Ana Isabel de Oliveira Pinto Lopes, nº 6716
Docente Orientador: Prof.ª Doutora Paula Diogo
LISBOA Novembro, 2016
NOTA INTRODUTÓRIA
No âmbito da Unidade Curricular de Estágio com Relatório, e mais precisamente no estágio realizado na Consulta Externa – Consulta de preparação da criança, do jovem e família para a cirurgia, surgiu a necessidade de elaborar um guião orientador da entrevista a realizar à criança e família no decorrer da consulta de preparação para a cirurgia, com o objetivo de constituir um instrumento facilitador para a realização da mesma.
Tem como finalidade constituir um guião sobre os temas a abordar durante a entrevista, e numa perspetiva futura ser orientador para a construção de um programada de preparação para a cirurgia, tendo por base as observações realizadas no decorrer da consulta de preparação para a cirurgia, as orientações fornecidas pela enfermeira orientadora do estágio e o Guia Orientador de Boa Prática da Ordem dos Enfermeiros – Diminuir o medo da cirurgia.
Consulta de preparação da criança, jovem e família para a cirurgia – guião para a entrevista
Entrevista Descrição
Acolhimento Apresentar e permitir que os outros se
apresentem; garantir a privacidade e
confidencialidade; conhecer a
criança/pais e perceber do que gosta: hábitos de vida, nomeadamente os
hábitos lúdicos, nível de
desenvolvimento da criança,
experiência prévia da hospitalização, sintomas emocionais, cognitivos e físicos, composição familiar.
Avaliação dos conhecimentos dos pais/criança
Incentivar a criança/adolescente e
família a verbalizar dúvidas e
medos/comunicação expressiva de emoções.
Jejum pré-operatório 6 horas (abordar hora da última
refeição do dia – explicar importância
de evitar jejum prolongado).
Questionar sobre o tipo de
alimentação.
4 horas se aleitamento materno exclusivo.
Higiene corporal e necessidade de retirar adornos e verniz
Questionar sobre hábitos de higiene. Instruir para banho total na véspera e sumário no próprio dia; retirar adornos (pulseiras, fios, anéis, brincos e piercings).
Objetos pessoais a trazer para o hospital
Pijama, chinelos, meias, roupa interior, produtos de higiene oral, brinquedo preferido (que pode acompanhar a
criança para o bloco operatório), jogos, livros, objeto(s) usado(s) para adormecer (chupeta, fralda de pano, boneco).
Presença dos pais ou pessoa
significativa
Os pais ou pessoa que os substitua podem acompanhar a criança durante todo o internamento, com exceção do
período noturno, no qual pode
permanecer um dos acompanhantes. Os pais acompanham a criança na transferência para o bloco operatório,
até ao transfer. Durante a
permanência no bloco os pais podem aguardar no serviço ou junto à entrada para a sala de recobro. Na sala de recobro um dos pais ou pessoa que o substitua pode acompanhar a criança, devidamente fardado.
Medicação pré-anestésica Administração de medicação pré-
anestésica 20-30 minutos antes da ida para o bloco operatório. Efeitos:
sonolência, amnésia – explicar
importância de manter a criança sob vigilância.
Indução anestésica Via inalatória ou via endovenosa
(explicar/demonstrar/manipular
funcionalidade do EMLA: prevenir a dor no pré-operatório - punção venosa). Manipulação de máscara, soro, sistema de soro e abocat (sem mandril)
Circuito peri-operatório Observação do percurso efetuado no dia da cirurgia desde a entrada principal, serviço de acolhimento
(cirurgia de ambulatório, cirurgia
pediátrica, ortopedia e neurocirurgia), bloco operatório, unidade de cuidados pós-anestésicos:
- Visualização de slides sobre o circuito peri-operatório;
- Leitura de livro adequado à idade a criança;
- Montagem de sala operatória – Playmobil.
Criança/adolescente e meio
envolvente no recobro/internamento
Demonstração e manipulação do material hospitalar:
- Soro, sistema de soro, cateter venoso periférico;
- Para monitorização dos sinais
vitais a criança apresentará
elétrodos, braçadeira e oxímetro
conectados a um monitor
cardíaco;
- No local operatório a criança apresentará um penso;
No caso de correção cirúrgica de hipospadias, a criança apresentará sonda vesical e sistema de dupla fralda (explicação e visualização de sistema de dupla fralda).
Reações/sensações ao acordar Irritabilidade, agitação, desorientação,
dor (explicar importância do toque, de falar com voz calma e tranquila, do abraço).
Dor no pós-operatório No intraoperatório são administrados
analgésicos para prevenir a dor. Início da alimentação (líquidos) após
cirurgia
2 horas após a cirurgia, consoante o estado da criança/adolescente - aguardar orientações da equipa de enfermagem.
Duração provável do internamento e
orientações a ter após a alta hospitalar
Depende do tipo de cirurgia, do médico assistente e da autonomia da criança/adolescente no que respeita aos cuidados necessário após a alta. Cuidados a ter dependem do tipo de
cirurgia: penso, controlo da dor.
História de dor Colheita de informação que permite
orientar a avaliação e controlo da dor: características da dor, fatores de alívio e de agravamento, uso e efeito de
medidas farmacológicas e não
farmacológicas, formas de
comunicar/expressar a dor,
experiências anteriores traumatizantes e medos, estratégias para enfrentar a dor, impacto emocional*.
Treino da criança com recurso a escalas de dor: dos 3-8 anos (escala de faces), a partir dos 8 anos (escala
numérica.
*Questões dirigidas à criança/adolescente:
dor, com recurso à imagem das escalas)
- Contas aos outros quando tens dor? Se sim, quando? - O que é que queres que te façam quando tens dor? - O que mais te ajuda a passar a dor?
Questões dirigidas aos pais/pessoa significativa
- Que palavras o seu filho usa quando tem dor?
- Descreve as experiências anteriores de dor do seu filho - O seu filho diz alguma coisa a si ou a outros quando tem dor? - Como é que sabe que o seu filho está com dor?
- Como é que o seu filho reage normalmente quando tem dor? - O que faz quando o seu filho está com dor?
- O que melhor alivia a dor do seu filho?
Recursos:
- Material hospitalar em tamanho real (soro, sistema de soro, cateter venoso periférico, EMLA, máscara facial, elétrodos, penso, fardamento do bloco operatório);
- Folhetos informativos: “O meu filho vai ao bloco operatório”, “Como prevenir a dor do meu filho com creme ou penso anestésico local” e guias de acolhimento de cada serviço de internamento;
- Livros: “O Diogo é operado”, “Anita no hospital”;
- Fotos: bloco operatório, unidade de cuidados pós-anestésicos, serviços de internamento e circuito peri-operatório;
- Brinquedo que representa o bloco operatório para a criança montar – Playmobil; - Brochura para colorir – “Uma visita ao hospital”;
- Régua representativa de escalas de autoavaliação de dor: escala de faces e escala numérica;
- Imagem de criança com ferida no joelho; - Desenho da silhueta corporal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Direção-Geral da Saúde (2010). Orientação nº014/2010.14/12/2010. Orientações técnicas sobre a avaliação da dor nas crianças. Acedido a 27-11-2016.
Disponível em:
http://www.spp.pt/UserFiles/file/EVIDENCIAS%20EM%20PEDIATRIA/ORIEN TACAO%20DGS_014.2010%20DE%20DEZ.2010.pdf
Ordem dos Enfermeiros (2011). Guias Orientadores de Boa Prática em Enfermagem