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História, Religiosidade e Cultura

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Goiás é uma região cuja cultura tem sua base na experiência religiosa desde seus inícios. No séc XVIII vemos surgir no seu interior72 vários elementos religiosos diretamente ligados ao catolicismo popular73. São as irmandades leigas, os santuá- rios, as capelinhas, as cruzes a beira da estrada ou no alto dos morros, a Folia de Reis74, a Festa do Divino75, a devoção ao Divino Pai Eterno em Trindade, as Procis- sões do Fogaréu em Goiás76, as Cavalhadas77 em Pirenópolis, ressaltando a con- versão dos mouros ao cristianismo (AMADO, 2001, p. 36).

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É interessante mencionar o que a revista “A Cinqüentenária” relata em 1957: “Anápolis não nasceu da mine- ração. É provável que o garimpo tenha sido tentado no município, porém sem resultado. Outros fatores concorre- ram para que Gomes de Souza Ramos construísse a capela e fundasse a freguesia de Santana das Antas. Aliás, quando ele se mudou para a localidade, já encontrou pelo menos sete casas e já se festejava, em casa de Manuel Rodrigues da Silva, o dia de Santana” (BORGES, 1975, p. 20).

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Por catolicismo popular ou religiosidade popular compreende-se o conjunto de crenças, atitudes e expressões tiradas da fé católica e assumidas pelo povo (AMARAL 1980, p. 47).

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Comemora o nascimento de Jesus Cristo encenando a visita dos três Reis Magos à gruta de Belém para adorar o Menino-Deus. Sua origem é portuguesa do século XVIII. O responsável pela condução da bandeira, que sai pelo sertão "tirando a folia", ou seja, cantando e colhendo donativos para a reza de Santos Reis, realizada sempre no dia 6 de janeiro.

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A celebração do Divino Espírito Santo, como festa popular de cunho religioso, tem sua origem no catolicismo português. Relatos de Portugal contam que a rainha Isabel e seu marido Dom Diniz teriam feito no século XIV uma promessa de alimentar os famintos e oferecer a sua coroa ao Divino Espírito Santo em troca de paz. Nessa época, Portugal e Espanha travavam uma guerra de quase cem anos. O objetivo foi alcançado e a promessa cum- prida. Dessa forma teve início a devoção ao Divino Espírito Santo, que se difundiu em solo português e chegou ao Brasil no século XVI. As folias do Divino anunciam a presença do Espírito Santo. As romarias conduzem a bandeira. O giro da folia representa as andanças de Jesus Cristo e seus 12 apóstolos durante 40 dias, levando a sua luz e a sua mensagem, convidando todos para a festa, a festa da Hóstia consagrada.

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Conhecida como “Goiás Velho”, mantém a tradição ao celebrar a Semana Santa: todas as passagens bíblicas são encenadas nas ruas da cidade, tendo como ponto alto a Procissão do Fogaréu, em que o cortejo dos “farrico- cos” (encapuzados) perseguem a Cristo carregando tochas de fogo por ruas escuras, uma tradição de 260 anos proveniente de Sevilha, na Espanha introduzida na antiga capital pelo padre espanhol João Perestelo de Vancon-

Segundo os historiadores goianos, duas grandes correntes foram responsá- veis pelo desbravamento das terras goianas: a mineração e a agricultura. Anápolis nasceu de uma combinação das duas. No início do século XIX, viajantes que percor- riam o vale do Araguaia e o roteiro de Vianópolis/Corumbá de Goiás, entre elas, a cabeceira do Ribeirão das Antas, conhecido também por Campos Ricos, graças a excelência de seu solo e à abundância e variedade de caças existentes no local. Enfatiza-se a contribuição do Sr. Manoel Rodrigues dos Santos, que fazia realizar em sua fazenda, novenas e orações, aglomerando já no ano de 1859 um total de quinze casas construídas e uma escola.

A história do surgimento de Anápolis é narrada desta maneira: Sant’Ana das Antas que mais tarde veio a ser chamada Anápolis (cidade de Ana) surgiu devido a um acontecimento religioso como relata WYSE (1989, p. 68):

“Pelo ano de 1869 uma senhora, dona Ana das Dores, viajava de Jara- guá rumo a Bonfim quando nas alturas do Córrego das Antas, o burro, levando a imagem de Sant’Ana, separou-se da tropa e entrou na mata; os serviçais não conseguiram levantar a cesta com a preciosa imagem, por estar ela pesada demais. Aceitando isso como manifestação mila- grosa da vontade da sua Padroeira celestial de ficar naquele sítio, dona Ana resolveu doar a imagem a uma capela a ser erigida ali 78. Foi essa capelinha que deu o nome à cidade de Anápolis”.

Com a doação de grande quantidade de terras feita por Joaquim Rodrigues dos Santos ao patrimônio local, já em 1873 foi criada a freguesia de Santana das Antas, mudando em 1884 para Santana dos Campos Ricos e retornando ao nome

celos Espíndola, nos idos de 1745. Duas semanas antes, é realizada a “Procissão do Encontro” encontro das imagens de Nossa Senhora das Dores e Nosso Senhor dos Passos.

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Na Idade Média, os árabes foram denominados genericamente de mouros. Estes povos invadiram a Europa por volta do século VIII e só foram banidos do continente europeu no século XV. As cavalhadas representam a luta entre o exército de Carlos Magno e os mouros. Carlos Magno foi coroado Imperador do Ocidente no ano 800 pelo Papa Leão III. Alguns autores acreditam que as cavalhadas tenham sido introduzidas no Brasil pelos padres jesuítas como meio de facilitar a catequese através da junção entre o sagrado e o profano.

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O que foi feito por seu filho, Gomes de Souza Ramos, em 1870, com apoio de todos os moradores do local e imediações.

anterior em 1886. Em 15 de dezembro de 1887 foi elevada à categoria de Vila, mas só instalada em 10 de março de 1892 e em 31 de julho de 1907, foi elevada à cate- goria de cidade, com o nome de Anápolis.

Com uma população de 307.977 habitantes79 e uma economia baseada em sua capacidade armazenadora de grãos em armazéns da rede oficial e particular e em sua potencialidade industrial (DAIA) é a segunda maior cidade do Estado e uma das maiores arrecadadoras de impostos de Goiás o que lhe dá o título de Capital Econômica do Estado.

Situada no Planalto Central, na microrregião de Mato Grosso de Goiás a 1.017 metros de altitude, dista 57 km de Goiânia e 160 km de Brasília com uma área de 1.075 Km².

Os principais resultados do Censo 2000 em nível nacional, relativos à questão "religião" são os seguintes:

¾ A diminuição da porcentagem dos católicos, de 83,8% (1991) para 73,8% (2000); em números absolutos, os católicos aumentam de 121,8 milhões (1991) para 125 milhões (2000);

¾ O aumento da porcentagem dos evangélicos, de 9,05% (1991) para 15,45% (2000); em números absolutos, de cerca de 13 milhões para 26 milhões;

¾ O aumento dos que se declaram "sem religião", que passam de 4,8% da po- pulação (1991) para 7,3% (2000), ou de 7 milhões para 12,3 milhões.

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