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HEURÍSTICA DE SEQUENCIAMENTO

Na visão do Departamento de Engenharia de Manufatura da empresa existe uma possibilidade de sequenciamento que vem de encontro com a filosofia da manufatura enxuta em relação à flexibilidade e nivelamento da produção. Esses princípios enxutos costumam ter um custo adicional para as empresas, porém a empresa em estudo não necessita de uma flexibilidade tão grande quanto a existente atualmente. Uma vez que o grande fluxo de produtos montados é expedido para as concessionárias no final do mês, ficando em estoque na empresa até esta data, possibilitando a alteração do dia de produção para alguns veículos.

Nos acompanhamentos aos fornecedores internos e à linha de montagem foram constatadas que muitas restrições de produção ocorrem devido à limitação de capacidade de equipamentos ou processos. Um estudo inicial foi realizado com a finalidade de verificar a possibilidade de utilizar um sequenciamento que agrupasse os modelos iguais e utilizassem um tempo de ciclo variante. Porém o sequenciamento por modelos necessitaria de grandes investimentos em equipamentos em diversos setores da empresa, para eliminar as restrições do tipo de número máximo de determinada variante em determinado número de veículos.

Por esse motivo a heurística de sequenciamento proposta foi desenvolvida respeitando todas as restrições levantadas na coleta de dados. As restrições foram divididas em três: restrições de máximo diário, relativas às variantes que tem um limite máximo diário de produção; restrições da linha de montagem, relativas às restrições do tipo de número máximo de determinada variante em determinado número de veículos para a linha de montagem, e restrições de fornecedores, relativas às restrições do tipo de número máximo de determinada variante em determinado número de veículos para qualquer um dos quatro fornecedores.

O sequenciamento ainda deve respeitar a priorização dos veículos identificados no Departamento de Engenharia de Vendas. Para redução de estoques e produção rápida dos veículos já vendidos.

Os critérios adotados para a comparação dos resultados do método proposto e o atualmente utilizado pela empresa são: número de restrições quebradas e priorização de veículos com determinadas variantes.

A FIGURA 14 apresenta um exemplo de sequência e o cálculo de quebra de restrições. O “X” é uma variante que tem restrição e o “_” é um veículo com outra

variante, sem restrição. Em cinza estão marcados os veículos que estão sendo utilizados para o cálculo de quebra de restrições. No exemplo, três veículos estão marcados de cinza de cada vez, pois a razão utilizada é de 1/3. No primeiro veículo do dia “D”, que está sendo calculada a quantidade de quebra de restrições, são utilizados os últimos veículos do dia anterior “D - 1” para poder avaliar se existe quebra de restrição em três veículos. O número de quebras é igual ao número de veículos a mais que a restrição permite. Por exemplo, na primeira linha existem 2 veículos com a variante em 3, portanto o número de quebra de restrições é igual a 1.

FIGURA 14 – CÁLCULO DE QUEBRA DE RESTRIÇÕES PARA UMA VARIANTE COM RESTRIÇÃO DE 1/3.

Fonte: O autor (2013).

As três possíveis quebras de restrições foram classificadas da seguinte maneira de gravidade:

1. Quebra de restrição de máximo diário.

2. Quebra de restrição do tipo de razão da linha de montagem. 3. Quebra de restrição do tipo de razão de fornecedor interno.

Dessa maneira, as soluções que não apresentam nenhuma quebra de restrição de máximo diário, porém tenham quebras de restrição do tipo de razão da linha de montagem são melhores que as que não apresentam nenhuma quebra de restrições do tipo de razão da linha de montagem, mas com quebra de restrição de máximo diário.

Para evitar que os veículos com restrições de razão não sejam escolhidos na construção do sequenciamento e que se acumulem no final do sequenciamento, gerando uma grande quantidade de quebra de restrições, além das prioridades

D - 1 D Número de quebra de restrições _ _ X _ X _ _ X _ X X X 1 _ _ X _ X _ _ X _ X X X 0 _ _ X _ X _ _ X _ X X X 0 _ _ X _ X _ _ X _ X X X 0 _ _ X _ X _ _ X _ X X X 0 _ _ X _ X _ _ X _ X X X 1 _ _ X _ X _ _ X _ X X X 1 _ _ X _ X _ _ X _ X X X 2 Total 5

definidas pelo Departamento de Engenharia de Vendas, os veículos com restrições também são priorizados, essa priorização também foi utilizada por Rocha (2005). Outra priorização é a do agrupamento de cores iguais. A classificação é feita da seguinte maneira:

1. Variantes definidas pelo Departamento de Engenharia de Vendas. 2. Variantes que são restrições para a linha de montagem.

3. Variantes que são restrições para fornecedor interno. 4. Agrupar cores iguais.

O sequenciamento é construído posição por posição, seguindo o fluxograma da FIGURA 15 para a escolha do veículo. Em cada posição é avaliado quantas restrições são quebradas para cada veículo que ainda possa ser alocado. O veículo sem quebra de restrição, ou com o menor número de quebra de restrições, é designado para a posição. Caso tenha mais de um veículo com a menor quantidade de quebra de restrições, o grupo de veículos é separado. Desses veículos separados o com maior prioridade é alocado. Caso aconteça outro empate a escolha é feita pelo que possuir um nome de comprador, permanecendo mais de um veículo, o critério é a data de entrega prometida. Caso após o último critério ainda exista mais de uma possibilidade a escolha é feita de maneira aleatória.

A construção do sequenciamento é realizada 100 vezes, pois a escolha do veículo pode ser estocástica, quando mais de um veículo tem os mesmos valores para os critérios de seleção. Caso seja possível escolher diferentes veículos em uma determinada posição, estas diferentes escolhas podem afetar as escolhas seguintes dos veículos. O valor de 100 repetições foi adotado pelos resultados obtidos já se mostrarem satisfatórios e caso aconteça uma sequência de quebra de restrições no final da sequência essa é tratada.

Entre as sequências geradas, aquela com o menor número de quebra de restrições é escolhida. Durante os testes foi observado que poderia ocorrer o acúmulo de veículos com restrições no final da sequência, apesar das medidas de priorização que tentam evitar isto. Caso ocorra, gera um acúmulo de quebras de restrições nos últimos veículos do sequenciamento. Para resolver esse problema, os veículos no final da sequência escolhida que apresentem alguma quebra de restrição do tipo de razão da linha de montagem ou máximo diário de produção, tentam ser realocados em outras posições, que reduzam o número de quebras de restrições.

FIGURA 15 – FLUXOGRAMA DA ESCOLHA DE VEÍCULO DO MÉTODO DE SEQUENCIAMENTO PROPOSTO.

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