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7. ARTIGO 4: COMPOSIÇÃO QUÍMICA, RENDIMENTO DO ÓLEO E

7.2.5 Heterose

A estimativa de heterose de cada híbrido da população F1 foi obtida pela seguinte

expressão: h = F1 – (P1 + P2/2), em que F1 é a média da geração filial e P1 e P2 são as médias do genitores 1 e 2, respectivamente (FALCONER, 1987).

7.2.6 Análise estatística

Os dados foram submetidos a testes de normalidade dos resíduos de Shapiro-Wilk e homocedasticidade das variâncias que indicaram a não necessidade de transformação. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade e o agrupamento de médias realizado pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade, com o auxílio do software estatístico SISVAR® (FERREIRA, 2008).

Para verificar a variabilidade genética entre as progênies, realizou-se análise de variância para cada caracter. Posteriormente, foram estimadas as correlações fenotípicas entre os caracteres. As estimativas de parâmetros genéticos foram realizadas com o uso do software estatístico GENES (CRUZ, 2014).

7.3 Resultados e Discussão 7.3.1 Biometria de sementes

Observou-se diferença significativa (P<0,05) entre os híbridos para o teor de óleo e para as características biométricas comprimento, largura e espessura das sementes. Para a característica comprimento de sementes, observou-se a formação de quatro grupos com valores médios que variaram de 17,17 a 19,12 mm. As características largura e espessura de sementes apresentaram a formação de três grupos, cada uma, com valores que variaram de 10,90 a 11,80 mm e 8,13 a 8,80 mm, respectivamente. Para o teor de óleo, observou-se variação de 33,27 a 52,20% e para massa de 100 sementes, 50,25 a 55,97 g, com destaque para o híbrido 4x5, que foi superior aos demais híbridos para estes caracteres (Tabela 7.1).

TABELA 7.1 Caracterização biométrica e teor de óleo de sementes híbridas de Jatropha curcas L. UFS, São Cristóvão-SE, 2018.

Híbrido Comprimento (mm) Largura (mm) Espessura (mm) Massa de 100 sementes (g) Teor de óleo (%) 1x5 19,12 a 11,80 a 8,80 a 55,97 a 46,30 a 1x8 18,47 b 11,32 b 8,52 a 53,31 a 43,87 a 1x13 17,98 c 11,17 b 8,13 b 52,44 a 46,07 a 3x5 18,30 b 11,25 b 8,45 a 54,21 a 42,80 a 3x8 18,33 b 11,27 b 8,57 a 54,75 a 42,40 a 3x13 17,51 d 10,97 c 8,59 a 50,28 a 52,20 a 4x5 17,78 c 11,20 b 8,44 a 52,05 a 46,47 a 4x8 17,87 c 11,23 b 8,42 a 55,58 a 33,27 b 4x13 17,17 d 10,90 c 8,23 b 50,25 a 43,03 a 4x15 18,01 c 11,18 b 8,39 a 52,85 a 43,00 a CV (%) 1,44 0,98 1,99 5,64 7,48

Médias seguidas de mesma letra na coluna pertencem a um mesmo grupo de acordo com o critério de agrupamento de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

O híbrido 1x5 destacou-se em relação aos caracteres comprimento e largura de sementes, diferenciando-se dos demais híbridos. Estes valores foram superiores aos obtidos por Pessoa et al. (2012), Christro et al. (2012) e Pimenta et al. (2014) para as mesmas variáveis de sementes de J. curcas avaliadas.

Apesar da recomendação dos progenitores 1 e 10 para uso em cruzamentos dialélicos, devido a possibilidade de transmissão da característica rendimento do óleo (PESSOA et al., 2011), o maior teor de óleo foi obtido de sementes do híbrido 3x13 (52,20%). Estes valores são superiores aos relatados por Fernandes et al. (2015) e observados por Evangelhista et al. (2015) em cultivos no estado de Minas Gerais, sob irrigação e sequeiro.

O menor rendimento de óleo foi observado em sementes do híbrido 4x8 (33,27%), verificando-se uma amplitude de 18,93% quando comparado ao teor de óleo extraído das sementes do híbrido 3x13. Esta amplitude pode ser explicada pela variabilidade genética existente entre os genitores utilizados nos cruzamentos dialélicos, sendo estas informações importantes para cruzamentos entre indivíduos superiores.

O híbrido 4x13 apresentou os menores valores médios para as características biométricas avaliadas, porém, não foi observada diferença significativa entre os híbridos para a variável massa de 100 sementes. Os valores médios observados nesta característica foram inferiores aos obtidos por Santana et al. (2013) para estes híbridos de J. curcas.

Ao estimar a diversidade genética de 75 progênies de J. curcas oriundas do Brasil e de três regiões do Camboja, com marcadores morfológicos, verificou-se um teor médio de óleo nas sementes de 31%, variando de 16 a 45%. Não foi encontrada correlação genética entre caracteres morfoagronômicos e teor de óleo, evidenciando ampla variabilidade para este caracter (FREITAS et al., 2011).

Devido ao fato desta espécie ainda ter não ter sido totalmente domesticada, as características biométricas de produção e de rendimento de óleo em sementes, além de outros componentes químicos variam consideravelmente entre diferentes procedências de J. curcas. Esta variação é muito importante para os programas de melhoramento vegetal direcionados à exploração econômica da cultura (DRUMOND et al., 2010).

Observou-se que os dados de herdabilidade no sentido amplo foram altos para a maioria dos caracteres avaliados, com valores acima de 80% (Tabela 7.2). Os maiores valores foram observados para comprimento (92,50) e largura (93,24), superiores aos valores obtidos por Christo et al. (2014) para os mesmos caracteres (87,73 e 81,37), em sementes de genótipos oriundos do banco de germoplasma da Embrapa Agroenergia, localizada em Brasília, Brasil. Os valores de herdabilidade para teor de óleo e massa de 100 sementes foram inferiores aos relatados por Rao et al. (2008), que obtiveram valores médios de 99,61 para o teor de óleo e 93,16% para a massa de 100 sementes; e por Kaushik et al. (2015), com valores de 95,49% para teor de óleo e 87,75% para massa de 100 sementes.

TABELA 7.2 Estimativas de variância genética (σg2), ambiental (σe2) e fenotípica (σf2) e

herdabilidade no sentido amplo (h2) em caracteres de sementes híbridas de Jatropha curcas L. UFS, São Cristóvão-SE, 2018.

Parâmetro Comprimento (mm) Largura (mm) Espessura (mm) M100 (g) TO (%)

Média 18,06 11,23 8,45 53,17 20,70 σg2 0,27 0,05 0,03 1,91 19,33 σe2 0,02 0,01 0,01 2,09 3,33 σf2 0,29 0,06 0,04 4,01 22,67 h2 92,50 93,24 80,20 47,75 85,29 CVg% 2,88 2,12 1,98 2,60 29,95 CVe% 5,07 5,12 1,99 1,24 33,87 CVg%/ CVe% 1,76 0,75 1,01 0,48 7,20 CV (%) 1,64 1,11 1,97 5,44 7,19 QMg1 1,17** 0,23** 0,14** 16,02ns 60,00*

1 = Quadrado médio do tratamento; ** e * = Significativo a 1 e 5% de probabilidade; ns = Não significativo. Legenda: M100 = Massa de 100 sementes; TO = Teor de óleo (%).

O teor de óleo apresentou o maior coeficiente de variação genética e a massa de 100 sementes, o de variação ambiental, corroborando com dados obtidos por Diédhiou et al. (2016) em genótipos cultivados no Senegal, oriundos do Senegal, Moçambique e Tanzânia. Porém, estes autores relataram valores inferiores de coeficiente de variação genotípica para teor de óleo (19,84) e superiores para M100 (14,96).

O ganho de seleção em programas de melhoramento é determinado pela magnitude e natureza da variação genotípica e fenotípica entre diferentes caracteres. Neste sentido, a herdabilidade indica a confiabilidade do fenótipo como base para a seleção de genótipos superiores. Comparativamente, estes resultados são similares aos obtidos por Galapia et al. (2012), que verificaram alta estimativa de herdabilidade para comprimento, largura e espessura de sementes de J. curcas cultivado na região de Laguna (Filipinas).

Alta herdabilidade e coeficientes de variação genotípica sugerem que existe alta variação genética entre os híbridos, que pode ser observado nos caracteres biométricos e no rendimento do óleo. Tal variação pode está associada às diferentes procedências dos parentais usados nos cruzamentos, que são de diferentes regiões do Brasil (PESSOA et al., 2011; RIBEIRO et al., 2017), sendo importante estimar a heterose dos híbridos comparando-os com os genitores.

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