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Recorreu-se ao estudo do desenvolvimento sócio cultural e histórico do espaço de quarto de banho para perceção do surgimento dos termos.

“Ir à "casinha", "ali dentro", ao WC ou à casa de banho é, também, um eufemismo para designar o que é hoje o mais privado dos atos. Algo que, mais do que privado, foi outrora camuflado. Como tudo o que é humano, também aqui há uma longa história.” (Alexandra, N. (2009, Janeiro 4). Histórias de casa-de-banho. Expresso. Disponível em:

http://expresso.sapo.pt/actualidade/historias-de-casas-de- banho=f489803).

Figura 1 - Periodização histórica.

Por volta de 2500 a. C., no Egipto, existiam casas de banho consideradas construções elaboradas. Estas existiam dentro das pirâmides para permitir que os faraós desfrutassem de uma eternidade com melhores condições e de modo mais agradável.

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Nestas construções foram também desenvolvidos sistemas de

canalização. Tanto o povo egípcio como o povo chinês possuíam bons hábitos de higiene pessoais (Agatha Karina, (2015, Junho 18).

Acedido em Fevereiro, 2017 em: http://luccaarquitetura.blogspot.pt/).

Figura 2 – Homens no barbeiro in: http://luccaarquitetura.blogspot.pt/[Acedido em: Fevereiro de 2017].

Os povos grego e romano valorizavam a higiene. Na Grécia e na Roma Antigas, existia um sistema hidráulico que canalizava águas pluviais e fluviais para as termas e para as residências mais nobres

(Agatha Karina, (2015, Junho 18). Acedido em Fevereiro, 2017 em:

http://luccaarquitetura.blogspot.pt/).

A mesma fonte anteriormente referida sugere que foi dado a conhecer que as pessoas se reuniam nas termas para realizar banhos públicos. Sendo que funcionavam como um ponto de encontro para reuniões que impulsionavam tanto a política como as artes e as ciências.

Figura 3 – Ilustração - latrinas coletivas com água corrente in: http://luccaarquitetura.blogspot.pt/[Acedido em: Fevereiro de 2017].

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Figura 4 - Ruínas - latrinas coletivas com água corrente in: http://luccaarquitetura.blogspot.pt/[Acedido em: Fevereiro de 2017].

Na Idade Média, com a queda do império romano, todo o poder político e cultural se concentrava na igreja católica que era contra o banho e lhe atribuí o nome de “orgias pecaminosas” (Redação. (2014,

Abril 22). A absurda falta de higiene da Idade Média. Disponível em:

http://www.mdig.com.br/?itemid=31104).

O banho não era tomado com frequência porque acreditava-se que não era saudável. Caso acontecesse, era apenas tomado numa tina em ocasiões nobres e a água era aproveitada para o banho de toda a família. Os médicos medievais achavam que a água debilitava os órgãos, era prejudicial à vista e provocava dor de dentes (Redação.

(2014, Abril 22). A absurda falta de higiene da Idade Média. Disponível em: http://www.mdig.com.br/?itemid=31104).

Figura 5--Representação da toma de banho numa tina in:

http://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/42506-7-fatos-sobre-a-falta-de- higiene-no-seculo-18.htm [Acedido em: Fevereiro de 2017].

Iniciou-se a extinção dos aquedutos e das redes de esgotos que consequentemente deram início a um período de imundice.

Implementou-se o sistema de “água vai!”. Este termo surgiu de modo a avisar as pessoas que se encontravam na rua de que seriam

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despejadas pela janela as necessidades fisiológicas. A Europa foi alvo de várias epidemias (Alexandra, N. (2009, Janeiro 3). Histórias de

casa-de-banho. Expresso. Disponível em:

http://expresso.sapo.pt/actualidade/historias-de-casas-de- banho=f489803).

Nos castelos as latrinas eram um quarto escuro constituído por um assento de madeira com um furo e um artefacto móvel, o penico

(Agatha Karina, (2015, Junho 18). Acedido em Fevereiro, 2017 em:

http://luccaarquitetura.blogspot.pt/).

Figura 6-Penico decorado e cadeira, artigo de luxo na época in: http://luccaarquitetura.blogspot.pt/ [Acedido em: Fevereiro de 2017].

A Idade Moderna ficou conhecida pelas mudanças: descoberta das “américas”, o humanismo, a queda de Constantinopla, o apoio dos mecenas aos artistas e literatos, a invenção da imprensa, a abertura das universidades, o “reaproveitamento” dos valores da cultura greco- romana, o uso da razão, o valorizar dos prazeres da vida e a crítica à igreja com a reforma religiosa (Toda Matéria, (2016, Setembro 22).

Idade Moderna. Acedido em Março, 2017 em:

https://www.todamateria.com.br/idade-moderna/).

No séc. XVIII o banho também não era uma prática frequente apesar de se verificar a utilização de maquilhagem, roupas elaboradas e perfume para a população mais rica. O conhecimento da saúde e das doenças por parte dos médicos encontrava-se ainda numa fase inicial de descoberta (Anne Reagan, (2015, Março 16). A Brief History of the

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Bathroom. Acedido em Maio, 2017 em: http://porch.com/advice/brief- history-bathroom/).

Já em 1755, com o avanço da tecnologia, Alexander Cummings desenvolve um sifão para os vasos sanitários reduzindo os odores e causando finalmente a substituição do penico medieval. Mais tarde, Thomas Crapper desenvolveu uma patente para um projeto do vaso sanitário, a tradicional sanita (Anne Reagan, (2015, Março 16). A Brief

History of the Bathroom. Acedido em Maio, 2017 em:

http://porch.com/advice/brief-history-bathroom/).

Figura 7 – Invenção de Alexander Cummings in: http://porch.com/advice/brief-history- bathroom/ [Acedido em: Maio de 2017].

No entanto, a instalação do sifão dentro de casa criou alguns problemas nas grandes cidades, pois não existia a capacidade de bombear a água para dentro das casas de modo a remover os resíduos fisiológicos. Foi então que em meados de 1850 surgiu na América o sistema de esgoto. Consequentemente, novas casas foram construídas tendo incluída uma ou mais casas de banhos com água canalizada. Apesar do desenvolvimento, o comportamento da

sociedade levou algum tempo a mudar e só após alguns anos a casa de banho passou a ser uma necessidade e uma exigência para toda a sociedade. Em conjunto com esta necessidade, surgiu a carência de usar algo mais limpo para limpar o corpo após a satisfação das necessidades fisiológicas. Surgiu o papel higiénico como resposta ao problema, uma invenção dos irmãos Scott em 1890 (Anne Reagan,

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(2015, Março 16). A Brief History of the Bathroom. Acedido em Maio, 2017 em: http://porch.com/advice/brief-history-bathroom/).

Figura 8 – Invenção dos irmãos Scott in: http://porch.com/advice/brief-history- bathroom/ [Acedido em: Maio de 2017].

O final do séc. XVIII trouxe avanços na tecnologia e na medicina também. Foi descoberto o germe e a causa da doença mudou o pensamento da população em relação à limpeza e higiene. Tomar banho e usar sabão tornou-se uma necessidade para ter uma boa saúde. Para a classe média tomar banho dentro de casa tornou-se frequente. Já as classes mais baixas partilhavam casas de banho com os vizinhos e banheiras de água com toda a família. Os ricos, na América, equipavam as suas casas de banho privadas com banheiras e chuveiros e foi então que os artefactos de casa de banho adquiriram estética própria (Anne Reagan, (2015, Março 16). A Brief History of

the Bathroom. Acedido em Maio, 2017 em:

http://porch.com/advice/brief-history-bathroom/).

Já em França e Portugal a realidade era um pouco diferente. Nas casas mais nobres, um dos quartos passou a ser equipado com alguns elementos destinados a esta divisão e surgiu o termo “quarto de banho” (Ana Catarina Gualberto, (2011, Maio 5). Ambientes no

século XIX. Acedido em Maio, 2017 em:

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Figura 9-Quarto de banho em Portugal no séc. XIX in:

https://pt.slideshare.net/anagualberto/ambientes-no-sculo-xix [Acedido em: Março de 2016].

Figura 10-Quarto de banho tipicamente português in:

https://pt.slideshare.net/anagualberto/ambientes-no-sculo-xix [Acedido em: Março de 2016].

Nas casas que não dispunham de espaço de banho existia um recanto no quarto de vestir equipado com mobiliário e equipamentos de quarto de banho (Ana Catarina Gualberto, (2011, Maio 5).

Ambientes no século XIX. Acedido em Maio, 2017 em:

https://pt.slideshare.net/anagualberto/ambientes-no-sculo-xix).

Figura 11 – Recanto no quarto de vestir in:

https://pt.slideshare.net/anagualberto/ambientes-no-sculo-xix [Acedido em: Março de 2016].

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Para as famílias com menos posses, foram criadas as chamadas retretes: de pequena dimensão, com o aspeto de casa, em madeira e que permitia a satisfação das necessidades por várias pessoas da vizinhança (ARQ Blog. (2012, Setembro 16). Homepage. Acedido em

Março, 2016 em: http://portalarquitetonico.com.br/vamos-tomar-

banho/). Também os hábitos de higiene eram tidos em consideração e

surgiu a construção de estruturas que sustentassem as “bacias” e “tinas” de pequena dimensão, os móveis.

Figura 12-Retrete: latrina in: http://vermelhossangue.blogspot.pt/2010/06/vamos-ao- vinho.html [Acedido em: Março 2016].

No séc. XX, após a Primeira e Segunda Guerra Mundial a classe média começou a exigir alguns luxos e a casa de banho passou a ser um local para relaxar e cuidar do corpo. Em meados de 1950, nos EUA, as casas de banho dos pais passaram a ser separadas das dos filhos. Iniciou-se a procura da cor, dos padrões e azulejos para dar beleza a esta divisão da casa (Anne Reagan, (2015, Março 16). A

Brief History of the Bathroom. Acedido em Maio, 2017 em:

http://porch.com/advice/brief-history-bathroom/).

Concluindo, o banho tornou-se um hábito diário e realizado com prazer muitas das vezes associado ao alívio do stress. Quanto às descargas, sifões e outros mecanismos ligados ao setor estes tornaram-se obrigatórios neste tipo de espaços. Os elementos mais comuns numa casa de banho passaram a ser: sanita, bidé, banheira, lavatório, espelho e iluminação. Após a análise da informação da história do espaço em estudo foi possível concluir que o termo “quarto

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de banho” surgiu devido ao aparecimento do espaço dentro da

habitação. Assim sendo, foi considerado o termo mais apropriado.

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