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Indústrias de transformação ativas no Ceará 2002-

HACO ETIQUETAS

A Haco Etiquetas, fundada pela família Conrad, emigrada da Alemanha, contando mais de 85 anos de experiência no setor têxtil e um parque industrial de mais de 40 mil metros quadrados, produz mais de três bilhões de etiquetas por ano, em sua matriz situada em Blumenau, Santa Catarina e outras cinco unidades: Massaranduba e Criciúma (SC), Farroupilha (RS), Eusébio (CE) e Covilhão (Portugal), além de um escritório em Hong Kong, inaugurado em 2011.

A unidade Haco Etiquetas Nordeste, estabelecida no Município de Eusébio, desde 2000, produz etiquetas tecidas e atende aos mercados do Norte/Nordeste. Além de etiquetas (tecidas, estampadas, adesivas e de papel), a Haco atende aos mercados de vestuário, calçados, lingerie, tecelagem e acessórios. A empresa também atua no desenvolvimento de

jacquards(tecido usado na confecção de estofados, bolsas, sapatos e outros artigos de

decoração).

As etiquetas tecidas representam 52% do faturamento, seguidas dos cadarços, com 17%, e das etiquetas estampadas (11%). O grupo ainda é a única empresa de etiquetas e cadarços a ter uma unidade de tingimento e beneficiamento de fios no mundo.

A Coteminas no Rio Grande do Norte, a Guararapes, a Vicunha e a Santana Têxtil no Ceará são alguns dos clientes da Haco, que emprega no Eusébio cerca de 328 pessoas, estando distribuídas em três turnos, atuando tanto na parte fabril como na administração, sendo a maior parte constituída de trabalhadores do município, exceto o gerente administrativo e o supervisor de produção, e o funcionário responsável pelos treinamentos de qualificação, todos de Blumenau, além do gerente de recursos humanos que é de Fortaleza. A faixa etária dos empregados é de 18 a 44 anos e a maioria tem formação escolar de 2°. grau.

Com a ampliação e a modernização da fábrica da Haco Etiquetas no Eusébio, o Ceará assume o segundo lugar, em produção, entre as cinco unidades fabris dessa gigante mundial no segmento. Foram investidos R$ 30 milhões na unidade, sendo R$ 10 milhões deles na aquisição do prédio da planta industrial. Com a mudança, a fábrica sai dos 2.500 metros quadrados de um prédio alugado e vai para uma sede própria de 10 mil metros quadrados num terreno de 50 mil de área. Um terço da construção foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante, como máquinas e equipamentos, de financiamento próprio. Na unidade fabril, já em funcionamento, temos 200 funcionários e produzimos dois milhões de metros em etiquetas por mês.. (DIÁRIO DO NORDESTE.Negócios. Ceará passa a 2º em etiquetas. 08 de maio de 2008)

Das indústrias que surgiram após 2002, há a Tramix, Martêxtil, Zanotti, Coats Corrent, Aleze, Cristal Têxtil, Marinho Têxtil, Ramalho Têxtil, Karsten, a Beatriz Têxtil etc.

Com 25 anos no mercado têxtil, a Aleze, com sede em Farroupilha / RS, tem, entre seus produtos, elásticos, fitas, trançados e cordões.

A Beatriz Têxtil S/A ocupa uma área de 7,86 ha no Distrito Industrial de Maracanaú, produz fios têxteis de algodão e possui 253 empregados.

A Ramalho Têxtil11, com sede no Eusébio, é a primeira fábrica de redes de descanso a vender diretamente ao consumidor em sua loja virtual Denaná.

11Para mais informações, acessar: www.ramalhotextil.com.br

Hoje esta indústria exporta para grande parte da Europa, para os Estados Unidos e Canadá e para países da Ásia, como Japão e Rússia. No Brasil, as redes Denaná chegam a todos os Estados por meio da venda direta pelo comércio eletrônico.

Uma das maiores indústrias de cama, mesa, banho e decoração no Brasil, assim é a Karsten, uma indústria de capital aberto que emprega mais de três mil pessoas na sua sede em Blumenau (SC) e unidades em Maracanaú (CE) e São Paulo (SP).

A Karsten Nordeste Indústria Têxtil LTDA, com objetivo de reduzir custos de fabricação, aumentando a produção própria de fios, iniciou a construção da Karsten Nordeste, em Maracanaú (CE), em novembro de 2005. A unidade produz 110 toneladas mensais de fios e aumentou para 80% a sua autossuficiência. São duas unidades em Maracanaú, sendo uma (rua Leste 5, n° 120) voltada para confecção de cama, mesa e banho e outra (rua Leste 5, n° 100) para o ramo têxtil (fabricação de artigos de cama).

A Tramix 12 Indústria e Comércio Têxtil Ltda, especializada na fabricação de fios e linhas de costura de poliéster, sediada em Aquiraz desde 2006, conta com um parque industrial de aproximadamente 2000m² e uma produção mensal de 40 toneladas.

A Tramix possui 80 funcionários e beneficia mais de 60.000 mil quilos por mês de poliéster, fornecendo linhas desse produto para clientes no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.

12 Para mais informações, acessar:www.tramix.com.br

Foto 10: Karsten em Maracanaú. Alexsandra Muniz. Trabalho de Campo: 27.11.2012

A Marinho Têxtil13 fica sediada em Feira de Santana, na Bahia. No mercado desde 1992, a Marinho Têxtil, além de produzir tecidos de malhas(Marinho Têxtil - Malharia) também confecciona roupas(Cokeluche camisaria).

A Martêxtil Indústria e Comércio Têxtil está localizada nas margens da rodovia CE 253, S/N, no Km 02, na saída do município de Cascavel, onde funcionava uma indústria de calçados(pé de ferro).

Hoje é especializada em tecidos, bojos de sutiãs, espumas e palmilhas para sapatos, fazendo parte do grupo COFRAG, que possui duas unidades no Nordeste brasileiro, a Dubahia, no Estado da Bahia, e a Martextil, no Ceará, além da matriz em Novo Hamburgo e filial localizada em São Leopoldo. O grupo COFRAG atua no ramo calçadista há mais de 23 anos. Em Cascavel, instalada desde 2006, a Martêxtil possui relações comerciais com a Grendene, Vulcabrás e Dakota. Trabalha com ceras artificiais de polietileno, recebendo da Vulcabrás as placas de EVA. Os funcionários passaram de 120 quando da chegada da indústria e hoje são cerca de 300 e são em sua maioria da redondeza, sendo 80% homens. O horário de funcionamento é de segunda a sexta de 7 às 17 horas e os serviços terceirizados são os de transporte, alimentação e segurança. Possui benefício fiscal na redução do IRPJ e um faturamento de até 150.000.

13 Para mais informações, acessar:www.marinhotextil.com.br.

Foto 11: Martêxtil nas margens da CE 253 em Cascavel Alexsandra Muniz

A Cristal Têxtil14 foi constituída em 1986, confeccionando elásticos para atender sua própria demanda e a necessidade das malharias e confecções da região. Com o passar dos anos, o foco de atuação foi sendo direcionado também para outros segmentos, dentre eles a indústria calçadista, a qual detém atualmente o maior mercado da empresa. Foi com o foco neste segmento, que, em 1997, a Cristal sediou na cidade de Novo Hamburgo, uma filial, com o propósito de atender com maior agilidade seus clientes.

A Cristal Têxtil está estabelecida na Serra Gaúcha, região onde a indústria têxtil é desenvolvida e conta com uma mão de obra especializada. Construída no centro de Caxias do Sul, em uma área própria de 1000 m2, com um pavilhão de 600 m2, de onde saem mensalmente 300 mil metros de elásticos e um milhão e 800 mil metros de fitas, ultrapassa o total de dois milhões de metros produzidos por mês.

Além da matriz em Caxias do Sul -RS e da filial em Novo Hamburgo- RS possui outra filial no Ceará, no município de Eusébio.

A Têxtil Zanotti,15 fundada em 1981, uma das maiores fabricantes mundiais de elásticos, é a líder no segmento de fitas elásticas em toda a América. No Brasil, possui operações em quase todo o território, além de comercializar seus produtos em quase todos os países da América e manter contato ativo nos cinco continentes. A têxtil Zanotti produz mais de 11 milhões de metros de fitas elásticas por dia em avançado parque fabril, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, onde opera em área de 85 mil m²; são 2.300 trabalhadores treinados para fazer com que o produto chegue até o consumidor dentro dos padrões de qualidade. Na filial em Pacatuba, com 18 mil m², o número de empregados é cerca de 280. Seus produtos atendem à cadeia têxtil e estão presentes no dia a dia das pessoas nas mais diversas formas: seja na fita elástica de cuecas ou lingerie, escondidos nas roupas, em produtos hospitalares, calçadista, automobilística e de outras formas diversas.

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Para mais informações, acessar:www.cristaltextil.com.br. 15 Para mais informações, acessar: www.zanotti.com.br.

Foto 12: Indústria Zanotti em Pacatuba. Alexsandra Muniz, Trabalho de campo: 12.01.2012

A Coats Corrente Ltda16, com unidade em Fortaleza, produz linhas e zípers e possui 2.800 empregados. O Grupo Coats teve origem na Escócia no início do século XIX, com a entrada, separadamente, de James Coats (com a empresa J&P Coats) e James Clark (da J&J Clark) no mundo da fabricação de fios de algodão. Em 1896, as duas empresas, até então concorrentes entre si e maiores fabricantes de linhas do mundo, se fundiram, aproveitando as novas tecnologias advindas da Revolução Industrial têxtil europeia da época para se tornar líder mundial de linhas para costura industrial e doméstica. De lá para cá, o grupo só cresceu e hoje está presente em cerca de 60 países.

A unidade brasileira da Coats foi fundada em 18 de junho de 1907, no bairro Ipiranga, em São Paulo. A empresa ficou conhecida como Linhas Corrente até mudar a razão social para Coats Corrente em 1995, adequando-se à logomarca mundial do grupo.

Certificada pela ISO 9001 dispõe de fábricas nas regiões Sudeste e Nordeste do País, assim como escritórios de vendas e centros de distribuição estrategicamente localizados. A busca contínua pela inovação permite à empresa oferecer uma completa gama de produtos e serviços para dar aos clientes opções em linhas para costura, bordado, crochê, tricô, zíperes, entretelas e acessórios.

Como seria inviável tecer análises acerca de todas as indústrias têxteis ativas no espaço metropolitano de Fortaleza, a que selecionamos como objeto de estudo foi a Unitêxtil. No primeiro momento, pensamos na Vicunha, mas, como Fortaleza se destaca na produção industrial têxtil e a Vicunha se encontra em Maracanaú e Pacajus, além de não ser de capital local, não daria para entender a dinâmica da indústria têxtil cearense com base em uma indústria de fora. Além disto, soma-se a dificuldade em coletar informações e o impedimento em fazer registro fotográfico durante a visita nestas duas unidades(Vicunha-Maracanaú e Vicunha-Pacajus), o que inviabilizou a intenção inicial e levou à opção por outra indústria. No segundo momento, pensamos na TBM, que possui duas unidades em Fortaleza e duas em Maracanaú, mas nesta, embora seja de capital genuinamente cearense, não conseguimos após várias tentativas nem mesmo fazer uma visita, muito menos coletar informações para a pesquisa ou fazer alguns registros.

Como nem a Vicunha, nem a TBM têm uma história anterior ao processo de reestruturação, até para efeito comparativo e análise da dimensão das consequências do período em curso, a Unitêxtil foi a escolha mais acertada. A Unitêxtil, além de estar na Capital, tem uma história que acompanha o próprio desenvolvimento da indústria têxtil no

16 Para mais informações, acessar: www.coatscorrente.com.br

Ceará. Por outro lado, não é a única indústria têxtil que resiste ao tempo, já que, da década de 1960, existem a Passamanaria e a Jangadeiro Têxtil; entretanto, a Passamanaria tem como carro chefe a produção voltada para fabricação de elásticos, alimentando indústrias de

lingerie, já a Jangadeiro Têxtil não se encontra na Capital, mas em Maracanaú. Da década de

1970, assim como a Unitêxtil, ainda há a Permalex, só que esta, embora tenha começado a produção em Fortaleza, depois foi transferida para Maracanaú, e é voltada para produção de entretelas, ou seja, um produto que é aplicado no tecido, já na etapa de confecção da roupa, além disto, hoje pertence a um empresário coreano, tendo sido comprada de empresários cearenses. Desta forma, descobrimos no decorrer da pesquisa que estávamos certos em escolher a Unitêxtil para estudo de caso, pois como veremos adiante, nos permitiu, dentre outras coisas, entender a dinâmica de ganho e perda de importância de cidades, como também mudanças na cartografia e consequências socioespaciais, permitindo ainda analisar em uma escala menor, chegando até o chão de fábrica e percebendo as relações com o intraurbano da Capital, como veremos no capítulo 5.

Como se expressou o contexto econômico atual, o papel do Estado na condução de políticas voltadas ao setor industrial e os impactos no setor têxtil, em particular?

Desde os anos 1990, com a abertura do mercado nacional à concorrência internacional, a indústria têxtil foi obrigada a um grande esforço de investimentos, não só em máquinas e equipamentos, mas também em treinamento, inovação, reestruturação da produção e da gestão, objetivando a redução de custos e a melhoria da produtividade e da qualidade de seus produtos, a fim de se equiparar aos grandes produtores.

No contexto pós-anos 1980, com uma política que deixava de ser protecionista e que buscava um aumento da produtividade, a indústria têxtil teve que se tornar mais eficiente e produtiva para a sua inserção mundial. É nesse contexto que se origina o processo de reestruturação do setor têxtil brasileiro.

As maiores dificuldades, agora, são inerentes às escalas de produção e ao nível de organização das indústrias brasileiras, além da equivalência tributária e dos custos financeiros praticados nos países considerados grandes supridores internacionais de têxteis e vestuário. No início dos anos 2000, a avalanche da importação de produtos de confecção asiática, os altos juros, o câmbio desfavorável e a carga tributária imposta à produção nacional foram responsáveis por uma das maiores crises deste setor.

A análise das transformações atuais do setor industrial têxtil, no contexto do processo de reestruturação produtiva, exige a compreensão, mesmo que sucinta, de sua relação com o contexto maior da reestruturação capitalista, já que os impactos na esfera

produtiva e socioespacial constituem uma das múltiplas facetas deste processo. Desta forma, no capítulo seguinte, buscamos vislumbrar este cenário maior da dinâmica atual.

No módulo que se segue, abordaremos o conceito de reestruturação, sua caracterização no setor industrial e sua periodização ao longo do desenvolvimento do capital e alguns reflexos na indústria têxtil, bem como o deslocamento industrial como uma das evidências do processo em curso e a formação de polos têxteis.

4 A REESTRUTURAÇÃO INDUSTRIAL NA ERA DA MUNDIALIZAÇÃO DO