• Nenhum resultado encontrado

sulfetada e ocorre sob a forma de cristais disseminados e/ou agregados subédricos a euédricos (Figuras 3.1C, 3.2C e 3.2D).

Figura 3.1. Fotografias representantes dos veios mineralizados que compõe o depósito de estanho Liberdade: A) veio mineralizado em contato com o biotita granito inequigranular fino (fácies 3); B) blocos de cassiterita maciça extraída do veio mineralizado; C) bloco do veio mineralizado com cristais de cassiterita e arsenopirita oxidada; D) fotomicrografia com nicóis paralelos de uma porção do veio, colocado em condições de cisalhamento, formando uma estruturação milonítica no mesmo.

3.3. GREISENS DO DEPÓSITO DE ESTANHO LIBERDADE

Os greisens do depósito de estanho Liberdade foram identificados a oeste do depósito Liberdade (Figuras 3.3A, 3.3B e 3.3C) e nos contatos dos veios mineralizados com os granitos da

Suíte Intrusiva Alto Candeias (Figura 3.3D). Segundo a proposta de Kühne et al. (1972, in Stemprok

1987) essa rocha foi classificada como quartzo-muscovita greisen com fluorita (Figura 3.4). 3.3.1. Quartzo-muscovita greisen com fluorita

O quartzo-muscovita greisen com fluorita ocorre a oeste da mina Liberdade e ao longo da zona de contato entre os veios mineralizados e os granitos encaixantes da Suíte Intrusiva Alto Candeias. Em geral, exibe cor variando de cinza esverdeado a amarronzado, granulação fina a média, além de hospedar agregados de cristais de cassiterita distribuídos de modo disseminado ou maciço. Exibe arranjo microtextural inequigranular, onde a mineralogia principal é formada por proporções variadas de muscovita e quartzo, contendo cassiterita, arsenopirita, ±fluorita, ±ilmenita, ±pirita, ±xenotima, ±thorita, ±monazita.

Metalogênese do Depósito de Estanho Liberdade, Campo Novo de Rondônia - RO Paulo Sérgio Mendes dos Santos Júnior

39 Figura 3.2. Fotografias do veio mineralizado: a) microzonas de cisalhamento mineralizadas, encontradas em pequenas fraturas no granito, em escala de afloramento; b) veio de quartzo bastante fraturado; c & d) imagem de elétrons retro espalhados (MEV) evidenciando a relação da cassiterita com a arsenopirita. Siglas: Cst: Cassiterita; APy: Arsenopirita.

O quartzo ocorre sob a forma de cristais anédricos a subédricos, moderadamente fraturados, apresentando bordas irregulares, por vezes denteadas e exibe forte extinção ondulante. A muscovita ocorre sob a forma de agregados de cristais tabulares (Figuras 3.5A e 3.5B), associado à arsenopirita (Figuras 3.5C e 3.5D) e ilmenita (Figura 3.5C e 3.5D). Os cristais de muscovita exibem extinção

ondulante e, localmente, se mostram retorcidos formando feições do tipo kink bands, evidenciando a

tensão a que esse mineral foi exposto.

A fluorita ocorre de forma disseminada e, em geral, são cristais subédricos a euédricos, pouco fraturados. A cassiterita ocorre sob a forma de cristais subédricos, em geral, mostra-se fraturada (Figuras 3.6A e 3.6B) e ocorrem distribuídos em agregados maciços ou disseminados. Investigações através de MEV (microscopia eletrônica de varredura) revelaram que a cassiterita raramente possui micro inclusões ou exsoluções de outros minerais, exceto ao longo de fraturas, as quais são frequentemente preenchidas por minerais sulfetados (geralmente arsenopirita e pirita; Figura 3.6D).

Do mesmo modo como ocorrem nos veios, a cassiterita no greisen exibe marcante zoneamento, ressaltado por bandas de cores claras (variando de castanho claro a vermelho) e bandas de cores escuras (variando de castanho escuro a marrom escuro; Figuras 3.6C e 3.6D).

Associado à mineralogia principal ocorre ainda, distribuída de modo disseminado e/ou formando pequenos agregados, a seguinte associação mineral: arsenopirita, pirita, ilmenita, xenotima, thorita, monazita e allanita. Cristais de zircão também são encontrados no quartzo-muscovita greisen, os quais devem ser herdados dos granitos encaixantes pertencentes a Suíte Intrusiva Alto Candeias.

40 Figura 3.3. Fotografias do quartzo-muscovita greisen com fluorita dentro da área do depósito de estanho Liberdade: a, b & c) material da cúpula greisenizada totalmente alterada; d) amostra do quartzo-muscovita greisen com fluorita retirado do contato entre o veio mineralizado e a rocha encaixante pertencente a SIAC.

Metalogênese do Depósito de Estanho Liberdade, Campo Novo de Rondônia - RO Paulo Sérgio Mendes dos Santos Júnior

41 Figura 3.5. Fotomicrografias do quartzo-muscovita greisen com fluorita mapeado dentro da área do depósito de estanho Liberdade: A) trama do greisen, evidenciando a relação quartzo-muscovita e muscovita-muscovita; B) mesma fotomicrografia exibida em A, porém com os nicóis cruzados; C e D) relações da ilmenita e arsenopirita com os cristais de muscovita. Siglas: APy: Arsenopirita; Ilm: Ilmenita; Ms: Muscovita; Qtz: Quartzo.

Sendo assim, a paragênese mineral exibe feições diagnósticas de uma cronologia na cristalização mineral, controlada principalmente pelo abaixamento da temperatura (Figura 3.7). Observações petrográficas demonstram haver estágios sequenciados de precipitação do conteúdo metálico e formação da paragênese mineral no greisen do depósito de estanho Liberdade.

A associação arsenopirita-pirita representa a principal fase mineral sulfetada. A arsenopirita ocorre sob a forma de cristais disseminados e/ou agregados subédricos a euédricos (Figuras 3.8A e 3.8B), moderadamente fraturados, exibindo, localmente, franca piritização. A pirita ocorre sob a forma de cristais disseminados, euédricos a subédricos, sempre associados à arsenopirita (Figura 3.8C).

A ilmenita ocorre sob a forma de cristais disseminados, alongados, subédricos e associados ao quartzo e a muscovita (Figuras 3.5C e 3.5D), apresentando exsoluções de titanita em suas porções centrais (Figura 3.8D). A xenotima ocorre sob a forma de cristais disseminados, subédricos a anédricos, associados à arsenopirita e com inclusões de thorita em seus cristais (Figuras 3.8E e 3.8F).

42 Figura 3.6. Fotomicrografias mostrando cristais de cassiterita do quartzo-muscovita greisen com fluorita: a & b) imagem de elétrons retroespalhados (MEV) mostrando cristais de cassiterita fraturados, onde as fraturas estão preenchidas por sulfetos (arsenopirita e pirita); c & d) cristais de cassiterita fraturados e apresentando zoneamento.

Figura 3.7. Sequência esquemática de cristalização mineral no quartzo-muscovita greisen com fluorita do depósito de estanho Liberdade.

Metalogênese do Depósito de Estanho Liberdade, Campo Novo de Rondônia - RO Paulo Sérgio Mendes dos Santos Júnior

43 Figura 3.8. Fotomicrografias mostrando as relações entre os minerais do greisen: A e B) imagem de elétrons retroespalhados (MEV) mostrando cristais de arsenopirita moderadamente fraturados; C) fotomicrografia mostrando a associação arsenopirita-pirita; D) imagem de elétrons retro espalhados (MEV) mostrando cristal de ilmenita apresentando exsolução de titanita. E e F) Imagem de elétrons retroespalhados (MEV) mostrando a relação da xenotímia com a thorita. Notar que a thorita apresenta seus cristais sob a forma de inclusões na xenotímia.Siglas: APy: Arsenopirita; Py: Pirita; Tit: Titanita; Xt: Xenotímia; Th: Thorita.

Documentos relacionados