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CAPÍTULO 3. O ENGAJAMENTO ORGANIZACIONAL DOS INDIVÍDUOS

3.1. GESTÃO DO TRABALHO

3.1.3. GRUPOS DE TRABALHO

Com o aumento da competitividade no mundo dos negócios, a ênfase nas equipes está cada vez mais marcante nas políticas organizacionais. As organizações que desenvolvem uma política de trabalho baseada na participação estimulam os seus indivíduos à troca de experiências. Isso pode ser beneficiado com as políticas de incentivos aos grupos de trabalho, nos mais diversos projetos e unidades organizacionais.

Stewart (1998:36) analisa que apesar dos indivíduos no ambiente organizacional estarem preocupados em relatar e analisar dados, discutindo como coordenar o trabalho de um departamento a partir das necessidades de outro, definindo metas para aperfeiçoar a eficiência organizacional e expondo idéias sobre formas de modificar o processo de produção, nenhum deles ocupa cargo gerencial. Acredita-se que, embora relativizado, isso pressupõe que eles estarão nivelados na concepção de grupos de trabalho, quando houver compartilhamento de conhecimento e integração dos esforços, onde o engajamento organizacional possa superar a perspectiva de uma descrição formalmente estabelecida pelo alcance de metas. Deve-se levar em conta que o compartilhamento adotado como política organizacional fortalece a adesão entre os indivíduos. O conhecimento do sistema organizacional como um todo e do trabalho conjunto das partes desse sistema contribui para o aprofundamento de possíveis alternativas, na busca de soluções para as dificuldades emergentes.

Por outro lado, Bowditch e Buono (1992:227-228) destacam que “embora ainda existam muitos cargos nas firmas atuais que podem ser desempenhados de modo mais eficiente e eficaz por uma única pessoa, um aspecto básico da vida organizacional moderna é que há menos tarefas integralmente desempenhadas por uma pessoa sozinha”. Conforme a descrição desses autores, as equipes de trabalho podem ser caracterizadas de diversas formas, dentro da articulação dos grupos:

- grupos que envolvam pessoas com metas organizacionais comuns; - grupos subordinados ao mesmo indivíduo ou supervisor;

- grupos formatados em base temporária para realizar uma tarefa específica, porém limitada;

- grupos integrantes que não tenham qualquer ligação formal na organização, mas cujo objetivo global seja realizar tarefas que não possam ser conseguidas individualmente.

Esses grupos de trabalho precisam funcionar em conjunto de maneira eficiente e eficaz, quer sejam eles formais ou informais, permanentes ou temporários. Nesse sentido, um provável caminho para facilitar a colaboração entre os participantes de um grupo é através da consolidação do espírito de equipe ( “team building”) , um processo através do qual os indivíduos pertencentes a um grupo analisam e avaliam suas interações, com o intuito de ampliar a integração e melhorar o trabalho em conjunto. Existem duas suposições básicas nas intervenções do espírito de equipe. Em primeiro lugar, se uma equipe tiver de ser eficaz e produtiva, seus membros deverão coordenar seus esforços na direção de metas de trabalho mutuamente aceitáveis (atividades e tarefas). E a segunda é que as necessidades sociais e emocionais dos membros do grupo também terão de ser atendidas (atividades de manutenção). Acredita que uma vez não atendidas essas necessidades sócio-emocionais, por exemplo quando são negligenciadas pela ênfase na produtividade, a eficácia e a sobrevivência do grupo estarão ameaçadas. Toma-se importante considerar tanto o conteúdo do trabalho do grupo, como o processo através do qual esse conteúdo é realizado.

Uma classificação desenvolvida por Beckard (1977) aponta quatro categorias principais de metas ou objetivos primordiais nas atividades de consolidação do espírito de equipe. Esses objetivos estão mais voltados para o líder da equipe, destacando-se as seguintes características: estabelecer diversas metas e/ou prioridades para o grupo, analisar ou alocar a maneira como o trabalho é realizado, examinar o modo como um grupo trabalha (seus processos, normas, tomadas de decisões e padrões de comunicação) e examinar as relações entre as pessoas que estão efetivamente realizando o trabalho. Como geralmente ocorrem todos esses propósitos num trabalho de espírito de equipe, considera-se que é importante identificar o principal objetivo da intervenção. Se esse não for colocado em prática, acredita-se que poderá haver uma dispersão de energia da equipe. Porém, existe algumas condicionantes que poderão servir como diretrizes para a consolidação eficaz do espírito de equipe:

- objetivo principal da reunião de espírito de equipe precisa ser esclarecido e bem articulado para os integrantes da equipe;

- líder da equipe precisa perceber a posse da meta principal, e ela precisa ser plenamente compreendida e concordada pelos membros da equipe;

- os agentes de mudança externos devem trabalhar dentro do objetivo primário definido pelo líder, que estabelece a agenda da sessão;

- se utilizarem agentes de mudança para participarem de algum trabalho com a equipe, estes deverão colaborar junto ao líder em relação a definir e compartilhar o objetivo primário da intervenção tão explicitamente quanto for possível.

Assim, uma forma de mensurar o grau de adesão de um grupo de trabalho seria analisar as características pelas quais eles se mantêm integrados (metas, subordinação, temporalidade e interdependência). Quanto mais os membros do grupo permanecem atrelados a descrições formais e ao alcance de propósitos explícitos, estariam menos classificados como grupos e mais proximamente relacionados à concepção de equipe. O grupo de trabalho pressupõe vínculos intrínsecos e adesão através de processos cognitivos. As pesquisas de Bowditch e Buono (1992:228) têm indicado que o “espírito de equipe” é frequentemente uma intervenção produtiva e satisfatória, porque os esforços dessa natureza geralmente são feitos sob medida para os problemas ou as necessidades de um grupo específico.

Percebe-se que, normalmente, nas equipes quase sempre há uma forte influência e supremacia da integração de um determinado grupo de trabalho. No entanto, para que haja integração entre os diversos grupos ao se configurar as equipes de trabalho faz-se necessário que a organização adote uma consistente gestão dos processos cognitivos.

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