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No nosso organismo o sangue necessita de alcançar todos os tecidos e células, sendo por isso fundamental a existência de uma certa pressão sobre as paredes das artérias. Contudo, quando se verifica um aumento exagerado desta tensão surge a hipertensão arterial. 41,43

A hipertensão arterial tem uma elevada prevalência na população portuguesa, apresentado elevada relevância como fator de risco, já que se pensa ser um fator crucial no desenvolvimento da aterosclerose, sendo responsável pelo aumento da degeneração das artérias.42,43

Esta patologia é normalmente silenciosa, ou seja, o doente não apresenta nenhuma sintomatologia a não ser tonturas e cefaleias, que podem facilmente ser desvalorizadas. Assim sendo, torna-se perentório que se proceda à medição da pressão arterial com alguma regularidade para ser possível efetuar-se o controlo adequado. 43

A pressão arterial caracteriza-se por dois valores: o primeiro corresponde à pressão que o sangue exerce nas paredes das artérias no momento em que o coração contrai – pressão arterial sistólica – e o segundo, correspondente à pressão que o sangue exerce nas artérias quando o coração se encontra relaxado – pressão arterial diastólica. A adoção de estilos de vida mais saudáveis é muitas vezes suficiente para controlar esta patologia, nomeadamente reduzir o consumo de sal e aumentar o de frutas e vegetais, praticar exercício físico regularmente, perder peso e controlar o nível de stress. Todavia, por vezes existem situações em que estas mudanças não são suficientes para baixar os níveis da pressão arterial, devendo-se nesses casos recorrer- se ao tratamento farmacológico.

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Tabela 3: Classificação do tipo de hipertensão, tendo em conta os valores de pressão arterial (adaptado de

[43])

Pressão Arterial Sistólica (mmHg)

Pressão Arterial Diastólica (mmHg)

Pressão Normal 120-129 80-84

Pré-Hipertensão 130-139 85-89

Hipertensão Grau I 140-159 90-99

Hipertensão Grau II 160-179 100-109

Hipertensão Grau III ³180 ³110

Pressão sistólica Isolada ³140 <90

Dislipidemia

Quando falamos em dislipidemias referimo-nos a alterações metabólicas do perfil lipídico, qualitativas e quantitativas. A hipercolesterolemia e a hipertrigliceridemia são as dislipidemias mais comuns, sendo a primeira aquela que apresenta um maior risco cardiovascular. 41

O colesterol é uma molécula essencial no decorrer do desenvolvimento celular, quando na quantidade certa. No entanto, quando se encontra em excesso pode depositar-se na parede das artérias provocando obstrução das mesmas. De um modo geral, quanto mais elevados os níveis de colesterol, maior o risco de desenvolver DCV, já que a aterosclerose se caracteriza pela deposição de colesterol LDL na parede arterial, logo quanto maior a quantidade destas moléculas, mais são depositadas. Por seu lado, o colesterol HDL (high density lipoproteins) é responsável pelo transporte do colesterol dos tecidos periféricos para o fígado onde é destruído, estando por esse motivo, níveis elevados de colesterol HDL associados a menor risco cardiovascular. Se pelo contrário esses níveis forem baixos (inferiores a 40 mg/dl nos homens e 45 nas mulheres) , verifica-se um aumento do risco cardiovascular. 41,44

Também os elevados níveis de triglicerídeos se encontram associados a um risco aumentado de desenvolver DCV, uma vez que normalmente se encontram relacionados com baixos níveis de HDL. Algumas estratégias que podem ser utilizadas para baixar os níveis de triglicerídeos são a prática de exercício com perda de peso e diminuição da ingestão de bebidas alcoólicas. 41,44

Assim, de acordo com a sociedade portuguesa de aterosclerose são considerados favoráveis níveis de colesterol total inferiores a 180mg/dl, HDL superior a 45mg/dl, LDL inferior a 100 mg/dl e os triglicerídeos abaixo de 150 mg/dl. 41,44

Diabetes Mellitus

A diabetes mellitus trata-se de uma doença metabólica multifatorial, com incidência crescente na população mundial. Constitui um risco cardiovascular na medida em que o aumento dos níveis de glicémia se encontra relacionado com uma maior prevalência de patologia coronária e aterosclerótica, aumentando para o dobro o risco cardiovascular, sendo a taxa de mortalidade quatro vezes superior. Tal acontece especialmente porque a elevados níveis de insulina se

xxxii encontram associados baixos níveis de HDL e elevados níveis de partículas LDL aterogénicas, constituindo a designada dislipidemia diabética.40,41,45

Obesidade

Como foi visto anteriormente, na obesidade ocorre acumulação excessiva de gordura no corpo que pode desencadear processos que acabam por levar ao aparecimento de dislipidemias, diabetes mellitus, hipertensão, e consequentemente aumento do risco de desenvolvimento de DCV. Além disso também foi dito que a distribuição do tecido adiposo era essencial para determinar o risco, sendo que quando o excesso de gordura se localiza essencialmente na zona abdominal o risco é muito superior. 40,41

Este é um fator com relevância para este rastreio, uma vez que uma grande parte dos utentes da farmácia central são diabéticos.

Sedentarismo

O sedentarismo, ou falta de prática de exercício físico, aumenta em cerca de 20 a 30% o risco de desenvolvimento de DCV. Assim, a prática regular de pelo menos trinta minutos de exercício aeróbio pode ajudar a normalizar a pressão arterial, controlar o peso e o perímetro abdominal, diminuindo o risco da ocorrência de eventos cardiovasculares. 40,41

Tabagismo

O tabagismo é considerado, isoladamente, como um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento de DCV. Os compostos presentes no tabaco, após absorção pulmonar, levam à lesão endotelial presente na trombose, na inflamação e no metabolismo lipídico, e, ao longo do tempo, podem aumentar o risco de ocorrência de isquemia uma vez que são importantes no desequilíbrio entre o aumento da necessidade de consumo de oxigénio e a diminuição da capacidade de transporte de oxigénio para os tecidos.

A cessão tabágica reduz rapidamente o risco cardiovascular, sendo portanto uma medida importante. 40,41