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HISTÓRIA DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

2. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: CONTEXTO,

2.3 HISTÓRIA DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

CONTEMPORÂNEA

A cooperação internacional contemporânea inicia-se no pós Primeira Guerra, no âmbito das Relações Internacionais, com o surgimento da corrente liberal (idealismo), contrapondo-se às ideias realistas, na tentativa de entender e explicar as causas da guerra, buscando meios para evitar conflitos bélicos de grandes proporções. Na teoria idealista liberal, encontram-se os primeiros vestígios de menção à cooperação internacional, através das propostas que incluíam meios para tornar o Sistema Internacional mais cooperativo através da promoção de instituições democráticas, do comércio internacional, de benefícios mútuos, da mediação de Organizações Internacionais e da fortificação do Direito Internacional.

No entanto, a primeira ação prática em termos de cooperação internacional ocorreu no pós Segunda Guerra, tendo como marco o Plano Marshall, um plano que incluía um esforço internacional dos países para a reconstrução das zonas que haviam sido devastadas pelo conflito. Nesse sentido, posteriormente a cooperação internacional cresceu inserida na lógica do sistema de alianças estabelecida pelas duas grandes potências da época (EUA e URSS), disseminando-se num contexto estratégico. A cooperação visava à paz e ao desenvolvimento, principalmente dos países menos industrializados, com o intuito de evitar que esses países se aproximassem dos ideais socialistas e tivesse início um novo conflito. Nesse período, começou um vasto processo de descolonização que intensificou a cooperação, privilegiando o relacionamento entre as grandes potências e as ex-colônias, onde emerge a problemática do subdesenvolvimento.

O socialismo (URSS e China) aproximou-se das colônias africanas apoiando a descolonização e oferecendo ajuda financeira, comercial e técnica. No âmbito da Guerra Fria, as políticas de ajuda financeira eram orientadas por imperativos estratégicos de obter mais influência na região. O receio, por parte dos países capitalistas, de que

as colônias africanas passassem a fazer parte da zona de influência soviética fez com que a ajuda ao desenvolvimento estivesse diretamente vinculada à cooperação internacional. Para dotar as áreas propensas à influência socialista de maior estabilidade política e social, os países capitalistas promoveram a transferência de recursos técnicos e financeiros, acreditando que esse método seria capaz de induzir a modernização dos países menos industrializados e que estes seriam capazes de se adaptar às flutuações internacionais sem recorrer à ajuda socialista.

Em 1955, nota-se um movimento diferente dos países em desenvolvimento. Durante a Conferência de Bandung, na Indonésia, países do Terceiro Mundo (afro-asiáticos), com seus anseios internacionais e o reconhecimento – não só de interesses e problemas comuns, como também da necessidade de uma concertação política –, reuniram-se para discutir o repúdio ao neocolonialismo. Além disso, esses países subdesenvolvidos queriam promover a inserção internacional independente e autônoma, com base na identificação de interesses mútuos. O sucesso atribuído à Conferência de Bandung como primeiro marco da cooperação Sul-Sul está ligado a essa capacidade de identificar interesses mútuos e de possuírem uma proximidade econômica, histórica e cultural.

A Cooperação entre Países em Desenvolvimento, também conhecida como Cooperação Sul-Sul ou Horizontal, é uma modalidade de cooperação técnica que tem ganhado espaço desde que foi instituído o plano de Buenos Aires em 1978. Esse plano foi o marco do alinhamento entre países em desenvolvimento, no sentido de dar oportunidades a soluções concebidas para atender problemas que são próprios desses países, conforme as suas condições socioeconômicas (ABREU, 2008). A cooperação Sul-Sul busca, assim, transformar a agenda de desenvolvimento econômico, antes concentrada em comércio e ajuda oficial, propondo uma nova ordem econômica internacional. Alguns dos objetivos dessa proposta são: a) a redução dos constrangimentos impostos pela distribuição de poder vigente e b) a garantia de maior possibilidade de controlar e absorver os efeitos de custo gerados pela interdependência, haja vista as características desiguais do sistema econômico internacional.

Corrêa (2010, p. 89) afirma que o crescimento da cooperação Sul- Sul ―[...] possibilitou a expansão internacional dos países em desenvolvimento, os quais, passaram a fazer uso da cooperação internacional como instrumento de soft power e de conquista de novos mercados para seus bens e serviços‖. O surgimento dessa nova

modalidade de cooperação estaria relacionado a uma decorrência natural do crescimento tecnológico, econômico e político de alguns países em desenvolvimento. A cooperação Sul-Sul se apresenta, então, como uma alternativa e como uma modalidade distinta da cooperação Norte-Sul, na medida em que existe uma maior proximidade em termos econômicos, históricos e culturais entre os países do Sul.

Segundo Leite (2011, p. 38), ―[...] a vulnerabilidade gerada pela interdependência constrange significativamente as ações desses países‖. Os países subdesenvolvidos, além de exercerem escasso controle sobre os fluxos internacionais e de disporem de pouca capacidade para se ajustarem aos choques externos, encontram-se, geralmente, em situações de desvantagem na negociação de temas, vendo-se obrigados a transigir em seus interesses. Nesse sentido, a coordenação de políticas (cooperação) constitui meio estratégico de minorar os efeitos de custos derivados da interdependência. A tomada de decisão conjunta traduz-se na defesa comum de um regime internacional capaz de corrigir a distribuição desigual de poder e de garantir aos países em desenvolvimento maior bem-estar econômico e controle político (LEITE, 2011).

A cooperação internacional passa a ser vista por uma nova ótica. Torna-se necessário construir um ambiente com capacidades técnico- intelectuais para alcançar o desenvolvimento, e não apenas executar transferências de recursos, pois os novos temas da agenda internacional – questões ambientais, a pobreza, as doenças, as violações de direitos humanos, os conflitos armados e os refugiados - necessitam de uma nova abordagem; assim, diferentemente da que priorizava apenas a ajuda financeira, esta propõe a criação de mecanismos de cooperação institucionalizados (ABREU, 2008).

2.4 ASCENSÃO DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NA

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