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Conforme apontado anteriormente, a cidade de São Paulo contempla 1622 favelas78, comportando 389.028 domicílios. Algumas dessas áreas surgiram na década de 1930, como o caso de Palmas do Tremembé (em 1934) localizada na zona Norte, mas a grande maioria se deu a partir de 1970 até a atualidade.

A partir da década de 1940, que é justamente a fase em que o processo de metropolização se intensifica, a Prefeitura pouco fez para orientar o processo de ocupação urbana. Aliás, ela não dispunha de instrumentos eficazes de controle, e dessa forma colaborou com a clandestinidade da ocupação (LEMOS; SAMPAIO, 1993, p.67).

As ocupações irregulares, que caracterizam as favelas, dentre outros fatores, se dão em áreas públicas (Município, Estado ou União) ou privadas, em topografias planas ou com acentuadas declividades, sobre rios, córregos, áreas contaminadas, sistema viário e ferroviário. Diversos terrenos, desde que vazios, acabam sendo ocupados de maneira irregular, com habitações precárias e sem ordenamento urbano. Dentre as ocupações irregulares 37,2% estão sobre área não edificandi ou leito de curso

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Considerar que o IBGE somente contabiliza como aglomerados subnormais áreas que compreendam mais de 50 domicílios.

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O HABISP não informa o número de habitantes nas favelas. O número de domicílios, por favela, varia de zero a 17.159, portanto algumas áreas não possuem dados completos para este item pesquisado, podendo, inclusive, minimizar a situação real encontrada na cidade.

d´água, inseridas até cerca de 50% de sua área total (33,8%) ou de 50 a 100% desta (3,5%)79.

Tabela 2.11 – Favelas sobre área não edificante ou leito de curso de água

0% da área Até 50% da área De 50 a 100% da área informação Sem Total

1.014 546 56 6 1622

Fonte: HABISP (2012)

Apesar de pouco expressivo, mas não menos preocupante, cerca de 0,8% das favelas estão em aterros ou lixões, e 0,4% em áreas contaminadas. A tabela 2.13 apresenta as favelas nesses sítios.

Tabela 2.12 – Favelas inseridas parcial ou totalmente em aterros/lixões ou áreas contaminadas

Favelas em aterros ou lixões (1) Favelas áreas contaminadas (1)

Nome Regional Nome Regional Nome Regional

Durval de Almeida

Santana Sul Jardim da Felicidade Sul Beira da Linha Centro Árvore de São

Tomás Norte Guaicuri II / Pedra Sobre Pedra Sul Fazendinha - I P Sudeste

Nella Murari Rosa Sul Paraisópolis Sul Lavios Leste

Caminho Particular Sul Rio Claro II Leste Rio Claro II Leste

Dersa Sudeste Hugo Italo Merigo Norte Hugo Italo Merigo Norte Córrego do Bispo Norte Quadra de Futebol Norte Willin Sudeste

Vale Das Virtudes I Sul Willin Sudeste Moinho Centro

Nota (1) a inserção da favela nas referidas áreas, varia percentualmente, podendo somente uma parte de sua área estar sobre área de aterro/lixão ou contaminada. Fonte: HABISP (2012).

Algumas favelas também podem ser encontradas em áreas do sistema ferroviário ou viário ativo, em alças de acessos, embaixo de pontes e viadutos, em rotatórias, ou embaixo de redes de alta tensão e, ainda, sobre oleoduto ou gasoduto. A tabela 2.13 identifica estas favelas.

79 HABISP, novembro/2012

Tabela 2.13 – Favelas inseridas parcial ou totalmente em áreas do sistema viário, ferroviário, rede de alta tensão, oleoduto ou gasoduto

Tipo de ocupação Número de favelas Número de Domicílios (1)

Sobre área de sistema ferroviário ativo 10 2.416

Sobre área de sistema viário ativo 256 118.051

Sobre alça de acesso 5 2.320

Embaixo de ponte ou viaduto 5 1.419

Sobre rotatória ou ilha de trânsito 5 1.207

Embaixo de Rede de Alta Tensão 59 16.489

Sobre Oleoduto ou Gasoduto 16 5.857

Nota: (1) Número total de domicílios das favelas identificadas. Não contabiliza o percentual que efetivamente está inserido nos diferentes tipos de ocupação. Fonte: HABISP, 2012.

A tabela 2.14 apresenta um panorama, por tipo de ocupação de risco, em que as favelas de São Paulo estão inseridas, parcial ou totalmente, sendo que, a invasão sobre áreas não edificante ou leito de curso de água são as mais expressivas, com 37,37% do total de favelas da cidade.

Tabela 2.14 - Percentual de favelas por tipo de situação de risco (HABISP, 2012)

Tipo de ocupação (1) Número de favelas Representatividade (%) Sobre área não edificante ou leito de curso de água 606 37,37

Em aterros/lixões ou áreas contaminadas 21 1,29

Sobre área de sistema de transporte 281 17,32

Embaixo de Rede de Alta Tensão 59 3,64

Sobre Oleoduto ou Gasoduto 16 0,98

Total de favelas no MSP 1622 100,00

Nota: (1) uma mesma favela pode conter vários tipos de ocupação em situação de risco, sendo acrescentada em mais de um item na classificação, onde, por exemplo, contenha domicílios instalados junto a leito de córregos e embaixo de rede de alta tensão. Fonte: dados HABISP, elaboração autora.

Em relação à coleta de esgoto sanitário, 42,1% das favelas não possuem nenhum atendimento, 49,5% são atendidas parcialmente e somente 8,3% possuem atendimento integral. As favelas que possuem coleta de lixo representam 92,5% do total, sendo que em 27,1% das áreas a coleta é parcial e em 64,4% é total. O abastecimento de água é realizado em 87,4% das favelas, sendo 62,5% parcial e 24,9% total.

Sendo assim, os serviços de abastecimento de água e coleta de resíduos sólidos são inexistentes em, respectivamente, 12,6% e 7,5% das favelas inseridas no

município, além de contar com um atendimento parcial em grande parte das áreas onde o levantamento foi efetuado.

Tabela 2.15 - Favelas atendidas, parcial ou totalmente, por serviços públicos de abastecimento de água, coleta de esgoto e de resíduos sólidos/lixo

Tipo de atendimento Abastecimento de água Coleta de esgoto Coleta de resíduos sólidos/Lixo

Atendidas 1.406 930 1495

Não Atendidas 202 678 120

Sem informação 14 14 7

Fonte: HABISP (2012).

Oficialmente, o atendimento por rede de energia elétrica domiciliar alcança parcialmente 862 favelas (53,6%) e totalmente 331 áreas (20,6%), e as demais áreas (25,8%) não possuem nenhum tipo de atendimento pela AES Eletropaulo80, recorrendo às ligações clandestinas. O HABISP (2012) identifica, ainda, por favela, os percentuais estimados de iluminação pública, drenagem de águas pluviais e vias pavimentadas, conforme apresentado na tabela 2.16.

Tabela 2.16 - Favelas com intervenções realizadas, parcial ou totalmente, em iluminação pública, drenagem pluvial e vias pavimentadas

Tipo Iluminação Pública Drenagem Pluvial Vias Pavimentadas

Existente 1.323 1.157 1.252

Não existente 284 459 351

Sem informação 15 6 19

Fonte: HABISP (2012)

A média da Renda Média nas favelas é de R$ 734,52, pouco acima do salário mínimo nacional no ano 201281. Esta média pode variar nas favelas de cerca de cem reais a até R$ 9.445,09, como o caso da favela Estrada Velha do Morumbi, com somente 6 domicílios, localizada na Subprefeitura do Campo Limpo em uma área de 397,32m². Em pior situação de pobreza, com rendas médias inferiores à média geral, encontram-se as famílias que ocupam áreas não edificantes ou leito dos

80 Companhia de Energia Elétrica que atende ao município de São Paulo. 81

Conforme Decreto Federal 7.655, de 23 de dezembro de 2011, o salário mínimo para o ano de 2012 foi de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais).

corpos d´água, onde esse valor cai para R$ 597,44 e nos aterros/lixões para R$ 536,35.

De acordo com o HABISP (2012), em relação ao número de domicílios, as dez maiores favelas da cidade de São Paulo são:

Tabela 2.17 - As dez maiores favelas da cidade de São Paulo

Posição Nome Regional Domicílios

1 Paraisópolis Sul 17.159

2 Heliópolis Sudeste 15.843

3 São Francisco Global Leste 7.957

4 Pantanal 2 Leste 6.800

5 Sinhá Sudeste 3.500

6 Jardim Jaqueline Sul 3.392

7 Jardim Colombo Sul 3.244

8 Jardim Noronha I, II e III Sul 3.237

9 Sapé Sul 2.429

10 Jardim Fim de Semana Sul 2.080

Fonte: HABISP, 2012

Figura 2.6 - Favela de Paraisópolis82 Figura 2.7 – Favela de Heliópolis83