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Nos relatos das enfermeiras que participaram desta pesquisa, o técnico de enfermagem, no cuidado à pessoa idosa, deve “saber fazer”

técnicas/procedimentos, fundamentado no aprendizado formal que lhe confere identidade profissional.

E2 “[...] em relação à habilidade, eu acho que a parte técnica, apesar de não ser só isso, na formação [...]. Ele (técnico de enfermagem) tem que atentar inicialmente, ter habilidade nos procedimentos a serem realizados.”

E3 “Ele (técnico de enfermagem) tem que ter boa habilidade técnica, acho que é indiscutível isso. A gente gostaria de ser cuidado por alguém que sabe o que fazer, né?”

A atenção permanente também é necessária, por meio da observação criteriosa dos sinais de comunicação não verbal do idoso, que podem ser revelados pelo olhar e pela expressão facial.

E5 “Muitas vezes ele (o idoso) reconhece quem é você. Só de olhar, ele já muda a expressão facial. Então, imaginar que não é porque ele não fala mais, que ele está afásico, que ele não ouve, que ele não processa aquela informação.”

E9 “[...] então está acontecendo alguma coisa, mudou o comportamento. Isso exige uma habilidade da pessoa (técnico de enfermagem) para identificar essas alterações [...] percepção, uma observação mais criteriosa, né? Qualquer mudança já está mostrando alguma coisa né, que a gente tem que investigar.”

É preciso, ainda, habilidade para identificar e administrar as diferenças individuais e culturais, rejeitar estereótipos relacionados à velhice e permitir a participação dos familiares.

E3 “[...] se eu vou fazer uma determinada avaliação... eu preciso que essa pessoa saiba ler, por exemplo, eu tenho que ter essa habilidade, e se essa pessoa não sabe, como é que eu faço, né? Essa coisa de saber,

ter esse jogo de lidar com as diferenças... a gente pode encontrar nesse grupo tão heterogêneo.”

E7 “[...] compreensão de que o idoso merece um tratamento diferenciado, essa rejeição aos estereótipos, né? Trazer o familiar para participar do cuidado, dentro do necessário.”

Tendo em vista a multidimensionalidade do cuidado ao idoso, é relevante ocorrer a parceria entre os profissionais de saúde e o cuidador familiar, com o intuito de compartilhar responsabilidades e vivências decorrentes do ato de cuidar. Com o crescente envelhecimento populacional, o aumento da expectativa de vida e as alterações na estrutura familiar, são exigidas da sociedade respostas urgentes e adequadas para questões políticas, econômicas, sociais, tecnológicas, psicológicas e familiares (ARAÚJO; FERREIRA, 2011). A partir desta visão social, são criados espaços para a atuação do técnico de enfermagem, profissional capacitado que deve conciliar conhecimento teórico e habilidades psicomotoras específicas, no atendimento de pessoas idosas.

1. Habilidade Técnica baseada no Conhecimento Teórico

No processo ensino-aprendizagem dos cursos técnicos de enfermagem tende-se a adotar a repetição das técnicas/procedimentos, com vistas à obtenção, pelo aluno, do desempenho desejado por meio da associação dos conteúdos teóricos e práticos. Para Miyadahira (2001), o que se denomina de “feedback”, ou conhecimento do resultado, permite ao estudante reforçar, motivar e acompanhar seu progresso em relação ao que é esperado no seu desempenho. Com isso,

pode-se compreender a habilidade como o ato ou a tarefa que requer movimento, adquirida ou aprendida através da mobilização de conhecimentos.

Na construção de competências, a assimilação e a mobilização de conhecimentos ocorrem de forma gradual, cabendo ao indivíduo discernir o momento oportuno de mobilizá-los. Trata-se de um processo dinâmico no qual a competência está além do “saber-fazer”, pois é construída a partir de esquemas analógicos próprios de seu campo, em processos intuitivos, através de procedimentos de identificação e resolução de problemas, que aceleram a mobilização de conhecimentos pertinentes e subentendem a procura e elaboração de estratégias para uma ação eficaz (PERRENOUD, 1999).

Nesta subcategoria, a compreensão dos sujeitos foi de que o Conhecimento Teórico deve subsidiar as Habilidades Técnicas, na execução de técnicas/procedimentos e nas orientações de enfermagem.

E7 “Eles (os técnicos de enfermagem) vão ter que ter essas habilidades comuns [...] uma punção venosa cuidadosa [...] Nessas, eles vão ser ajudados pelo conhecimento técnico. Essas habilidades técnicas têm que ser subsidiadas pelo conhecimento teórico que ele vai ter, na manipulação de lençóis... enfim.”

Nas habilidades técnicas, informação e instrução são convertidas em conhecimento o qual, de acordo com Antunes (2007), torna-se uma ferramenta para pensar, refletir e transformar a realidade do aluno, capacitando-o para os desafios profissionais.

2. Atenção às Alterações Comportamentais

Embora o processo de envelhecimento seja inevitável e progressivo, e afete todos os sistemas biológicos do organismo humano, o sistema nervoso central (SNC) apresenta-se como o mais comprometido. Ele é o responsável pela integração entre o meio ambiente do indivíduo e as funções vegetativas, relacionando sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros, com as funções biológicas internas (CANÇADO; HORTA, 2006).

Nas entrevistas com as enfermeiras foi evidenciada a relevância de o profissional técnico ser capaz de observar, perceber e visualizar possíveis alterações comportamentais durante o cuidado ao idoso.

E6 “Na realidade, perceber o que está acontecendo, ter uma visão que você já identifique, por exemplo, alteração de comportamento do idoso, né? Então... ele está apresentando uma infecção, mas ele não tem febre, então na realidade... você perceber que ele mudou o comportamento, [...] de repente ficou mais apático, com menos apetite...”

A esse respeito, destaca-se a prática comumente observada entre os profissionais de saúde de rotular o idoso frente às queixas e sintomas manifestos por meio de expressões, como “é comum da idade”, “é assim mesmo” ou “faz parte da senescência”. Conforme afirma Cançado e Horta (2006), pela ausência de critérios que diferenciem e estabeleçam limites entre os estados considerados fisiológicos, ou normal, dos patológicos, deixa-se ou retarda-se a possibilidade de estabelecer um diagnóstico e, em decorrência disto, aumenta-se a possibilidade de cometer um erro.

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