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A elaboração das hipóteses surge alicerçada em resultados obtidos em estudos empíricos referentes à agressividade na infância e as suas manifestações em contexto escolar, citados na revisão da literatura. Tendo em conta os objetivos e a problemática deste estudo formularam-se, visando uma abordagem quantitativa, as seguintes hipóteses:

H1. O nível da atitude face à agressividade dos educadores de infância e professores do

1º Ciclo está diretamente correlacionado com o nível do comportamento agressivo das crianças em contexto de sala de aula;

H2. O tipo de intervenção dos educadores de infância e professores do 1º Ciclo está

associado com o nível do comportamento agressivo das crianças em contexto de sala de aula;

H3. O nível de formação dos educadores de infância e professores do 1º Ciclo está

inversamente correlacionado com o nível do comportamento agressivo das crianças em contexto de sala de aula;

H4. O nível de experiência profissional dos educadores de infância e professores do 1º

Ciclo está inversamente correlacionado com o nivel do comportamento agressivo dos alunos em contexto de sala de aula;

IV - ESTUDO EMPÍRICO

1. Metodologia de investigação i. Introdução

Investigar o comportamento agressivo na infância em contexto de sala de aula é um empreendimento difícil e assaz complexo. Relacioná-lo com as atitudes dos educadores de infância e professores do primeiro ciclo face àquele constructo amplifica a complexidade desta tarefa. Todavia, a escassez de conhecimento científico sobre esta realidade, constitui o impulso para querer aprofundá-lo, com o propósito de obter respostas e evidências, rigorosamente escrutinadas, que possam ajudar a pensar e agir sobre o fenómeno complexo da agressividade nas escolas.

Para concretizar este propósito foi fundamental fazer as opções metodológicas mais adequadas à natureza dos objetivos e hipóteses do estudo.

Para Quivy e Campenhoudt a metodologia (1992, p. 109)

“ (…) constitui a charneira entre a problemática fixada pelo investigador, por um lado, e o seu trabalho

de elucidação sobre um campo de análise forçosamente restrito e preciso, por outro”

Assim, o presente capítulo constitui uma das pedras angulares da investigação realizada, na medida em que permitiu recuperar a problemática apresentada na primeira parte deste trabalho e prestar esclarecimentos quanto às opções metodológicas e processos de investigação seguidos. No decorrer deste capítulo pretende-se caraterizar o tipo de estudo, a sua amostra, os instrumentos de recolha, validação e tratamento dos dados, bem como os procedimentos de natureza ética considerados durante o processo investigativo.

ii. Caracterização do estudo

O caráter eminentemente correlacional e exploratório configura a investigação realizada. Correlacional porque por meio de técnicas estatísticas, se pretendeu determinar o padrão das relações entre as variáveis atitude, intervenção, formação e experiência profissional dos docentes e o comportamento agressivo da criança manifestado em contexto de sala de aula, esclarecendo o modo como operam. Exploratório porque aquando da revisão da literatura, se verificou haver escassez de conhecimento científico acerca das atitudes dos educadores de infância e professores do 1º ciclo face aos comportamentos agressivos das crianças em contexto de sala de aula. Segundo Richardson (1999) quando não existe informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenómeno, o estudo exploratório

e correlacional é o mais indicado, sobretudo atendendo-se a que este tipo de estudo pode constituir a primeira etapa de uma investigação mais ampla, além de possibilitar a compreensão de fenómenos complexos como a agressividade na infância aliado ao facto de permitir a construção de conhecimento sobre a problemática investigada. Trata-se também de um estudo não experimental, porque não se suporta a manipulação e/ou controlo de variáveis.

A literatura destaca a existência de dois métodos de pesquisa: o quantitativo e o qualitativo.

A abordagem quantitativa permite ao investigador identificar aspetos mensuráveis do objeto de estudo, privilegia “ (…) a organização e o planeamento de procedimentos fiáveis e válidos (…) ” (Burns, 2000; Cubo, 2000; cit. in Coelho, 2012, p. 193), tornar inteligível uma grande massa de dados, permitindo identificar indicadores e tendências observáveis (Melo, 2011), para além de permitir a utilização de técnicas estatitiscas no tratamento dos dados, o que evita possíveis distroções de análise e de interpretação, garantindo uma maior margem de fiabilidade.

A abordagem qualitativa privilegia “ (…) a compreensão dos comportamentos a partir da perspetiva dos sujeitos de investigação” (Bodgan & Bidken, 1994, cit. in Melo, 2012, p. 62). Este método objetiva verificar a relação da realidade com o objeto de estudo, cujo resultado são várias interpretações de uma análise indutiva por parte do investigador. A validade e a fiabilidade dos dados recolhidos estão dependentes da objetividade com que o investigador analisa as construções subjetivas que lhe são apresentadas, de modo que este tem de envidar esforços para evitar o enviesamento dos mesmos.

Para Del Ricon e seus colaboradores (1995, cit. in Avelez, 2010) “ (…) nenhuma perspetiva metodológica, por si só, responde totalmente às questões que podem ser formuladas em contexto social”. Segundo Dielhl (2004, cit. in Dalfovo et al., 2008) é a natureza do problema, da pergunta de partida e do nível de profundidade que o investigador pretende imprimir à investigação que determinam a escolha do método. Deste modo, os paradigmas de investigação “ (…) mais do que formas alternativas de responder à mesma questão, são modos diferentes de responder a perguntas sobre o mesmo fenómeno” (Coelho, 2012, p. 192). Neste seguimento, a opção recaiu na escolha de um paradigma misto, que consiste na aplicação coordenada da abordagem qualitativa e quantitativa, fundamentalmente porque as atitudes e a agressividade são questões de estudo envolvidas de

complexidade, e como tal impõem a adoção de métodos de investigação combinados, de modo a garantir olhares e leituras diferentes e complementares sobre a problemática em estudo, como também para se obter a triangulação dos resultados alcançados.

A literatura evidencia várias potencialidades resultantes desta complementariedade metodológica, designadamente o facto das questões abertas do questionário fornecerem dados adicionais aos identificados através de processos quantitativos, da análise qualitativa permitir gerar hipóteses para estudos quantitativos ou até da análise qualitativa permitir identificar vetores de aprofundamento do estudo quantitativo, para além de permitir a maximização da validade dos dados obtidos em termos sociais e cientificos (Tashakkori & Teddie, 1998).

No plano quantitativo, pretende-se obter um conhecimento sistemático e mensurável sobre as atitudes dos educadores de infância e professores do primeiro ciclo face ao fenómeno da agressividade infantil em contexto de sala de aula, estabelecendo, para este efeito, relações entre variáveis com recurso ao tratamento estatístico. Complementarmente, e numa perspetiva qualitativa, pretende-se conhecer e compreender as conceções e práticas referentes à agressividade na infância em contexto de sala de aula a partir da perspetiva dos sujeitos de investigação.

A opção por um estudo misto cumpre, por outro lado, a finalidade da triangulação metodológica. Ao articular métodos de pesquisa pretende-se garantir um maior rigor dos resultados obtidos sobre a problemática em estudo, procurando no entanto abrir a possibilidade de encontrar novidade. Com efeito, atendendo à complexidade que rodeia a questão das atitudes e da agressividade em contexto de sala de aula, é necessário recorrer a diferentes aproximações em termos de métodos e de instrumentos de recolha de dados, de modo a assegurar a fiabilidade, rigor e a profundidade da pesquisa.

Atendendo ao paradigma que configura esta investigação, na recolha dos dados necessários ao estudo da problemática foi aplicado o inquérito por questionário de tipo misto e a versão portuguesa da Escala ATAS (Attitudes Agression Scale; Jansen, 2005, adaptada para a população portuguesa, Amorin Rosa, 2008).

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