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2.5 Medidas de protecção

2.5.1 Guardas de protecção

2.5.1.1 Guardas fixas

A guarda fixa é mantida permanentemente no seu lugar, através de uma ligação soldada ou parafusos, só podendo ser removida através do uso de uma ferramenta e, quando em posição, não deve ser capaz de ser removida casualmente. (Ridley, et al., 2002)

Fixas Guardas de protecção Limitadores de curso: - Mecânico; - Eléctrico. Travamento da guarda: - Interruptores; - Fechos solenóides. Móveis Guarda de controlo: - Interruptores;

- Início pelo fecho da guarda.

Sensores de presença Limitadores de curso:

× Dispositivos de interbloqueamento; × Dispositivo adicional de operação; × Dispositivo do tipo “segurar para

acionar”;

× Dispositivo de comando de duas mãos; × Dispositivo de controlo de movimento. Dispositivos de protecção Mecânicos: × Tapetes de pressão; × Obstáculo mecânico. Electrónicos: × Cortinas de luz; × Scanners a laser.

Para a norma ISO 12100:2010 guarda fixa é uma guarda assente que só pode ser aberta ou removida com recurso a ferramentas ou através da destruição dos meios de fixação.

Figura 11 – Exemplo de uma guarda de protecção fixa.

2.5.1.2 Guardas de distância

Uma guarda de distância caracteriza-se por uma barreira a uma distância considerável do perigo. O grau de risco determina, se uma grade fixa ou cerca é necessária, a distância à parte perigosa determinará a abertura da malha (Ridley, et al., 2002).

Figura 12 – Exemplo de uma guarda de protecção de distância.

2.5.1.3 Guardas ajustáveis

As guardas ajustáveis são definidas como guardas fixas com elementos ajustáveis que o trabalhador tem de posicionar para poder fazer o trabalho (Ridley, et al., 2002).

No entanto, a norma ISO 12100:2010 vai mais longe e caracteriza a guarda ajustável como guarda fixa ou móvel capaz de ser ajustada como um todo ou em parte. Os ajustes mantêm-se fixos durante a operação. Este tipo de guardas deve ser usado para permitir o acesso a áreas essenciais. Nos locais onde as guardas ajustáveis são colocadas, é importante que os trabalhadores sejam preparados e formados em caso de necessidade de ajustá-las para se poder retirar o maior partido da protecção. Os ajustes devem poder ser realizados manualmente ou de forma automática, sem recurso a qualquer tipo de ferramentas (Ridley, et al., 2002) (Macdonald, 2004).

2.5.1.4 Guardas móveis

A norma ISO 12100:2010 define guarda móvel como guarda que pode ser aberta sem o uso de ferramentas. Outros estabelecem um conceito mais específico, definindo guarda móvel como uma guarda fixa que pode ser facilmente movida para fora da sua posição, mas não pode ser separada da máquina (Ridley, et al., 2006). Contudo, este tipo de guarda para ser utilizado em partes móveis da máquina, quer seja na zona de transmissão de energia, quer na zona de trabalho, deve ter aliada um dispositivo de interbloqueamento, tal como refere a norma ISO 12100-2:2010.

São estabelecidos os requisitos que estes tipos de guardas devem apresentar, estando divididos em dois sub-tipos em função da aplicação da guarda:

1) Guardas móveis que providenciem protecção contra perigos gerados pelas partes de transmissão móveis devem:

a. Sempre que possível manterem-se fixas à máquina ou outras estruturas quando abertas; b. Ser providas de guardas de interbloqueamento.

2) Guardas móveis contra os perigos gerados pelas partes móveis de não transmissão devem ser projectadas e associadas ao sistema de comando da máquina para que:

a. As partes móveis não possam entrar em funcionamento enquanto as guardas permitirem o alcance do trabalhador ou que o trabalhador não possa alcançar as partes móveis quando estas tiverem em funcionamento. Tal é possível com o uso de guardas de interbloqueamento com fecho de guarda, quando necessário;

b. As guardas podem ser ajustadas apenas pela acção intencional com recurso a uma ferramenta ou chave;

c. A ausência ou fracasso de um dos componentes da guarda deve prevenir a activação das partes móveis ou então pará-las, podendo ser alcançado através de monitorização automática.

Figura 13 – Exemplo de uma guarda de protecção móvel.

De forma a cumprir com os requisitos do tipo 1, o interruptor da guarda deverá operar da mesma forma que um botão de emergência, isto é, imobilizar a máquina, sendo normalmente utilizado em situações de acesso menos frequentes, tais como a manutenção preventiva e/ou correctiva. Para cumprir com os requisitos do tipo 2, o método e a integridade do circuito do controlo de guarda

devem de ser avaliados como um item individual e as suas especificações devem ser consultadas, sendo denominado de interbloqueamento de controlo (Macdonald, 2004).

2.5.1.5 Guardas com interbloqueamento

A norma ISO 12100:2010 define guarda com interbloqueamento, tal como demonstra a Figura 14, como uma guarda associada a um dispositivo de interbloqueamento de forma a que, juntamente com o sistema de comando da máquina, as seguintes funções são executadas:

a) As funções perigosas da máquina cobertas pela guarda não podem funcionar até a guarda estar devidamente fechada;

b) Se a guarda for aberta enquanto funções perigosas da máquina estiverem em operação, é dada uma ordem de paragem;

c) Quando a guarda é fechada, as funções perigosas da máquina cobertas por esta guarda podem operar. O fecho da guarda não vai, por si próprio, activar as funções perigosas da máquina, sendo necessário efectuar o rearme.

d) As guardas de interbloqueamento podem operar mecanicamente, electricamente, pneumaticamente, hidraulicamente ou através de uma combinação destes elementos, assegurando que o perigo não está presente quando a guarda é aberta. Se as guardas forem capazes de provocar dano, devido à queda por gravidade, deve ser providenciado um dispositivo anti-queda. A operação das guardas deve ser feita com o mínimo de esforço para evitar que a guarda se torne num perigo (Macdonald, 2004).

Figura 14 – Princípio de funcionamento de uma guarda com interbloqueamento.

A escolha do método de interbloqueamento dependerá da fonte de alimentação e do grau de risco das consequências de falha do dispositivo de segurança. A escolha do sistema deve ser tão directa e simples quanto possível, pois os sistemas complexos podem ser potencialmente incertos, frequentemente difíceis de entender e ter baixa aceitabilidade por parte do trabalhador (Ridley, et al., 2002).

O interbloqueamento mecânico é feito por meio de um acoplamento mecânico directo entre a guarda e a fonte de alimentação da máquina de forma que:

b) Após a máquina ter entrado em funcionamento, a guarda não pode ser aberta até o ciclo de operação estar completo e a máquina parada (Ridley, et al., 2006).

O interbloqueamento mecânico pode ser aplicado à alavanca de operação na válvula de controlo em circuitos de controlo pneumáticos e hidráulicos na forma de uma porta moldada que previne o movimento da válvula da alavanca até a guarda estar fechada (Ridley, et al., 2006).

Os interbloqueadores eléctricos podem ser de vários tipos e a sua integridade pode aumentar com a inclusão no circuito de controlo de monitorização e sistemas electrónicos de detecção de erros. Os interbloqueadores eléctricos podem ser:

a) Actuados mecanicamente através de uma came rotativa ou linear; b) Interruptor de proximidade com transmissor e receptor magnético;

c) Interruptor electrónico com transmissor e receptor de ressonância (Ridley, et al., 2006). Os interbloqueadores hidráulicos podem ser:

a) Interbloqueador no qual a alimentação principal do óleo hidráulico passa por uma guarda operando a válvula de interbloqueamento;

b) Interbloqueador de controlo no qual um alimentador piloto da guarda actua a válvula de interbloqueamento, actuando as válvulas ou válvulas de controlo interpostas na linha de alimentação principal nos cilindros da máquina (Ridley, et al., 2006).

Os interbloqueadores pneumáticos podem ser:

a) Interbloqueador da fonte principal de ar pela actuação da válvula da guarda;

b) Interbloqueador de controlo da válvula de interbloqueamento actuando uma válvula ou válvulas interpostas na fonte principal de alimentação da máquina (Ridley, et al., 2006). De seguida são apresentados alguns exemplos de tipos de interbloqueadores:

a) Interruptor manual ou válvula de interbloqueamento controla a fonte de energia não podendo entrar em funcionamento até que a guarda seja fechada e a guarda não pode ser aberta enquanto o interruptor estiver actuado (Fig. 15);

Figura 15 – Interruptor manual. (Ridley, et al., 2002)

b) Interbloqueadores mecânicos providenciam uma ligação mecânica directa desde a guarda até ao veio/cambota;

c) Interruptor de limite que pode ser rotativo ou linear, estando em posição de segurança, o interruptor está relaxado e qualquer movimento da guarda, fora da posição de segurança, quebra o circuito de segurança (Fig. 16).

Figura 16 – Interruptor de limite. (Ridley, et al., 2002)

2.5.1.6 Guardas com interbloqueamento com travamento da guarda

A existência de um dispositivo que efectua o bloqueamento da guardas é o que diferencia este tipo de guardas das explicitadas anteriormente, não permitindo a sua abertura enquanto houver perigo. A norma ISO 12100-1:2010 define guardas com interbloqueamento com travamento da guarda como guarda associada a um dispositivo interbloqueador e um dispositivo de fecho que, juntamente com o sistema de comando da máquina assegura as seguintes funções, tal como demonstra a Figura 17:

a) As funções perigosas da máquina cobertas pela guarda não podem operar até a guarda estar fechada e bloqueada;

b) A guarda mantém-se fechada e bloqueada até ao risco devido às funções perigosas da máquina cobertas pela máquina desaparecer;

c) Quando a guarda está fechada e bloqueada, as funções perigosas da máquina cobertas pela guarda podem operar. O fecho e o bloqueamento da guarda não podem elas próprias iniciar as funções perigosas da máquina.

2.5.1.7 Guardas com interbloqueamento com função de início

Neste tipo de guarda existe um controlo do sistema de funcionamento da máquina, isto é, quando a guarda é fechada, a máquina inicia o ciclo de trabalho sem necessidade de recorrer a outro tipo de accionamento.

A norma ISO 12100-1:2010 define este tipo de guardas como uma guarda de interbloqueamento especial que, uma vez alcançada a sua posição de fecho, dá um comando para iniciar as funções perigosas da máquina, sem necessidade de um controlo início adicional. Os requisitos para o uso deste tipo de guarda estão definidos na norma ISO 12100-2:2010 e são os seguintes:

a) Todos os requerimentos para guardas com interbloqueamento devem ser satisfeitos; b) O tempo de ciclo da máquina deve ser curto;

c) O tempo máximo de abertura da guarda deve ter um valor baixo, por exemplo, igual ao tempo de ciclo;

d) Quando este tempo é excedido, as funções perigosas não podem ser inicializadas pelo fecho da guarda e o reset é necessário antes da máquina reiniciar o ciclo produtivo; e) As dimensões ou forma da máquina não podem permitir que uma pessoa, ou parte do

corpo, fiquem na zona de perigo ou entre a zona de perigo e a guarda, enquanto esta é fechada;

f) Todas as outras guardas, sejam elas fixas ou móveis, devem ser guardas com interbloqueamento;

g) O dispositivo de interbloqueamento associado à guarda deve ser projectado de tal forma que, caso falhe, não possa levar a arranque da máquina não intencional ou inesperado; h) A guarda deve estar bem segura quando aberta (por exemplo através de um contrapeso)

para não iniciar a máquina devido a queda da guarda por gravidade.