi feita ao aluno “B” e obteve-se a seguinte resposta:

[...]é quando existe uma gestão democrática numa escola. O que ocorre é que a escola passa a ser uma escola democrática. Em que sentido.? os alunos passam a ter uma certa liberdade mas uma liberdade de ordem,(...). A gestão democrática é você dá autonomia aos alunos para eles se organizarem politicamente em torno de grêmio estudantil, em torno de conselhos, entorno de representante de sala, é você poder da oportunidade dos alunos elegerem seus representantes, é você pode da oportunidade dos alunos elegerem o grêmio estudantil, é você da aos alunos uma autonomia politica, mas no mesmo tempo com regras severas para não abalar a ordem acadêmica escola da escol, é isso que eu entendo por gestão democrática. (Aluno B, entrevista concedida em 23.04.2015).

Evidencia-se que ao discorrer sobre o entendimento sobre gestão democrática a existência do grêmio aparece ao lado do conselho escolar, isto é aparece como caminho de participação e democratização da gestão escolar de forma organizada e cooperativa com intento de melhorar a escola. Com efeito, a construção de um caminho democrático se dá quando se abrem os canais de comunicação com todos os segmentos da escola tendo em vista que a disposição da escola sob

[...] a Gestão Democrática que implica em espaços de participação de todos os segmentos da comunidade e, em especial, o grêmio estudantil deve contribuir para a formação da cidadania, dando oportunidade a estes experienciar vivências democráticas que possam se constituir num aprendizado democrático mais amplo. (PAVÃO; CARBELO, 2010, p.14).

As concepções dos alunos entrevistados que são representantes de turmas de suas referidas escolas não se direcionam para o caminho da oposição à gestão da adversidade, pelo contrário tomam o grêmio como forma de participação, de gestão abrindo os caminhos do diálogo.

Tomando a segunda questão que trata sobre as atribuições do grêmio estudantil, obtivemos a seguinte resposta do aluno B que já foi integrante de GE:

representar os alunos da escola, defender os interesses dos alunos perante a diretoria do colégio; representar os alunos politicamente; organizar eventos educacionais, culturais, sociais literários e intelectuais na escola. (Aluno B, entrevista concedida em 23.04.2015).

A ideia de soma, de união entre alunos e escola, é percebida também quando respondendo a mesma questão acima, o aluno A diz: “é um grupo de alunos que se unem com a coordenadoria da escola que se juntam para melhorar o desenvolvimento da escola”( Aluno A, entrevista realizada em 14.04.2014).

Analisando as falas, se percebe que os alunos partem do princípio da representatividade dos discentes no intento de melhorar a escola, através de ações políticas, educacionais e socioculturais. Por conseguinte, essa participação dos alunos através dos GE, pode ser vista como uma forma de democratização da gestão da escola e tornando-a

um espaço pedagógico atraente e desafiador para os jovens, de modo a favorecer seu progresso intelectual, social e afetivo, e, ainda um espaço democrático, confiável e culturalmente rico para pais e para a comunidade, com vistas a um intercâmbio fecundo entre a escola e o seu entorno. (FERRETTI; ZIBAS; TARTUCE, 2004, p. 2).

O GE é um canal de comunicação entre o estudante e a escola, que possibilita a integração do segmento estudantil na gestão escolar, permitindo aos estudantes o seu papel protagonista na gestão da escola.

Na contramão da tamanha importância do GE, destacamos o fato de que nas escolas da CDE6 não há registros de nenhum funcionando e apenas na

observa uma fissura no canal da democracia participativa entre CDEs e os alunos.

O gráfico 1 posto a seguir permite a visualização de escolas das CDE e a quantidade de GE existentes o que nos permite concluir que de 61 (sessenta e uma) escolas apenas 12 (doze) possuem agremiações estudantis e todas estão situadas apenas na CDE 7.

Gráfico 1: Quantidade de escolas que possuem GE nas Coordenadorias Distritais 6 e 7

Fonte: Elaboração própria.

Partindo do pressuposto de que os Grêmios Estudantis(GE) são instrumentos importantes para garantir a participação da comunidade escolar e dos atores envolvidos no cotidiano da escola, podemos afirmar que existem motivos para preocupação quando observamos os números retratados pelo gráfico 1. O baixo índice de escolas com GE é sinal de que existe uma reduzida possibilidade de participação do segmento estudantil nos rumos das escolas pois de acordo com Paraná(...) os mesmos devem favorecer a vontade coletiva de seus pares e promover a ampliação da democracia, desenvolvendo a consciência crítica dos mesmos”.