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3 ASPECTOS DE CAMPO E PETROGRAFIA

3.2 GRUPO B

As quatro Unidades litológicas que compõem esse grupo: B1, B2, B3 e B4, ocupam a faixa centro oeste do mapa, estando limitada a leste pelas litologias do Grupo A e

a oeste pelos granitóides do Domínio Pernambuco – Alagoas. Apesar de haver uma

distinção forte na resposta do ternário (U, Th e K) que ajudou a separar os Grupos A e B, em campo não foi encontrado o contato entre os mesmos, sugerindo uma transição não súbita entre estes. Como detalhado nos capítulos seguintes, a zona de cisalhamento vertical sinistral cartografada por Mendes et al (2009), que poderia representar a sutura entre os grupos em questão, não foi encontrada. Isto é: nos afloramentos descritos, em perfis que atravessam a suposta zona de cisalhamento, não foram evidenciadas as feições estruturais comumente observadas em zonas de alto strain. Por outro lado, o contato entre os Grupos B e C é bem marcado, principalmente, na porção sul, onde a atuação da zona de cisalhamento Jacaré dos Homens é expressiva.

As Unidades B1 e B2 têm as menores áreas aflorantes, respectivamente. A primeira é composta por gnaisses máficos e anfibolitos, enquanto na segunda afloram paragnaisses. Devido ao relevo arrasado, poucos afloramentos foram encontrados, o que reduz a quantidade de informações disponíveis. Os anfibolitos e os gnaisses máficos, quando aflorantes, aparecem em cortes de estrada, mostram mergulhos sub-horizontais e são ricos em granadas. Já os paragnaisses são ricos em biotitas e granadas e estão fortemente influenciados pela ZCJH. Foliações principais com atitudes similares aos planos de cisalhamento desta estrutura dúctil e dobras recumbentes com vergência para sul exemplificam esta influência, como ilustrado na figura 3.6. Não obstante, destaca-se que no limite oeste da Unidade B2 é traçado um ramo da ZCJH.

Figura 3.6 - Paragnaisse, típico da Unidade B2, influenciado pela atuação da zona de cisalhamento Jacaré dos Homens.

A Unidade B3 é a que tem a maior área aflorante dentre as quatro deste grupo e a que melhor marca o contato com o Grupo C. É compreendida, essencialmente, por xistos e gnaisses pelíticos. Normalmente, os xistos são ricos em quartzo e feldspato quando próximos dos granitóides do Grupo C (Fig. 3.7a), porém, mais para o centro da unidade, estes são ricos em quartzo e feldspato branco numa proporção que lhes confere um aspecto de meta-arcóseo/metapsamito. Os paragnaisses têm composição pelítica, marcada pelo enriquecimento em granada, fibrolita, biotita, moscovita e quartzo (Fig. 3.7b). A granada surge na forma de porfiroblastos bem desenvolvidos na maioria dos afloramentos descritos, enquanto a fibrolita ocorre como agregados (Fig. 3.8). Soleiras de composição quartzo-feldspática, assim como,

ocorrências de rochas metamáficas, são comuns, principalmente quando próximas da borda oeste da unidade (Fig. 3.7c). Comumente, os litotipos desta unidade mostram-se deformados de forma condizente com a atuação da ZCJH.

A Unidade B4 ocupa uma área relevante na parte central e sul do mapa, mas foi melhor caracterizada ao longo do leito do rio Traipu. Em essência, nesta unidade afloram paragnaisses, que podem ou não estar migmatizados (Fig. 3.9b), e rochas metamáficas. O bandamento, normalmente, bem deformado por estuturas dúcteis, pode ser cortado por intrusões graníticas ou pegmatíticas. Como pode ser observado na figura 3.9a, os granitos têm coloração vermelha, estão bem fraturados, apresentam regiões ricas em pseudotaquilitos e assimilaram parte do material da encaixante.

Figura 3.7 - Litologias aflorantes da Unidade B3. a) Xisto de composição granítica. b) Paragnaisse rico em porfiroblastos de granada e agragados de fibrolita, observado no PME-25. c) Visão geral do afloramento PME-29, onde afloram soleiras quartzo-feldspáticas e rochas metamáficas.

Ao microscópio petrográfico, os paragnaisses revelam uma associação mineral composta por quartzo, plagioclásio, moscovita, zircão e minerais opacos. Nas bandas félsicas, há ocorrência de fibrolita em grande quantidade na forma de

agregados (Fig. 3.10). Nas bandas máficas, ocorrem cristais xenoblásticos de granada de maneira acessória (2-3%), além de palhetas de biotita.

Figura 3.8 - Feições minerais e texturais que aparecem no xisto pelítico do afloramento PME-25, Grupo B, próximo da falha de Jacaré dos Homens. Observa-se um porfiroblasto de granada adjacente a sillimanita quase fibrosa. a) Nicóis cruzados e b) paralelos. Grt – Granada e Sil – Sillimanita.

O quartzo ocorre de forma monótona, são cristais xenoblásticos, com extinção ondulante e com texturas de recristalização que indicam deformação a temperaturas

entre 500 – 600º C: migração de bordos e chessboard. O plagioclásio é

subidioblástico, tem geminação polissintética, não apresenta sinais de deformação dúctil, está muito pouco alterado/intemperizado, apresenta algumas poucas fraturas e pode incluir pequenos cristais de quartzo e biotita.

A moscovita tem menor volume modal do que a biotita, é subidioblástica e está bem formada, sugerindo uma origem primária. Os minerais opacos são acessórios, 3-4%,

e estão associados às biotitas, sendo que – às vezes – parecem substituí-las. Esta última ocorre em grande abundância, tem pleocroísmo variando de marrom amarelado a marrom avermelhado e suas palhetas subidioblásticas, ocasionalmente, incluem cristais de xenoblásticos a subidioblásticos de zircão.

Figura 3.9 - a) Detalhe do granito avermelhado e com pseudotaquilitos que aflora na Unidade B4 (PME-10). b) Paragnaisse, por vezes migmatizados, aflorante no PME-13.

Figura 3.10 - Agregado de fibrolita e micas em lâmina do afloramento PME- 09, leito do rio Traipu. O mesmo parece ocupar um domínio transversal a foliação principal do exemplar (S2). Nicóis paralelos.

Hornblenda, plagioclásio, quartzo, granada e minerais opacos são os principais minerais observados nas seções delgadas das rochas metamáficas caracterizadas como anfibolitos (Fig. 3.11). A hornblenda, maior volume modal, é subidioblástica a idioblástica, tem o pleocroísmo típico (verde amarelado a verde escuro) e podem alterar para actinolita/tremolita. O plagioclásio é subidioblástico a xenoblástico, tem geminação polissintética mecanicamente deformada e desenham kink bands. A granada é centimétrica, xenoblástica, está bastante fraturada e inclui os demais minerais presentes.

Figura 3.11 - Minerais e texturas de uma rocha metamáfica amostrada no leito do rio Traipu, afloramento PME-11. A lâmina está bem espessa. Acima, as áreas com birrefringência elevada em nicóis cruzados são de plagioclásio. Observa-se grande porfiroblasto xenomórfico de granada e cristais poiquiloblásticos verdes de hornblenda. Nicois cruzados (a) e paralelos (b).

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