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1 SISTEMAS REPRESENTATIVOS E ELEITORAIS

3.4 Há luz no fim do túnel?

A resposta não poderia ser outra senão afirmativa. Não por simplesmente acreditar em um futuro melhor para todos, mas por testemunhar que o Brasil caminha forte em busca da moralidade e de uma vida mais digna. Mesmo que aparentemente pareça distante tal objetivo diante da dura realidade que se presencia no dia-a-dia, da violência e do medo que aflige as famílias e da falta de oportunidade das gerações vindouras, os cidadãos brasileiros, muitas vezes através de organismos da sociedade civil, vêm se tornando agentes ativos na modificação da realidade. Não como pioneiros a encampar este duro fardo, mas levar adiante as mudanças positivas que já se presencia.

O Brasil internacionalmente é conhecido por suas belezas naturais, porém a fama de seu povo é negativa. Os brasileiros são considerados pessoas mal educadas, espertalhões, que não gostam de trabalhar e costumam se apoiar no trabalho dos outros, sinônimos de festa, diversão e carnaval. Tal reputação, sem dúvida, devemos em grande parte a nossa classe política que não honra o valoroso papel que desempenha, pelo contrário, muito nos envergonham. Como dito anteriormente, a classe política tende a ser o espelho de nossa sociedade, porém o poder é corruptível e aqueles que alcançam tais horizontes poucos se mantém fiel à sua consciência e aos interesses do povo. Daí pode-se concluir que esta nação está órfã de exemplos a serem seguidos, no país do “jeitinho brasileiro”, onde a honestidade é sinônimo de ingenuidade e atributo dos tolos.

Não obstante a tais considerações, a esperança de dias melhores exsurgi ao se constatar que uma série de práticas que fazem parte de nossa história, hoje se busca refutar e não só pelo movimento popular organizado, mas também pelas próprias autoridades públicas.

O nepotismo, prática que remonta ao início da história nacional e que nos acompanha até então; foi dado o ponta pé inicial para sua exorcização do nosso convívio, ao

ser aprovada pelo CNJ e CNMP resoluções que põe fim ao nepotismo no âmbito do Judiciário e do Ministério Público, muito embora tenha havido grande resistência por parte daqueles diretamente afetados, cortejando-se desta forma os princípios constitucionais19 da moralidade e da impessoalidade. Aliás, a criação dos próprios Conselhos, do Judiciário e do MP, já foi um grande passo para moralização da justiça, embora ainda haja muito que se corrigir.

A prática do caixa dois, uma vergonha nacional, onde durante muitos anos os candidatos fingiam declarar suas despesas e a justiça eleitoral fingia aprová-las. Hoje já é visto de outra forma, inclusive com a ocorrência de uma série de cassações de políticos envolvidos nestes esquemas, conforme foi amplamente divulgado pela imprensa nacional, embora ainda haja relutância de membros do Congresso Nacional. Destaque-se o papel primordial da imprensa que sem o seu empenho em condenar tais práticas, não estaríamos nos desvencilhando deste mau.

Outro exemplo bem recente de moralidade na política é a aprovação da PEC que reduz o recesso parlamentar de 90 dias para 55 dias e veda o pagamento de qualquer parcela indenizatória em razão de convocação extraordinária na Câmara e no Senado. Algo tido como intocável, trata-se não de prerrogativas, mas de privilégios infundados, abre-se um precedente para modificar outras imoralidade como a ausência de controle de presença dos parlamentares.

A primeira vista, estas são mudanças inexpressivas que não iram melhorar a vida do povo, porém é obtida uma maior consciência política, incentivo a honestidade e valores morais do povo, para que cada pessoa em seu universo de influência modifique o mundo ao seu redor.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a democracia do Estado Social – que consagrou a doutrina da soberania popular em detrimento à doutrina da soberania nacional do Estado Liberal – é a democracia do Estado Partidário, sendo os partidos políticos a expressão mais viva do poder. Tanto na democracia como na ditadura, o partido político é hoje o poder institucionalizado das massas, ressalvado, entretanto, que a vida política estatal tem testemunhado a crescente participação da própria sociedade civil nas decisões políticas, mediante a utilização de institutos antigos da democracia semidireta.

A soberania popular ou o exercício do poder emana, sempre, do povo, que a exerce indiretamente, e regra geral, por meio de seus representantes, ou diretamente, em primeiro lugar, quando os elege pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos, e também através dos institutos do plebiscito, referendo e da iniciativa popular.

Embora os partidos políticos estejam enfrentando uma séria crise moral, tendo o seu enfoque destoado para fins alheios ao interesse público, estes ainda são indispensáveis em um estado verdadeiramente democrático.

Tal crise muito se deve ao enfraquecimento que os partidos vêm sofrendo, em especial devido à falta de disciplina e fidelidade de seus membros, ausência de normas cogentes de moralização as quais não sejam passíveis de derrogação pelos estatutos dos partidos e inexistência de instrumentos de fortalecimento partidário.

O Congresso, até pouco tempo, limitava-se a editar leis, como panacéia de todos os problemas nacionais. Aos poucos este enfoque modifica-se, e no cenário político- partidário, medidas de ordem prática vêm sendo tomadas a fim de valorizar os partidos políticos e restaurar sua importância, identificando-se cada vez mais com seus objetivos originários que é exercer um caminho de integração entre o governo e a população e não instrumento de barganha políticas para satisfação de fins pessoais.

Ressaltar a importância das reformas que se propõe em busca da moralidade política, não defendendo a intervenção do estado na ideologia dos partidos, em desrespeito a liberdade partidária, porém esta última não pode ser o motivo para a total desvinculação da atuação dos partidos aos seus fins originários.

Parece inevitável reconhecer o desgaste sofrido na atualidade pela representação política, que por si só, tornou-se insuficiente como instrumento de legitimação do poder, particularmente devido aos meios de comunicação, que propiciam de modo rápido o conhecimento dos fatos e a formação da opinião pública, o que permite antever os novos rumos da representação no Direito Constitucional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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