• Nenhum resultado encontrado

“GUIA PARA MONITORAMENTO DE REFLORESTAMENTO DE RESTAURAÇÃO DE MATAS CILIARES NO MÉDIO PARANAPANEMA”

I. INTRODUÇÃO

Este guia tem como objetivo fornecer subsídios técnicos àqueles que trabalham na elaboração, implantação, manutenção, fomento e fiscalização de projetos de reflorestamento de matas ciliares na Região do Médio Paranapanema.

Espera-se que sua utilização possa trazer objetividade ao monitoramento dos reflorestamentos, permitindo, também, que os técnicos possam indicar ações de manejo que possibilitem a obtenção do sucesso da restauração florestal.

Foram estabelecidas como diretrizes para sua elaboração:

- a utilização de indicadores de evolução dos reflorestamentos que fossem relevantes e sensíveis às alterações relacionadas ao manejo e idade dos plantios e que, além disso, pudessem ser coletados de forma consistente e fácil, além de ser facilmente compreensíveis;

- a utilização de métodos de fácil aplicação, de forma a dar agilidade ao monitoramento e possibilitar rápido retorno ao responsável pelo reflorestamento, possibilitando, quando necessário, a adoção de medidas corretivas de manejo.

II. MATRIZ DE AVALIAÇÃO

A matriz de avaliação permite a análise de cada um dos indicadores, o diagnóstico do nível de adequação de cada um deles e as recomendações para adequação.

O técnico responsável pela avaliação deverá, durante a visita ao reflorestamento, realizar as observações, de forma a comparar os resultados de campo com os valores estabelecidos nos diferentes níveis de adequação da matriz.

Para a determinação dos valores, ao realizar as visitas em campo o técnico deverá seguir as instruções constantes no item III deste guia.

Os valores obtidos em campo permitem a identificação de níveis de adequação do reflorestamento para cada indicador, sugerindo o nível de urgência de realização das atividades de manejo, e para cada um dos indicadores são apresentadas recomendações para realização do manejo de adequação, quando a avaliação de cada indicador levantado nos plantios não corresponder ao nível 1 de adequação.

III. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE ADEQUAÇÃO DOS INDICADORES

III.1. Grupo de indicadores do nível de preparo da área para a restauração

Para avaliação destes indicadores o técnico deverá percorrer a área do reflorestamento observando:

a) o isolamento que impeça que novas fontes de perturbação venham a ocorrer na área. Este indicador refere-se principalmente à instalação de cercas em locais onde se pratique a criação animal. O resultado desta observação deverá subsidiar a avaliação do indicador isolamento;

b) Ocorrência recente de perturbações que venham a prejudicar o processo de restauração. Na região são mais comuns as ocorrências de fogo, erosão e entrada de gado;

c) Se as perturbações que ocorriam no local antes da implantação do reflorestamento foram interrompidas e em que porcentagem da área. Para tanto deverá ser utilizada estimativa visual.

Para cada um dos itens acima o avaliador deverá apontar o nível de adequação no indicador correspondente na matriz.

III.2. Grupo de indicadores do nível de manutenção do reflorestamento a) Mortalidade de árvores:

O avaliador deverá escolher duas linhas de plantio, evitando as bordaduras. No espaço onde deveriam ocorrer 20 mudas verificar quantas falhas ocorrem e transformar a contagem em porcentagem pela fórmula:

Este procedimento deverá ser repetido por quatro vezes em diferentes pontos do plantio para cálculo de média dos valores obtidos, sendo então o valor médio considerado para a avaliação.

b) Ataque de formigas:

Para cálculo do ataque deverá ser adotado o mesmo procedimento da mortalidade (item acima).

O avaliador deverá observar a possibilidade de ocorrência de ataque em reboleiras, principalmente nas bordas do reflorestamento. Neste caso, deve ser dispensada a avaliação por amostragem, sendo então realizada estimativa visual.

c) Mato competição:

Deverá ser realizada apenas estimativa visual e posterior escolha do nível de adequação pelo avaliador.

III. 3. Indicadores de estrutura da floresta em formação: a) Riqueza de espécies:

A riqueza de espécies nativas deverá ser averiguada através de caminhamento em ziguezague nas áreas sob avaliação. O número de espécies deverá ser confrontado com o previsto pela Resolução SMA 21, de 21/11/2001, ou seja:

- 30 espécies para projetos com até 1 hectare;

- 50 espécies para projetos com mais de 1, até 20 hectares; - 60 espécies para projetos com mais de 20, até 50 hectares; - 80 espécies para projetos com mais de 50 hectares.

O avaliador deverá estar atento, pois, conforme prevê a Resolução 21, o número de espécies pode ser reduzido, a depender de peculiaridades locais.

b) Cobertura de copas:

Trata-se do indicador estrutural mais importante da avaliação e para estimá- lo o avaliador deverá portar uma trena com 15 metros e proceder da seguinte maneira:

Esticar a trena numa extensão de 15 metros em sentido oblíquo à orientação das linhas de plantio, de forma que a leitura não seja influenciada pelo arranjo das plantas (Figura A).

Para cada árvore que tenha a copa se sobrepondo à trena o avaliador irá medir a projeção de cada copa na trena, somando os valores no final.

O valor percentual de cobertura em cada medição será obtido pela fórmula:

C%= cobertura percentual de copas

Pi = projeção da copa do indivíduo i na trena (m)

Este procedimento será repetido por 20 vezes. O valor final a ser considerado na avaliação deverá ser a média das 20 estimativas.

Os valores de cobertura esperada devem ser estimados, para cada área, em função de sua idade, pela equação:

Onde x = idade do plantio em meses

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 = plantas = orientação da trena

Figura A: Orientação da trena para estimativa de cobertura entre as linhas de plantio. C% = 100 (

= n i 1 Pi) / 15 Cobertura esperada (%) = 4,5142 x -7,8098

IV. RECOMENDAÇÕES PARA ADEQUAÇÃO DO REFLORESTAMENTO

Na última coluna da matriz de avaliação são apontadas as recomendações para adequação no caso dos indicadores não atingirem o Nível de Adequação 1.

Não foram descritos detalhes de cada operação necessária, uma vez que o rol de possibilidades é muito grande e poderá variar, em cada caso, com a disponibilidade de insumos, com as condições de clima, com a urgência da adoção das medidas corretivas, com a disponibilidade financeira do responsável pela área e outros aspectos.

O combate a formigas, por exemplo, pode ser feito com termonebulizadores, pó formicida ou isca granulada. A opção por alguma destas técnicas dependerá principalmente das condições climáticas e talvez da disponibilidade de máquinas (termonebulizadores ou bombas para pó) na propriedade.

As recomendações, quando necessárias, devem tentar atender a diferentes indicadores. Desta forma, caso seja necessário o replantio por alta mortalidade deve-se tentar utilizar espécies de forma a fazer o reflorestamento atingir o nível adequado do indicador riqueza ou utilizar-se de espécies de maior crescimento e promove r a cobertura adequada.

Quando se fizerem necessárias recomendações referentes às espécies de rápido crescimento, aquelas de melhor desempenho nos solos mais férteis da região do Médio Paranapanema são:

Guazuma ulmifolia (mutambo), Croton urucurana (sangra-d’água), Cordia superba (babosa-branca), Enterolobium contortisiliqüum (timburi), Cytharexylum mirianthum (pau-viola), Heliocarpus americanus (jangada-brava), Acacia polyphylla (monjoleiro) e Anadenathera macrocarpa (angico-branco).