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Geralmente se considera o uso da palavra “Discurso” por Z. Harris em 1952 como o começo da teoria da Análise de Discurso, que pode remontar à fonte da Retórica Clássica. Naquela época, discursos e argumentos eram partes importantes da política da elite e da democracia das cidades-estado. A Retórica estuda principalmente a estrutura e o mecanismo dos discursos políticos, e a validade da persuasão. E a Retórica Clássica pressagia o estudo do estilo e a análise de estrutura do discurso moderno, assim como a análise da memória, cognição e a característica psicológica social numa situação linguística interativa. Anteriormente, a Retórica limitava-se principalmente à forma tradicional de discurso e ao estudo de figuras da linguagem, até os anos 1960, quando o mundo ocidental testemunhou a restauração excepcionalmente grandiosa da Retórica.

Durante o período decadente, as ciências sociais e humanas alcançaram novos desenvolvimentos em várias áreas, o que finalmente impulsionou o nascimento da Análise de Discurso como uma disciplina, para a qual o Formalismo russo e o Estruturalismo tcheco forneceram fundamentos teóricos importantes. A análise de Vladimir Proppo sobre os contos infantis na Rússia dos anos 20 engendrou grande influência à Narratologia e ao Estruturalismo francês, como é perceptível na análise de estrutura cultural de Claude Lévi-Strauss, na pesquisa narrativa da “Matriz dos símbolos”, de Algirdas Julien Greimas, e no estudo narrativo e cultural de Roland Barthes, etc.

Ao mesmo tempo, a Escola de Praga e a Escola de Londres começaram o estudo de linguagem no uso e circunstância dela. Em 1926, o linguista tcheco Vilem Mathesius fundou a Escola Linguística de Praga, considerando a linguagem como um sistema funcional, que nasce e se desenvolve numa certa sociedade. Ele defende que o estudo de linguagem deve ser ligado com o ambiente concreto da comunicação humana e da

a significação direta e concreta de uma frase no contexto respectivo” (FUXIANG, 1989, p. 35). Em 1935, o linguista inglês J.R. Firth defendeu também que o processo do estudo linguístico deve ser completo em determinada situação, pois a linguagem apenas faz sentido em circunstância linguística específica.

Nos anos 50 do século passado, com a prosperidade das disciplinas de semiologia, antropologia, ciência cognitiva, inteligência artificial, sociologia e comunicação, a linguística textual acabou por absorver os frutos dessas disciplinas. Sendo assim, estava nascendo a Análise de Discurso como uma teoria sistemática e interdisciplinar. Naquela época, usava-se principalmente o Estruturalismo para descrever os fenômenos linguísticos, sem grandes progressos. Por exemplo, Z. Harris estuda a superestrutura de frases e a relação entre as linguagens e as culturas. Devido à sua posição de estruturalista, ele não prestou muita atenção às circunstâncias social e cultural da linguagem.

Nos anos 60-70, a Análise de Discurso conseguiu um desenvolvimento impetuoso. Em 1964, Dell Hymes publicou a sua obra Language in Culture and Society, na qual fez uma retrospectiva comentando as teorias de linguistas como Claude Lévi-Strauss, J. R. Firth, Malinowski e Sapire, assim como dos linguistas sociais Gillian Brown e John J.Gumperz. Também realizou uma investigação sobre as diversas formas de discurso, estilo, tratamento e arte linguística, assim como as diferenças entre as circunstâncias social, cultural e histórica e as suas aplicações linguísticas. Naquele ano, o autor ainda publicou o artigo intitulado Towards Thnographies of Communication, apresentando o seu estudo do uso linguístico num ambiente social. A linguística funcional de M.A.K Halliday enfatiza especialmente a função social da linguagem. Geoffrey Leech organizou a análise linguística aos poemas, enquanto W. Labov fez uma investigação aberta sobre a variação das línguas. Sacks Jonathan, Emanuel Schegloff, G. Jefferson e Erving Goffman fundaram a análise de conversação e realizaram um estudo microssociológico sobre a conversação como a comunicação social. A investigação da comunicação oral como a alteração convencional de uma conversa revela a lei estrutural de conversação. Em 1972, Gumper e Hymes aplicaram a etnologia para estudar os atos linguísticos no ambiente comunicacional prático numa sociedade, através da narração de lendas e os cumprimentos das pessoas. A Escola de Birminghan conquistou grandes êxitos na

análise de discurso oral. Sinclair e Coulthard, por exemplo, analisaram o modelo de conversação entre os mestres e os estudantes para descobrir a ligação interna entre os parágrafos e o discurso (WANG, 2002, p. 47). O holandês Van Dijk contribuiu consideravelmente para a análise de discurso, levantando a teoria de macrogramática e estrutura de discurso na sua obra Some Aspects of Text Grammars e outras publicadas desde 1972.

Depois dos anos 1980, o âmbito de estudo do discurso foi sendo ampliado, se cruzando com outras disciplinas. Na medicina, começaram a ser analisados os registros patológicos, e na área de legislação, os artigos, os processos e os documentos se tornaram o foco de investigação. Nas áreas política e histórica, o estudo dos textos se constituiu no maior objeto da Análise de Discurso. Nesse período, a análise do discurso jornalístico de Van Dijk chamou muito a atenção de outros especialistas. Ele era perspicaz e criador não apenas no progresso da teoria de macroestrutura de discurso, mas também nas investigações práticas. Pela primeira vez, ele combinou a Análise de Discurso e a comunicação de massa, a fim de analisar cuidadosamente o discurso jornalístico, integrando a teoria de macrogramática/estrutura e o produto na área de cognição.

Uma mudança destacada nos anos 1990 foi a ascensão da Análise Crítica de Discurso, que combinou a teoria da Análise de Discurso, a teoria crítica social e o estudo cultural, impulsionando a investigação dos vínculos entre as vicissitudes social e cultural. A teoria inclui no seu âmbito de análise as questões significativas das práticas na história humana, como por exemplo o discurso do racismo, o discurso da elite, o discurso do sexo, assim como os fenômenos de cognição e discriminação racista nos manuais, reportagens jornalísticas e diversas conversações, estudando a estrutura discriminatória, a produção e o modelo de explicação desses discursos, revelando a influência exercida pelo poder e ideologia sobre a prática de discurso e prática social das pessoas. Van Dijk e Fairclough Norman são figuras importantes que lideram a área da Análise Crítica de Discurso, focalizando principalmente a investigação da estrutura, função e regra da divulgação do discurso político, especialmente na questão da globalização.