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Ao intervir no património é também imprescindível, ter em conta os diferentes graus de intervenção, que dependem do nível de impacto que o arquiteto quer ter quando intervém no edifício. Sendo possível, ter vários graus aplicados no mesmo edifício (Orbasli, 2008).

De acordo com Stubbs (2009), cada nível desta escala contém em si implicações cada vez mais complexas: quanto maior for o grau de intervenção, maior é o risco de perda de autenticidade e de irreversibilidade.

Os graus de intervenção são, um nível de uma escala operativa, que parte de ações menos invasivas e de menor impacto, até ações profundas:

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CONSERVAÇÃO

A Carta de Cracóvia de 2000 refere que conservação: “é o conjunto das atitudes de uma comunidade que contribuem para perpetuar o património e os seus monumentos. A conservação do património construído é realizada, quer no respeito pelo significado da sua identidade, quer no reconhecimento dos valores que lhe estão associados” (Lopes & Correia, 2014, p.361).

González-Varas (2005) define como as intervenções cuja finalidade é prolongar e manter o maior tempo possível os materiais, de que está constituído o objeto e identifica duas formas de atuação. A conservação ‘preventiva’ ou ‘indireta’, isto é, ações que não atuam diretamente na estrutura física do edifício por via de análises dos fatores de deterioração, do controle das condições ambientais adjacentes, da intervenção sobre o ambiente e a intervenção ‘direta’ de conservação que recai sobre a estrutura física do objeto, mediante a consolidação e reparações da sua estrutura material. Segundo o mesmo autor, o termo conservação complementa-se com os termos ‘manutenção’ e ‘consolidação’.

PRESERVAÇÃO

Feilden e Jokilehto (1998) referem que preservação pretende tomar as medidas necessárias para manter o objeto no seu estado atual, acrescentando que as medidas de preservação devem incluir inspeções regulares e manutenção cíclica e de rotina. Isso implica que os reparos devem ser realizados conforme necessário, para garantir a integridade dos recursos.

Na prática, isto significa que os danos e deterioração [tal como a causada por água, produtos químicos, insetos, roedores ou outras pragas, plantas e microrganismos] devem ser interrompidos e invertidos quando detetados.

Segundo González-Varas (2005), a preservação é utilizada de modo similar à conservação no sentido estrito, apesar de incidir mais sobre o aspeto preventivo da mesma, enquanto defesa, salvaguarda e articulação de medidas prévias de prevenção, face a possíveis danos ou perigos.

MANUTENÇÃO

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principais procedimentos para se levar a cabo numa obra de conservação, sendo recomendado por todas as cartas e documentos internacionais pois possibilita atrasar ou evitar as intervenções diretas sobre o objeto. Segundo Correia, “deve ser realizada regularmente” (Correia, 2009, p.100) e planeada para se evitar que mais tarde se tenha de proceder a reparos mais danosos e, consequentemente, a gastos adicionais, sendo que deve ser planeada de modo a evitar a reparação, a qual envolve restauro ou reconstrução.

RESTAURO

Gonzalez-Varas (2005, p.546) refere que “emprega-se o vocábulo ‘restauro’ para designar as operações de ‘intervenção direta’ sobre uma obra de arte, cuja finalidade é a restituição ou melhora a legibilidade da sua imagem e o restabelecimento da sua unidade”. Isto é, para um bem patrimonial que se encontra deteriorado pelo passar do tempo, para que continue a existir, é possível uma intervenção de restauro, desde que não ocorram alterações ou falsificações da sua natureza documental.

Correia (2009), expõe que restauro implica reviver o conceito original de leitura do objeto, o que significa a reintegração de elementos procurando o respeito pelo material original. Este é possível, por meio de evidências arqueológicas, documentais ou desenho original, como igualmente, pela reintegração de detalhes ou partes.

RECUPERAÇÃO

Gonzalez-Varas (2005) menciona que recuperação significa a reaquisição e revalorização de um bem cultural que se encontra temporariamente abandonado, degradado ou privado da sua funcionalidade. Deste modo, aponta os métodos que possibilitam que o objeto histórico, nascido em outro contexto, satisfaça as necessidades contemporâneas mediante a sua reutilização.

Correia (2007) acrescenta que, em sentido lato, o termo recuperação pode ser considerado sinónimo de reabilitação.

REABILITAÇÃO

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melhorias físicas que são necessárias, de modo a proporcionar uma utilização adequada para uma estrutura vazia ou utilizada de forma inadequada. Os mesmos autores acrescentam ainda que este grau de intervenção “deve sempre envolver uma utilização mais próximo possível, da função original, de modo a se assegurar um mínimo de intervenção e uma perda mínima de valores culturais” (Feilden e Jokilehto, 1998, p.90).

Já Correia acrescenta que “hoje em dia, para evitar a degradação devido a falta de uso, é fundamental abrir a reabilitação a outros usos integrativos, respeitando os espaços originais e a estrutura” (2009, p. 96), desta forma o uso torna-se um fator indispensável para a reabilitação não só de um edifício, mas de todo um centro histórico.

RENOVAÇÃO

No âmbito da arquitetura, Feilden e Jokilehto (1998), referem que renovação é a “conservação de recursos patrimoniais, utilizando-se materiais compatíveis e técnicas tradicionais de primordial importância" (1998, p.70), relacionando-se com o aspeto visual do edifício, por exemplo a aplicação de um novo reboco, que estava degradado.

REVITALIZAÇÃO

O termo revitalização é aplicado para definir ações de melhoramento de um sítio. Seguindo a reflexão de González-Varas (2005), o conceito de revitalização utiliza-se geralmente num contexto de ‘recuperação urbana’ para designar as medidas destinadas a dotar de nova vitalidade económica ou social um conjunto urbano decaído.

ANASTILOSIS

De acordo com Ignacio González-Varas (2005), o termo anastilosis deriva da união entre duas palavras gregas, anà [a cima] e stylos [coluna], o sentido etimológico original do termo significa voltar a levantar as colunas caídas de um edifício.

No entanto, o termo Anastilosis passou a ser empregue para operações de recomposição dos edifícios, cujos materiais originais se encontram caídos e dispersos na envolvente do edifício.

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RECONSTRUÇÃO

González-Varas (2005, p.544) refere que reconstrução “alude a um procedimento de carácter absolutamente excecional que se realizou em circunstâncias históricas determinadas e como consequência de acontecimentos traumáticos, como guerras […], deve ser uma prática rejeitada e proscrita quando envolve a falsificação da natureza histórica”.

É uma intervenção rejeitada por muitos peritos e justificada apenas quando devida a catástrofes. O mesmo acontece com as reproduções e réplicas.

RELOCAÇÃO

A ação de relocar é permitida apenas em situações limite. Stubbs (2009, p.126) refere que “quando não existe outra forma de salvar e proteger um bem arquitetónico, o edifício ou parte significativa do mesmo, é desmontado e remontado [por vezes é até transportado por inteiro] para um outro local. Uma intervenção tão radical deve ser considerada como o último recurso a realizar para salvar o bem patrimonial”. Nesse sentido, subentende-se que uma intervenção desta natureza apenas é permitida em casos extremos, a fim de não se perder o bem patrimonial.

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