2.14 Acoplamento Magnético
2.14.4. Polaridade de Bobinas
3.1.1.5 Grandezas variáveis em função do escorregamento
a) Freqüência da FEM induzida no rotor
Sabemos que a equação da freqüência da FEM induzida no estator é dada pela equação:
120
.
1 sn
p
f
=
(eq.3)Onde a freqüência da FEM induzida depende diretamente da velocidade do campo girante do estator.
Na partida, o campo do estator corta as barras do rotor na velocidade síncrona, pois o rotor ainda está parado, mas à medida que o rotor começa a ganhar velocidade vai diminuindo a diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade do rotor, de modo que, o campo do estator corte as barras do rotor com uma rotação cada vez menor até chegar à condição de regime permanente, situação em que as velocidades são praticamente iguais.
Portanto, no rotor, a freqüência da FEM induzida também é dependente da velocidade, porém a velocidade neste caso é a velocidade relativa e não a velocidade física do rotor:
120
.
.
2 sn
s
p
f
=
(eq.4)Se substituirmos e eq.3 na eq.4, teremos:
p
f
x
s
p
f
1 2120
120
.
=
(eq.5)Fazendo as devidas reduções na eq.5, obtém-se:
1 2
s.f
1
f
= freqüência da FEM induzida no rotor (em Hertz);s
= escorregamento, em fração decimal da velocidade síncrona.Em última análise, a freqüência da FEM rotórica varia de acordo com as seguintes condições de operação:
Partida do motor (s=1):
1 2
f
f
=
Motor em reg. permanente (0 < s ≤ 1):
1 2
s.f
f
=
Motor em sincronismo (s=0):0
2=
f
Curva freqüência rotórica x escorregamento
n=ns n=0
s=1 s=0 f2
f1
Figura 3.5A – Freqüência das FEMs rotóricas x escorregamento
b) FEM induzida no rotor
A equação fundamental da FEM por fase num enrolamento trifásico é dada por:
2 2 2
2
4,44.N
.
.f
.k
eE
=
φ
(eq.7)Onde:
E
2 = FEM eficaz por fase do rotor (em Volt);2
N
= número de espiras em série por fase;φ
= fluxo resultante por pólo (em Weber);2
f
= freqüência do rotor (em Hertz);2
e
Como a freqüência rotórica é dada por:
f
2=s.f
1, então a FEM induzida no rotor depende diretamente da freqüência rotórica e consequentemente do escorregamento:2 1 2
2
4,44.N
.
.s.f
.k
eE
=
φ
(eq.8)Com o rotor bloqueado (s=1), a FEM induzida no rotor será máxima e pode ser chamada de FEM de rotor bloqueado: 2 1 2 2RB
4,44.N
.
.f
.k
eE
=
φ
(eq.9)Substituindo a eq.9 na eq.8, tem-se:
RB
E
s
E
2=
.
2 (eq.10)Sendo assim, a mesma análise feita para a freqüência, também pode ser feita para a FEM induzida no rotor:
Partida do motor (s=1):
RB
E
E
2=
2Motor em reg. permanente (0 < s ≤ 1):
RB
E
s
E
2=
.
2 Motor em sincronismo (s=0):0
2=
E
Curva FEM rotórica x escorregamento
n=ns n=0
E2 E2RB
c) Impedância e fator de potência rotóricos
As barras do rotor apresentam uma impedância característica que pode ser representada vetorialmente na figura 3.6, mostrada ao lado.
Por este diagrama vetorial é possível definirmos o módulo da impedância:
2 2 2
R
X
Z
=
+
(eq.11)Sabemos que a resistência é sempre um valor constante, desconsiderando é claro, as pequenas variações que possam ocorrer em função do aumento de temperatura.
X2
Z2
R2
ϕ2
Figura 3.6 – Diagrama vetorial da impedância rotórica.
Porém, a reatância é variável em função da freqüência e da indutância dos enrolamentos, de acordo com a equação abaixo:
2 2 2
2.
.f
.L
X
=
π
(eq.12)Lembrando que a freqüência rotórica é dada por:
f
2=s.f
1, então a reatância rotórica também depende do escorregamento:2 1 2
2.
.s.f
.L
X
=
π
(eq.13)Com o rotor bloqueado (s=1), a reatância no rotor será máxima e pode ser chamada de reatância de rotor bloqueado:
2 1 2
2.
.f
.L
X
RB=
π
(eq.14)Substituindo a eq.14 na eq.13, tem-se:
RB
X
s
X
2=
.
2 (eq.15)Sendo assim, a mesma análise feita para a FEM e para freqüência, também pode ser feita para a reatância no rotor:
Partida do motor (s=1):
RB
X
X
2=
2Motor em reg. permanente (0 < s ≤ 1):
RB
X
s
X
2=
.
2 Motor em sincronismo (s=0):0
2=
X
Considerando que o motor é de baixa resistência (maioria dos motores de indução), então a impedância no rotor sofre influências somente por parte da reatância rotórica.
Concluímos então, que na partida a impedância é alta devido à alta reatância e em regime permanente a impedância é baixíssima, aproximando-se de zero, pois o escorregamento em regime permanente é quase nulo.
Com relação ao fator de potência, faremos uma análise baseado na figura 3.7, mostrada abaixo:
X2 Z2 R2 ϕ2
X
2Z
2R
2ϕ
23.7a – Fator de potência na partida do motor. 3.7b – Fator de potência do motor em regime permanente.
Figura 3.7 – Diagrama vetorial da impedância rotórica.
Analisando a Fig.3.7a, percebemos que na partida, a reatância é alta isto acarreta num aumento do ângulo de defasagem entre a FEM e a corrente rotórica (ângulo ϕ2). Portanto o fator de potência
(cosϕ2) do motor de indução é baixo na partida.
Analisando a Fig.3.7b, percebemos que em regime permanente, a reatância é baixa (quase nula), isto acarreta numa redução do ângulo de defasagem entre a FEM e a corrente rotórica (ângulo ϕ2). Portanto o fator de potência (cosϕ2) do motor de indução é alto em regime permanente.
Fator de potência rotórico x escorregamento
fp
21,0
0,0
s=0
s=1
Figura 3.8 – Curva do Fator de potência rotórico em função do escorregamento
d) Corrente rotórica
A corrente rotórica é dada pela razão entre a FEM induzida e a impedância do rotor, conforme mostra a equação abaixo:
2 2 2
Z
E
I
=
(eq.16)Na partida do motor (s=1), a FEM induzida é máxima (eq.9), portanto se considerarmos que a resistência rotórica é baixa, como ocorre na maioria dos motores de indução, então a impedância será aproximadamente igual à reatância de rotor bloqueado (eq.14). Neste caso, como a FEM e a impedância do rotor aumentam proporcionalmente com o escorregamento, então podemos considerar que a corrente na partida é constante e não depende do escorregamento, conforme é demonstrado na equação abaixo: RB RB RB
I
X
s
E
s
X
E
Z
E
I
2 2 2 2 2 2 2 2.
.
≅
≅
≅
=
(eq.17)Em regime permanente (s≅0), a FEM e a reatância no rotor são quase nulas devido ao baixo escorregamento, de modo que, a reatância torna-se desprezível em relação à resistência. Assim sendo, podemos considerar a impedância igual à resistência rotórica e a corrente no rotor em regime permanente será dependente do escorregamento nominal.
2 2 2 2 2
.
R
E
s
Z
E
I
=
=
(eq.18)Corrente rotórica x escorregamento
n=0
n=ns
s=1
s=0
I
2RBI
2Figura 3.9 – Curva da corrente rotórica em função do escorregamento
e) Torque nas barras do rotor
Como já foi visto na Fig.3.3, para determinarmos o sentido das FEMs, das correntes induzidas e das forças nas barras do rotor, devemos primeiramente conhecer o sentido do campo magnético girante do estator e o sentido de rotação em que o motor está operando.
Sendo assim, inicialmente utiliza-se a regra de Fleming da mão direita e determina-se o sentido das FEMs. Não devemos esquecer que a “velocidade relativa” dos condutores se opõe ao sentido de rotação do motor.
Para determinarmos o sentido da corrente, é necessário tomar a FEM máxima como referência e conhecer o fator de potência do motor naquele instante.
Vimos anteriormente que na partida o fator de potência é baixo, apresentando portanto um grande ângulo de defasagem entre a FEM e a corrente nos condutores, conforme foi demonstrado na Fig.3.7a.
Nos motores de baixa resistência este ângulo de defasagem entre a FEM e a corrente no rotor no momento da partida vale aproximadamente 75° E. Devemos contar este ângulo a partir do ponto onde a FEM é máxima, em sentido oposto ao sentido de rotação do campo (pois a corrente está em atraso)
simétrica a corrente nas barras do rotor, levando sempre em conta que a quantidade de correntes induzidas é a mesma de FEMs induzidas.
Tendo o sentido do campo e o sentido das correntes nos condutores basta utilizarmos a regra de Fleming da mão esquerda para determinar o sentido das forças mecânicas nas barras do rotor.
Produção de torque na partida
Figura 3.10 – Demonstração do sentido das FEMs, correntes induzidas e forças mecânicas nos condutores
Analisando a Fig.3.10, mostrada acima, verifica-se que muitas forças cancelam-se por possuírem o mesmo módulo, a mesma direção e sentidos opostos. Como a maioria das forças nas barras do rotor se cancelam na partida, restam apenas as forças nas barras 1 e 24, 12 e 13 que serão responsáveis pela produção do torque de partida do motor.
Neste caso, conclui-se que o torque de partida do motor de indução de baixa resistência é baixo, apesar da corrente de partida ser alta, pois muitas forças cancelam-se devido ao grande ângulo de defasagem entre as FEMs e as correntes no rotor durante a partida.
Em regime permanente este ângulo de defasagem diminui, aproximando-se de zero, conforme foi demonstrado na Fig.3.7b, fazendo com que praticamente não ocorra o cancelamento de forças no rotor, aumentando o torque do motor, em regime permanente. Nesta condição, o pequeno ângulo de defasagem também pode ser caracterizado pelo alto fator de potência.
Vimos então que o torque nos motores de indução além de dependerem do valor do fluxo dos pólos e da corrente no rotor, depende também do fator de potência do motor, que varia de acordo com o seu regime de funcionamento.
Portanto, o torque nos motores de indução é dado pela equação: 2 2 2
.φ.I
.cosφ
K
T
M=
(eq.19)Onde:
T
M = torque do motor (em Newton.metro);2
K
= constante do motor;
φ
= fluxo resultante do campo girante (em Weber);2
I
= corrente no rotor (em Ampère);2
cosϕ
= fator de potência rotórico.Analisando a eq.19, chegamos as seguintes conclusões:
Partida: A corrente induzida no rotor é alta, porém o fator de potência é baixo, fazendo com que o torque de partida seja baixo.
Período transitório: Na medida em que o rotor começa a ganhar velocidade, a FEM induzida diminui e a impedância torna-se praticamente igual à resistência, de modo que a corrente fica dependente do escorregamento. Portanto esta vai reduzindo na medida em que a velocidade do motor vai aumentando.
Com o fator de potência ocorre o oposto, pois na partida este é baixo e tende a aumentar na medida em que motor aumenta de velocidade.
A diferença é que o fator de potência aumenta mais rapidamente do que a corrente decresce, ou em outras palavras, a corrente diminui mais lentamente do que o aumento do fator de potência, até chegar o ponto onde ocorre o torque máximo.
Regime permanente: Depois do torque do motor atingir o seu valor máximo, a curva de torque tende cair quase que linearmente numa reta descendente, pois o fator de potência atinge a estabilidade, e o torque fica dependente somente da corrente. A corrente induzida vai diminuindo em função do escorregamento, na medida em que a velocidade vai aumentando, até chegar ao ponto, em que a curva de torque do motor iguala-se a curva de torque resistente da carga, pois neste ponto a velocidade estabiliza.Caso não houver carga no eixo do motor, o torque do motor é praticamente nulo. Baseado nestas análises podemos então demonstrar a curva que expressa as características de troque versus velocidade de um motor de indução trifásico.
Curva típica torque x velocidade de um MIT TR T/Tn 1,0 2,0 n=0 nn n=ns n s=1 s=0 TM
Figura 3.11 – Demonstração da curva de torque de um MIT