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7. GEOLOGIA REGIONAL

7.3 Grupo Passa Dois

7.3.1 Formação Irati (Permiano)

Unidade de grande extensão lateral e pequena espessura (em média 40 m), é adotada em diversos trabalhos como horizonte-guia. Ela se divide em dois membros: o Membro Taquaral na base e o Membro Assistência no topo.

O Membro Taquaral é composto por argilitos, folhelhos e siltitos cinza escuros com laminação paralela ou maciços, localmente ocorrendo na base níveis conglomeráticos com seixos de quartzo e sílex.

O Membro Assistência apresenta folhelhos cinza-escuros, folhelhos pretos, pirobetuminosos, associados a calcários (comumente dolomíticos). A estrutura sedimentar mais comum encontrada nos leitos pirobetuminosos é a laminação paralela enquanto que nos leitos calcários observam-se marcas onduladas, laminação convoluta, oólitos, brechas intraformacionais e laminação algálica (SCHNEIDER et al. 1974). Segundo Milani (1997), a alternância rítmica entre os calcários e folhelhos constitui uma feição única dentro do registro sedimentar da Bacia do Paraná.

Em termos de ambiente deposicional corresponde ao ápice de evento transgressivo, com ambientes marinhos de água calma para a porção basal, e marinho de água rasa na porção superior (SCHNEIDER ET AL., 1974). Como conteúdo paleontológico destacam-se crustáceos dos gêneros Clarkecaris,

Paulocaris e Liocaris no Membro Taquaral, enquanto répteis Stereosternum tumidum, restos de peixes e fragmentos vegetais são comuns no Membro

Assistência. O contato com a Formação Corumbataí é concordante.

7.3.2 Formação Corumbataí (Permiano)

A Formação Corumbataí aflora, no estado de São Paulo, ao norte do Rio Tietê, atingindo a espessura máxima de 130 metros nas imediações da cidade de Rio Claro, adelgaçando-se para norte, não ultrapassando 60 m nas proximidades dos municípios de Leme e Pirassununga e não chegando a adentrar o estado de Minas Gerais (LANDIM, 1970; SOARES & LANDIM, 1973). A espessura da Formação Corumbataí aflorante também diminui para sul, não chegando a 70 metros, logo a sul da cidade de Piracicaba. Segundo Hachiro (1996), o contato com a Formação Irati subjacente é nítido e gradativo, e com a Formação Piramboia sobrejacente apresenta contato, aparentemente, em conformidade. Entretanto, existem controvérsias sobre a natureza do contato, que localmente aparenta ser gradacional (HACHIRO, 1996), enquanto em outros é aparentemente erosivo, pelo menos regionalmente (LANDIM, 1970; SOARES & LANDIM, 1973). Próximo ao município de Rio Claro, a Formação Corumbataí é diretamente coberta pela Formação Rio Claro (terciária a quaternária), e coberturas correlatas, com contatos nitidamente erosivos (MELO, 1995; ZAINE, 2000).

Segundo Milani et al. (1994) a Formação Corumbataí, no Estado de São Paulo, se interdigita com as formações Serra Alta, Teresina e grande parte da Formação Rio do Rasto, do sul do Brasil. Alguns autores correlacionam a porção basal da Formação Corumbataí no Estado de São Paulo à Formação Serra Alta, enquanto que as porções intermediárias e de topo foram correlacionadas à Formação Teresina. A parte mais superior do topo da Formação Corumbataí é correlacionada à base da Formação Rio do Rasto (ROHN, 1994).

Litologicamente, a Formação Corumbataí é constituída por argilitos, siltitos e folhelhos arroxeados e marrom-avermelhados, podendo ser esverdeados, com lentes de arenitos, leitos carbonáticos, coquinas, níveis silexíticos além de lentes e níveis descontínuos de bone beds. As feições sedimentares mais comuns são a estratificação plano-paralela e cruzada de baixo ângulo, marcas onduladas e acamamento do tipo flaser (SOUZA, 1985). Além disso segundo Zanardo (2003) é possível observar marcas de ondas ou estratificação cruzada de pequeno porte truncadas por ondas (hummocky) nos leitos mais arenosos e para o topo da sequência gretas de contração (mud cracks).

Mineralogicamente, a Formação Corumbataí é constituída dominantemente por illita, quartzo, feldspatos, muscovita, biotita, clorita e minerais opacos, ocorrendo subordinadamente carbonatos (calcita, dolomita, siderita e ankerita), montmorillonita, analcima e caulinita; podem aparecer esporadicamente como grãos detríticos turmalina, zircão, rutilo, apatita, granada, leucoxênio e estaurolita (ZANARDO et al. 2015; MONTIBELLER et al., 2015).

Segundo Masson (1998) mineralogicamente, os siltitos e argilitos utilizados como matéria prima, são constituídos de quartzo, illita, montmorillonita, hematita e albita. Zanardo et al. (2015) citam que a Formação Corumbataí na região de Rio Claro é constituída por um pacote de siltitos que pode ser dividido em cinco níveis com base nas variações texturais e mineralógicas (Figura 7) (MONTIBELLER et al., 2015): “Nível I - pacote com bandamento pouco nítido e cor variando de cinza esverdeada, marrom avermelhado a marrom arroxeado. Na base deste pacote, em geral, predomina siltito illítico e/ou clorítico maciço a bandado, rico em grânulos terrígenos síltico-arenosos ou biogênicos. Sobre este pacote, ocorre siltito illítico e/ou clorítico maciço a difusamente laminado, de cor cinza a vermelho arroxeado ou marrom chocolate.

Nível II - é constituído por siltito illítico maciço a laminado, mais rico em clorita na

base e com enriquecimento em albita para o topo, constituindo um siltito illítico albítico. Possui estrutura maciça dominante, porém com ocorrências de níveis siltosos milimétricos a centimétricos de cor mais clara. A base desse pacote é constituída predominantemente por illita, enriquecendo para o topo em material granular, disposto na forma de leitos ou vênulas tortuosas e descontínuas, gerando

estrutura variegada. No topo desta unidade ocorrem leitos descontínuos de siltito albítico carbonático (com ankerita e/ou siderita e calcita), localmente com analcima.

Nível III - é constituído por siltito com estratos maciços a laminados,

dominantemente illítico, de cor marrom avermelhado a marrom arroxeado, com intercalações de material de textura siltosa, irregularmente espaçadas. Estas intercalações são constituídas por siltito albítico, localmente carbonático, com cor creme, cinza claro esverdeado ou marrom rosado. Este pacote é capeado por banco de siltito arenoso illítico albítico carbonático de cor vermelha, passando em direção ao topo para siltito arenoso albítico de cor creme.

Nível IV - é representado por uma sucessão de intercalações de bancos de siltito

illítico de cor vermelho tijolo a vermelho arroxeado mais ricos em filossilicatos. Estes possuem leitos menos espessos de siltito albítico carbonático e siltito albítico illítico com carbonato ou não, com cores creme a marrom avermelhado claro, sendo que alguns desses podem adquirir cor verde claro ou creme esverdeado. É capeado por leitos descontínuos de calcário impuro.

Nível V - é constituído por siltito illítico carbonático ou não, com intercalações de

siltito carbonático albítico e de níveis síltico-arenosos com espessura decimétrica a métrica. Observa-se um nítido aumento da espessura e quantidade dos níveis síltico-arenosos para o topo da sequência, que é acompanhado pelo aumento do teor de carbonatos, sob a forma de cimento ou vênulas e veios”.

O conteúdo fossilífero apresenta-se como lamelibrânquios ou bivalves, conchostráceos, ostracodes, peixes e vegetais (licófitas Lepidodendrales, gimnospermas Glossopteridales). A Formação Corumbataí também apresenta feições termais com hidrotermalismo associado.

Figura 7 - Representação esquemática do empilhamento sugerido para a Formação Corumbataí na região de Rio Claro. (Fonte: Zanardo et al. 2015; Montibeller et al. 2015)

O ambiente deposicional da Formação Corumbataí ainda não foi comprovado e é alvo de diversas hipóteses, Schneider et al. (1974) acreditam que a base da formação foi depositada em um ambiente marinho de águas rasas, em condições redutoras. Quanto ao topo, acreditam ter sido depositado em condições oxidantes sob influência de marés. Outra hipótese seria o ambiente de planície de maré, relacionada a um sistema deltaico (GAMA JR.,1979).

Através de estudos petrográficos da Formação Corumbataí na região de Rio Claro, Zanardo (2003) e Zanardo et al. (2004), propõe a hipótese de que a deposição ocorreu em ambiente marinho de águas rasas, com exposição subaérea causada por marés, em condições climáticas de grande aridez que teria levado à deposição de sais, tendo como palco uma extensa plataforma rasa.

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