• Nenhum resultado encontrado

qualitativa 12 , já que busca compreender fenômenos e produzir novas informações

3 HB de CONSTRUÇÃO HISTÓRICA

3.5 HBIM e GIS

Um trabalho muito interessante foi apresentado por Baiak, Yaagoubi e Boehm (2015. p. 29-34). Neste, os autores propuseram a integração do BIM e do 3D GIS62 para

produzir modelos semanticamente ricos e assim, com os benefícios de ambos sistemas, ajudar na visualização, na documentação, na gestão, no monitoramento e na análise do patrimônio cultural. A proposta foi aplicada em um edifício chamado

62 3D Geographic Information System (3D GIS). Um 3D GIS é um sistema que permite gerenciar, analisar e

visualizar dados espaciais e descritivos de objetos associados a um sistema de coordenadas conhecido. Além disso, os 3D GIS são caracterizados por sua arquitetura "em camadas", onde cada camada contém um subconjunto de recursos que representam o mesmo tema (estradas, cursos de água, edifícios, portas, janelas, telhados etc.) (BAIAK, YAAGOUBI E BOEHHM, 2015).

Nasif, em Jeddah. Inicialmente, foi feito o levantamento do prédio através de varredura à laser e fotogrametria. Em seguida, com base em uma biblioteca elaborada a partir de manuscritos históricos islâmicos, foi construído o modelo HBIM no Autodesk Revit. Por fim, o modelo HBIM foi integrado ao modelo 3D GIS através do Autodesk InfraWorks2015 (Figura 28).

Figura 28 – Integração com o modelo HBIM no Infraworks

Fonte: Baiak et al. (2015).

Para os autores, os modelos HBIM oferecem ferramentas poderosas para automatizar a modelagem graças aos objetos paramétricos. Todavia, existe uma lacuna com relação a incorporação de atributos que não são arquitetônicos. Por outro lado, o 3D GIS tem um grande potencial para integrar facilmente novas informações e para analisar e consultar atributos e dados espaciais, mas não para criar modelos geométricos complexos. Através da integração do HBIM e do GIS, estes problemas puderam ser solucionados. Neste trabalho, os dados GIS consistiram de: 1) dados vetoriais que representavam as redes de ruas e calçadas, 2) dados raster do terreno e, 3) dados descritivos que forneceram informações relevantes sobre a história da edificação e sobre os materiais que foram usados em sua construção.

O artigo de He, Liu, Xu, Wu, Zhang (2015. p. 215-222) propôs a combinação do GIS e do BIM para documentação e análise do Patrimônio Cultural em uma escala espacial contínua, desde edifícios históricos até sítios arqueológicos e paisagens culturais, tendo como estudo de caso o patrimônio industrial de Dagu Dock, candidato a Patrimônio Mundial. Para os autores, a utilização do GIS no patrimônio cultural, tanto como banco de dados, quanto como na pesquisa acadêmica, é mais madura que a utilização do BIM. Entretanto, devido à complexidade inerente à documentação e à visualização das propriedades da construção e de seus componentes estruturais, as ferramentas GIS não são conseguem, sozinhas, representar e gerir a conservação e manutenção do patrimônio. Assim, quando se chega na escala da construção e de objetos, a tecnologia BIM pode ser um valioso auxílio. Um sistema de gestão da informação em contínuas escalas que possa arquivar, ilustrar e analisar uma paisagem cultural e que inclua diferentes escalas espaciais de grupos de edifícios, suas propriedades individuais, componentes construtivos e suas mudanças temporais é fundamental para a conservação. A integração entre o GIS e o BIM foi vista como a chave para atingir este objetivo.

A fim de organizar as informações, tecnologias e metodologias nos estudos de conservação do patrimônio cultural baseados em GIS, foi proposta uma escala contínua composta das escalas regional, local e construção.

Na escala regional, a análise espacial do GIS revelou os aspectos históricos e geográficos do patrimônio na política, economia, desenvolvimento social e cultural. Na escala local, a análise espacial do GIS revelou as restrições e os impactos ecológicos e ambientais e o significado subjetivo ou fenomenológico das paisagens. A análise na escala da construção revelou como um único prédio impacta este cenário. Neste ponto, a integração entre GIS e BIM possibilitou a criação de um banco de dados em escalas contínuas em diferentes LOD. Na sequência, para fins de planejamento urbano, projetos de conservação do patrimônio industrial, projetos arquitetônicos etc., os pesquisadores dividiram as informações do patrimônio industrial em sete grupos de escalas: regional, urbana, bairro, lote (tratados em GIS, com baixo nível de

detalhe), edifício, componentes da construção (importados do BIM, com alto nível de detalhe) e mobiliário (máquinas industriais) (Figura 29).

Figura 29 – Escalas espaciais e tecnologia correspondente

Fonte: adaptado de He et al. (2015).

O sistema proposto buscou representar todas as informações do patrimônio através de objetos 3D. As partes tangíveis, como pátios, edifícios, instalações industriais e outros elementos urbanos relevantes foram registradas no CityGML e no BIM. Informações semânticas (intangíveis), como dados raster, registros históricos, documentos e descrições sociais e culturais foram anexadas como atributos aos objetos modelados, como mostrado no Quadro 2.

Quadro 2 – Atributos usados para diferentes categorias de bens do patrimônio

Bem histórico Categorias de atributos

Fábrica Nome, categoria da indústria, data de construção, nível de proteção, produto principal, descrição da situação atual, principal tecnologia, momentos/ personagens históricos importantes, informação documental, etc.

Edifício/estrutura Nome, data de construção, momentos/personagens históricos importantes, informação documental, descrição da situação atual, nível de proteção, etc. Máquina Nome, data de manufatura, modelo, especificações do produto, fabricante,

marca, função, descrição da situação atual, informação documental, etc. Fonte: adaptado de He et al. (2015).

4

I de INFORMAÇÃO

Ao contrário do que ocorre com modelos BIM, a construção de modelos HBIM não pretende contemplar todo o ciclo de vida de edifícios do patrimônio histórico, uma vez que estes encontram-se já construídos. Antes, serve para embasar projetos de intervenção63 (restauração, conservação, adequação para alteração de uso e outras

intervenções) e a operação e a manutenção dos mesmos. Assim sendo, quais informações devem ser anexadas ao modelo HBIM, para que o mesmo possa servir a estes propósitos?

O IPHAN, desde a sua criação em 1937, vem manifestando em documentos, iniciativas e projetos, a importância da proteção e da preservação do patrimônio sob sua responsabilidade e estabelecendo discussões teóricas e metodologias de atuação. Neste sentido, o “Manual de elaboração de projetos de preservação do patrimônio cultural” (IPHAN, 2005), o documento “Orientações para elaboração do projeto básico para contratação de projetos” (IPHAN, 2013), e o manual do SICG

63 Restauração: conjunto de operações destinadas a restabelecer a unidade da edificação, relativa à

concepção original ou de intervenções significativas na sua história. O restauro deve ser baseado em análises e levantamentos inquestionáveis e a execução permitir a distinção entre o original e a intervenção. A restauração constitui o tipo de conservação que requer o maior número de ações especializadas.

Conservação: conjunto de ações destinadas a prolongar o tempo de vida de determinado bem cultural.

Engloba um ou mais tipos de intervenções.

Manutenção: conjunto de operações preventivas destinadas a manter em bom funcionamento e uso, em

especial, a edificação. São exemplos: inspeções rotineiras, a limpeza diária ou periódica, pinturas, imunizações, reposição de telhas danificadas, inspeção nos sistemas hidro sanitário, elétrico e outras.

Reparação: conjunto de operações para corrigir danos incipientes e de pequena repercussão. São

exemplos: troca ou recuperação de ferragens, metais e acessórios das instalações, reposição de elementos de coberturas, recomposições de pequenas partes de pisos e pavimentações e outras.

Reabilitação: conjunto de operações destinadas a tornar apto o edifício a novos usos, diferente para o qual

foi concebido.

Reconstrução: conjunto de ações destinadas a restaurar uma edificação ou parte dela, que se encontre

destruída ou em risco de destruição, mas ainda não em ruínas. A reconstrução é aceitável em poucos casos especiais e deve ser baseada em evidências históricas ou documentação indiscutíveis. São exemplos: as edificações destruídas por incêndios, enchentes, guerra, ou, ainda, na iminência de serem destruídas, como no caso de construção de barragens.

Consolidação / Estabilização: conjunto de operações destinadas a manter a integridade estrutural, em

parte ou em toda a edificação.

Revitalização: conjunto de operações desenvolvidas em áreas urbanas degradadas ou conjuntos de

edificações de valor histórico de apoio à “reabilitação” das estruturas sociais, econômicas e culturais locais, buscando a melhoria da qualidade geral dessas áreas ou conjuntos urbanos (IPHAN, 2005).

(IPHAN, 2014) vieram estabelecer a metodologia de planejamento das atividades de projeto (que se constitui nas etapas de Identificação e Conhecimento do Bem, Diagnóstico, Estudo Preliminar64, Projeto Básico65 e Projeto Executivo66) e estabelecer

o nível de qualidade desejada dos serviços.