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Esta entrevista enquadra-se na metodologia de um Projecto de Investigação referente ao Curso de Mestrado em Ciências da Educação, na área de Supervisão Pedagógica, ministrado pela Universidade da Madeira. Com este estudo pretende-se estudar a realidade subjacente ao processo de diferenciação pedagógica no 1º Ciclo do Ensino Básico, procurando-se descortinar de que modo os contextos de formação contínua de professores podem contribuir para a sua concretização e/ou viabilização.

Para o presente estudo optou-se pela realização de um Estudo de Caso com a turma do 2º ano de escolaridade desta escola uma vez que a respectiva docente (neste caso, a colega) está a frequentar um Curso de Pós-graduação em Educação Especial, situação esta que se enquadra inteiramente na temática que aqui se pretende desenvolver.

A entrevista a aplicar será de carácter semi-estruturado existindo, inicialmente, uma certa orientação da minha parte, deixando que numa fase posterior a colega siga a sua linha de raciocínio. Também poderei intervir em determinados momentos.

Ao longo de todo o processo de investigação será mantida a confidencialidade dos dados relativos à identificação do local de estudo e dos seus participantes.

1. Investigadora: Qual a sua concepção relativamente ao conceito de diferenciação pedagógica? Que tipo ou grupo(s) de aluno(s) deve abranger?

Participante: Diferenciação pedagógica é a adequação do estilo de ensino aos estilos de aprendizagem dos alunos. Na minha opinião, diferenciação pedagógica é a gestão flexível do currículo, tendo em atenção que todos os alunos apresentam características próprias, cada um revela pontos fracos e pontos mais fortes, no entanto, embora por caminhos diferentes, todos devem atingir os objectivos do currículo que é único e para todos.

2. Investigadora: Tendo já iniciado o seu trabalho com esta turma desde o ano lectivo anterior, alguma vez procedeu a alterações no que respeita às estratégias de trabalho adoptadas com o grupo-turma, com algum grupo de alunos em particular ou, mais especificamente, em relação a um determinado aluno? Com que finalidade?

Participante: Sim. Por vários motivos. Para motivar os alunos; torná-los mais envolvidos na sua própria aprendizagem; e, também, para adequar ao estilo de aprendizagem próprio do aluno.

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3. Investigadora: Relativamente ao aluno oriundo da Ucrânia, a que estratégias pedagógicas recorreu, inicialmente, para procurar integrá-lo no grupo-turma?

Participante: O aluno ingressou nesta escola o ano passado. No início, era impossível compreender o que ele dizia, pois ainda não pronunciava nenhuma palavra em Português. Então, comecei a comunicar com ele através de gestos e também desenhos. Quando ele pretendia transmitir uma ideia, recorria ao desenho (aproveitando, aliás, a sua grande competência nesta área). Actualmente, este aluno já domina razoavelmente a Língua Portuguesa, tendo-se revelado um aluno exemplar, com imensas capacidades.

4. Investigadora: Considera necessário ou pertinente aplicar práticas conducentes à diferenciação pedagógica na sua turma? Se sim, que vantagens a nível pedagógico considera obter por meio deste processo?

Participante: Sim. Tornar o aluno mais participativo na construção do seu próprio saber, mais motivado, mais empenhado, o que se traduzirá em melhores resultados.

5. Investigadora: As estratégias de diferenciação pedagógica aplicadas aos alunos com Necessidades Educativas Especiais distinguem-se, na sua perspectiva, das que são implementadas aos alunos que recebem apoio pedagógico acrescido?

Participante: Sim, porque são alunos com dificuldades específicas. Após o diagnóstico, é feita uma intervenção com o intuito de ajudar a ultrapassar as limitações ou necessidades educativas que são mais evidentes e preocupantes.

6. Investigadora: As práticas pedagógicas diferenciadas favorecem o sucesso escolar ou contribuem, de alguma forma, para o aumento das desigualdades existentes entre os alunos?

Participante: Decididamente, para o sucesso escolar! Com isto quero dizer que cada aluno é um indivíduo diferente. Uns aprendem mais rápido, outros a um ritmo mais lento, consoante características próprias. Contudo, a todos é proporcionado o direito à educação, as aulas e os conteúdos são para todos. A diferenciação pedagógica vai contribuir para que todos consigam atingir as metas definidas. São pequenos passos para grandes resultados!

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7. Investigadora: Quais os motivos que a levam a frequentar Acções de formação Contínua?

Participante: Sem dúvida, para aprender mais, melhorar a minha prática e adequar novos conteúdos e saberes.

8. Investigadora: Que critérios segue quando selecciona e se inscreve em Acções de formação Contínua?

Participante: Procuro conhecer, essencialmente, o tema.

9. Investigadora: Mas, se tiver conhecimento de uma Acção de Formação, cuja temática lhe interessa, a ter lugar num local distante da sua residência, procede à respectiva inscrição? E, quanto aos formadores, eles poderão ser, para si, determinantes na escolha que faz sobre as Acções de Formação que frequenta?

Participante: Pondero, acima de tudo, a temática da Formação e, só depois considero a distância e os outros aspectos.

10. Investigadora: Na sua perspectiva e, de um modo geral, considera que as Acções de Formação Contínua direccionadas para o pessoal docente procuram ter em conta os aspectos relativos à diferenciação pedagógica, incentivando a sua implementação e procurando fornecer algumas estratégias possíveis a aplicar com as crianças na sala de aula?

Participante: Penso que a diferenciação pedagógica ainda ocupa um lugar pouco visível na prática docente. Está no papel e não na acção.

11. Investigadora: Reflectindo sobre as Acções de Formação Contínua que já frequentou, até agora, que papel exerceram no redireccionamento da sua prática para a diferenciação pedagógica? (se for possível, refira aquela(s) que mais se enquadra(m) nesta situação).

Participante: Sim. Na formação sobre os “Novos Programas do Português” e numa que frequentei sobre materiais manipuláveis em Matemática. Nestas formações, foram trabalhadas diferentes formas de levar os alunos a compreender os conteúdos.

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12. Investigadora: Qual o motivo que mais pesou quando decidiu frequentar um Curso de Pós-Graduação na área da Educação Especial?

Participante: Em primeiro lugar, uma motivação intrínseca mas também para compreender as dificuldades sentidas pelos alunos. Interessa-me saber diagnosticar ou avaliar e intervir correctamente nas diferentes áreas de Educação Especial. Enfim, para mudar a minha prática e as actividades, chegando às principais lacunas dos meus alunos.

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