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A Bacia Hidrográfica do rio Verde Grande está localizada entre os paralelos 14º20’ e 17º14’ de latitude Sul e os meridianos 42º30’ e 40º15’ de longitude Oeste, drena uma área aproximada de 31.000 km2, sendo que, desse total, 87% pertencem ao Estado de Minas Gerais e o restante, 13%, ao Estado da Bahia. Além de Montes Claros, a bacia abrange mais 35 municípios. No Norte de Minas integra a bacia do rio São Francisco, pela margem direita, sendo o rio Verde Grande o seu principal curso de água. São 27 municípios pertencentes a Minas Gerais e 08 à Bahia nessa bacia. Dos municípios mineiros, apenas 12 estão inteiramente incluídos na bacia, enquanto nenhum dos municípios baianos possui sua área integralmente inserida na região.

Conforme Telles e Domingues (2006), a Bacia do Rio Verde Grande foi eleita pela Agência Nacional de Águas (ANA) como uma das bacias prioritárias para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos por possuir grande número de conflitos, especialmente entre os irrigantes, por apresentar balanço hídrico desfavorável e por situar-se em uma área que apresenta extrema escassez hídrica, necessitando de Planos emergenciais para mitigar seus efeitos.

O Rio Verde Grande, ao longo dos anos, vem passando por vários tipos de degradação, sendo os despejos de esgotos um dos maiores impactos negativos ocorridos nessa bacia. Um dos seus principais afluentes é o Rio Vieira, que nasce a 15 quilômetros da cidade de Montes Claros e é o principal responsável pela degradação desse rio, uma vez que recebe in natura nas suas águas todo o esgoto

domiciliar e industrial da cidade de Montes Claros, que é a mais povoada do norte de Minas Gerais, com mais de 352.384 habitantes (IBGE, 2007). Estudos realizados pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, em parceria com a Fundação Nacional de Meio Ambiente - FEAM através do Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC, indicam que a qualidade das águas do Rio Verde Grande está bastante comprometida. No mapa da Figura 15, é apresentada a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, com destaque para a Sub-bacia do Rio Verde Grande, SF10 (destacada pela seta de cor azul) demonstrando o índice de qualidade das suas águas e o grau de contaminação por tóxicos.

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Figura 15 - Qualidade das águas superficiais das Bacias Hidrográficas de Minas Gerais, destacando a bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande

Fonte: IGAM, 2006 Org.: MAGALHÃES, S. C., 2008

A partir da análise do mapa, observa-se que o Rio Verde Grande apresenta- se com Índice de Qualidade da Água - IQA médio em todo o seu curso. A falta de estação de amostragem em praticamente todos os tributários desse rio impossibilita a avaliação dos impactos que causam ao Verde Grande. Sabe-se que a maioria das cidades norte mineiras não possui Estação de Tratamento de Esgoto - ETE, ou nem mesmo coleta e, quando seus resíduos são lançados nas águas, estas não conseguem diluí-los, devido à escassez hídrica da região. O rio Vieiras (destacado pela seta de cor laranja) possui IQA ruim em quase todo o seu curso e alto índice de contaminação por tóxicos (destacado pela seta de cor vermelha) na sua foz,

confirmando assim a sua contribuição para o quadro de degradação em que se encontra o rio Verde Grande.

3.4.1 Avaliação da qualidade da água

De acordo com análises e ensaios bacteriológicos feitos pelo Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC em 2005, há uma situação de degradação das condições sanitárias na maior parte dos cursos de água da bacia do rio Verde Grande agravada pela insuficiente estrutura de saneamento básico da região. O trabalho do CETEC (2005) aponta que o rio Vieira registra as piores condições sanitárias da bacia e, após receber as águas desse rio, o Verde Grande apresenta uma significativa elevação da concentração de coliformes fecais e ocorrência de metais pesados, como cádmio, chumbo e mercúrio. Essa situação torna-se ainda mais preocupante ao levar-se em consideração que existe a possibilidade de contaminação de produtos que são irrigados com essas águas, notadamente frutas e legumes normalmente ingeridos crus. A população também corre esse risco, pois além de consumir esses alimentos, utiliza os corpos d’água contaminados para o abastecimento doméstico, o que constitui um grave risco para a ocorrência de doenças de veiculação hídrica.

Entre as principais causas de degradação da qualidade das águas superficiais da Bacia do Verde Grande está a ocorrência de despejos industriais e urbanos, sem qualquer tratamento, especialmente em Montes Claros, que concentra cerca de 40% da população da Bacia e quase a totalidade das instalações industriais. De acordo

com o Relatório: monitoramento das águas superficiais na bacia hidrográfica do Rio São Francisco – Norte (2004), as contagens de coliformes fecais ultrapassaram o padrão de qualidade no rio Verde Grande à jusante da cidade de Glaucilândia, município que faz limite com Montes Claros. Já nos demais pontos de monitoramento, os valores de coliformes fecais se apresentaram dentro do limite legal. Os teores de fosfato total também não atenderam ao padrão em todos os trechos monitorados do rio Verde Grande, destacando-se elevados valores de fosfato total na estação localizada à jusante da cidade de Capitão Enéas que refletem a degradação das águas do rio Verde Grande em função dos esgotos sanitários do município de Capitão Enéas, bem como do Rio Vieiras, um de seus afluentes, que apresenta grande contaminação por esgotos sanitários brutos e efluentes industriais da cidade de Montes Claros.

É observado ainda nesse relatório que a contaminação das águas do rio Verde Grande pelo Rio Vieiras é reforçada pela presença de altos teores de condutividade elétrica ao longo do seu curso. Apesar da ocorrência de águas naturalmente salobras nessa região, pela presença de rochas calcárias, os valores detectados para esses parâmetros refletem a presença de sais dissolvidos de origem antrópica.

Quanto à turbidez e à cor, de acordo com o relatório, apresentam-se também fora do padrão de qualidade em todo o rio Verde Grande, sendo associadas à ocorrência de chuvas após o período de déficit hídrico que promove o carreamento do material depositado no solo para o corpo de água.