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4. ESTUDO DE CASO O IBKL

4.1. HISTÓRIA

Para conhecer a história do IBKL, é preciso compreender onde surgiu a inspiração para o seu modelo de negócio, que busca se desviar do modelo adotado pela Empresa X, já citada no capítulo de introdução. A Empresa X é uma empresa brasileira com 16 anos de experiência em realização de capacitação prática, técnica e comportamental com método de simulação da realidade para profissionais da saúde. Ela pertence a um grupo empresarial distribuidor de produtos médicos e hospitalares, e nasceu e foi mantida estrategicamente como verba de marketing desse grupo. O objetivo do investimento era capitalizar mais clientes através da oferta de um serviço adicional posicionado no estado da arte em treinamento e tecnologia.

Diante disso, a empresa trouxe para o Brasil o primeiro simulador real de pacientes do país. Foi essa ferramenta que possibilitou a introdução, no Brasil, de programas de treinamentos de forma prática e diferenciada. Esse simulador é um robô que contém sofisticados modelos matemáticos de fisiologia e farmacologia que, por meio dos parâmetros iniciais estabelecidos para cada cenário clinico, reage a todos os procedimentos médico/terapêuticos, de forma autônoma e fiel à realidade, e pode, inclusive, em situações extremas, apresentar morte clinica. O simulador também interage com todos os equipamentos médicos sem intermédio de terceiros, exatamente como um paciente humano. Além disso, a empresa buscou certificação de seu método de ensino na universidade de Harvard que, na ocasião, já era uma referencia na utilização da simulação com uso da tecnologia robótica. Assim, aprendeu a trabalhar com treinamento prático baseado na simulação da realidade e a desenvolver conteúdo acadêmico e começou a realizar treinamentos práticos para profissionais da saúde, utilizando seus equipamentos médicos nos cenários de simulação.

A empresa desenvolveu diversos cursos e criou um portfolio de conteúdo que abrangia a maioria das áreas da saúde. A finalidade dos cursos é a aquisição de conhecimento, habilidades e competências comportamentais por meio de treinamento prático das habilidades mecânicas somado à utilização de metodologia de simulação realística.

Para isso, foi montada uma estrutura com mais de 800 (oitocentos) m² com cenários simulando áreas hospitalares e ambientes pré-hospitalares, como uma área de rua com acidente de carro e uma comunidade com um desabamento de difícil acesso. Além disso, para conseguir tornar realidade seu projeto, a empresa X montou e capacitou uma equipe de treinamento composta por instrutores profissionais da saúde, atores, para tornar os cenários ainda mais reais, uma vez que interagem assumindo papéis nos cenários clínicos desenvolvidos e atuam como equipe do hospital, familiares do paciente ou até mesmo o próprio paciente. Além disso, a equipe também era composta por profissionais técnicos e operacionais que controlavam os robôs durante os treinamentos e realizavam sua manutenção, criavam e montavam os cenários, de acordo com o roteiro do curso desenhado e o objetivo a ser atingido, e realizavam as maquiagens artísticas necessárias para oferecer aos manequins, aos robôs e aos atores, junto com o restante do cenário, aspectos reais como, por exemplo, simulação de sangue respingando e de feridas profundas com secreções, conforme mostram as fotos dos cursos disponíveis no anexo 3. Uma área científica composta por profissionais da saúde com experiência em simulação também foi criada para o desenvolvimento do conteúdo acadêmico e do roteiro final do curso, a realização do controle de qualidade dos cursos e o acompanhamento do aluno e de sua evolução ao longo do seu processo de aprendizado. Uma verdadeira Disneylândia da saúde com embasamento técnico direcionado por profissionais da área.

Foi dentro desse contexto, que a empresa X se transformou em uma empresa que capacita todos os tipos de profissionais da saúde para atuarem, na prática, da forma mais adequada possível, de acordo com os protocolos brasileiros e internacionais de boas práticas. Foi desenvolvido um grande acervo de cenários clínicos testados e validados com formato exclusivo para tipos específicos de profissionais e para o treinamento de equipe multidisciplinar, envolvendo enfermeiros e médicos. Isso para simular sua rotina de trabalho, desde o atendimento básico até complexidades dentro de uma UTI – tal como dar uma notícia difícil – para que todos possam entender e executar com qualidade o seu papel, criar lideranças, se comportar diante de situações críticas e complexas e tomar a decisão correta em um período curto de tempo, muitas vezes segundos, que podem decidir a vida de outra pessoa.

Além disso, a empresa realiza uma análise de evolução dos alunos de cada turma realizada. Isso é feito por meio de pré-teste e pós-teste, no qual é medido o nível de conhecimento

antes e depois do curso realizado pelo aluno. O relatório gerado contém as informações sobre a nota, a aprovação e a evolução por aluno na turma específica e as informações gerais da média da turma. São relatórios pontuais e não é feito um acompanhamento do desempenho aluno caso participe de diversos programas de treinamento.

Apesar de toda a excelente estrutura montada, a grande preocupação com a qualidade dos cursos realizados e a ótima reputação no mercado, a Empresa X é mantida pelo seu grupo como estratégia de marketing, mas não é auto sustentável e não sobreviveria fora desse contexto.

Diante da crença de estar de estar diante de um negócio inovador com um tema extremamente necessário no Brasil, a empresa buscou executivos com experiência e conhecimento no setor para vivenciar a experiência da Empresa X e participar e criar um modelo de negócios estratégico e rentável que atendesse à real necessidade desse mercado.

A partir da visão desses executivos, dissidentes da Empresa X, foi criada uma nova empresa com um foco diferente, uma nova estrutura e um novo produto, o IBKL.