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51 Há também o trabalho de Costa & Merlo (2010) UFRGS uma pesquisa empírica

que resultou na dissertação de mestrado sob o título: “Reconhecimento e vida dos guardas municipais: clínica do trabalho na atividade de segurança pública”. Com base na metodologia da Clínica do Trabalho proposta por Christophe Dejours em 2007, foram feitas entrevistas coletivas e a pesquisa em quatro etapas: a demanda, a pré-pesquisa, a pesquisa (propriamente dita) e a validação. Foram entrevistados 10 guardas municipais. O resultado desta pesquisa revelou que os guardas criam possibilidades de reconhecimento a partir do valor proferido pela população e pelos colegas. E também para se perceberem reconhecido investem na manutenção da hierarquia própria do meio limitar.

Registra-se a pesquisa de Lima, S. C. C. (2011). Uma tese de doutorado cujo título é “Coletivo de trabalho e reconhecimento: uma análise psicodinâmica dos cuidadores sociais”, disponível no Repositório Institucional da Universidade de Brasília. A pesquisa demonstrou que o trabalho do(a) cuidador(a) é uma atividade que se constrói na relação com o outro, e exige forte mobilização subjetiva e contínua necessidade de inventividade. Apontou-se a organização do trabalho estudada como um local marcado pela precarização, o que dificulta o reconhecimento Há um sentimento de impotência relatado e o medo frente a essas condições de precariedade. Além disso, trata-se de um grupo que se queixa da falta de voz no trabalho. Constatou-se que a falta de reconhecimento é o maior motivo para o sofrimento e o mesmo reconhecimento (junto com o fortalecimento do coletivo de trabalho) foi apontado como o caminho para encontrar prazer no trabalho.

E o estudo de (Rosas, M. L. M. & Castro, M. A., 2011) - capítulo do livro “Subjetividade e trabalho com automação: estudo no polo industrial de Manaus” - cujo resultado apontou para uma necessidade de reconhecimento simbólico (valorização do trabalho) e financeiro (melhoria salarial). Com ênfase para o último, devido a fatores de privação no mundo social e econômico.

Durante a revisão de literatura, encontraram-se ainda outros trabalhos teóricos - artigos e capítulos de livros sobre reconhecimento. Psicodinâmica do reconhecimento (Mendes, A. M., 2008a); (Martins, S. R., 2008); (Gernet, I., 2010); E, obviamente, nos livros de Christophe Dejours (criador e propositor da teoria), entre eles: Conferências Brasileiras: identidade, reconhecimento e transgressão no trabalho, (1999) – ênfase no capítulo sobre ‘sofrimento, prazer e trabalho’; A Banalização da Injustiça Social, (2000) – em especial no capítulo ‘o trabalho entre sofrimento e prazer’; A Avaliação do Trabalho Submetida à Prova do Real – tópico ‘repensar a avaliação’; e Christophe Dejours: da Psicopatologia à Psicodinâmica do Trabalho, 2011 (revista e ampliada) – principalmente no capítulo ‘Análise psicodinâmica das situações de trabalho e sociologia da linguagem’; ‘Alienação e clínica do trabalho’; e ‘Addendum – da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho’.

Outra revisão bibliográfica procurou por estudos com foco na saúde mental, sofrimento e reconhecimento no trabalho, com profissionais da área de informática; no serviço público; e terceirizados. Foi feita uma busca na base de dados Scielo e Capes, entre os anos 2001 e 2012, com uma combinação das palavras-chave: “informática”, “terceirização”,

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“terceirizado”, “saúde”; “sofrimento”; e “reconhecimento”, procurando12 artigos, dissertações e teses com abordagens que pudessem se articular com a presente pesquisa.

Pesquisa na área de Informática

O resultado dessa pesquisa trouxe, primeiramente na área de informática, a tese de doutorado de Uchida, (1996), “Temporalidade e subjetividade no trabalho de informática”. Esta pesquisa abordou vários profissionais de informática desde os especialistas até os analistas e investigou o sofrimento, as estratégias defensivas e suas representações. Faz uma análise para reflexão e compreensão quanto ao impacto da organização do trabalho na subjetividade destes trabalhadores. Conclui que os analistas são impulsionados pelo desejo de obtenção de prazer quase infinito, mas se deparam com as limitações da própria máquina que ora dominam, ora são dominados por ela. O trabalho apresenta traços narcisistas dos analistas de sistema que, quando estão na frente da máquina, sentem-se onipotentes (inclusive comparando-se aos usuários – totalmente dependentes dos sistemas desenvolvidos por eles) e o perfeccionismo e ansiedade de caracterizam essa categoria.

Outro trabalho com profissionais de informática, foi a tese de Merlo (1999), que resultou no livro “A informática no Brasil: prazer e sofrimento no trabalho”. Pesquisa realizada com analistas de informática da Brasildados, filial de Porto Alegre, aborda em detalhes a organização do trabalho desses profissionais (bastante taylorizada), identificando de imanente ao ofício o sofrimento e patologias. Além dos analistas os digitadores também foram investigados. Nos analistas foi identificado como característica desses profissionais a aceleração, sofrimento psíquico e ‘marcas do trabalho’, que são movimentos e formas de pensar que são acompanham os analistas nos espaços fora do trabalho. Esses profissionais utilizando-se de estratégias defensivas como a perda da memória recente – como “ideologia defensiva”. A profissão foi escolhida após uma formação universitária e foi considerada pelos participantes como uma “profissão completa”. Foi registrada a necessidade de adaptação constante do que está prescrito nos manuais, mas com razoável espaço para criação quando diante do real – considerado um trabalho com possibilidade de sublimação. A maior parte do trabalho é realizada isoladamente e manifestou-se a necessidade de reconhecimento. A valorização do trabalho entre os pares é rara, devido à divisão do trabalho, mas o reconhecimento pelo cliente existe, embora algumas vezes essa satisfação possa mudar de uma hora para outra, caso alguma falha seja identificada (o que acontece eventualmente). Assim, conclui-se que o julgamento de beleza, realizado pela direção, pela tarefa cumprida e até pela burla necessária para dar conta dos prazos previstos, existe de forma limitada e sem qualidade. Observou-se que nas funções de criação aparecem algumas formas de agressão psíquica por causa da responsabilidade do posto e pressões própria do cargo.

Na linha do trabalho anterior, que também abordou os riscos de adoecimento na área de informática, segue o livro de Bawa (1997), “The computers user’s health handbook:

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