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3. COOPERATIVISMO EM CONSULTORIA

3.2 Histórico da Cooperativa – Fundação e Expansão

Em meados do ano de 1993, professores contratados do SENAI, em regime de CLT, prevendo especialmente a questão da aposentadoria, visualizaram a oportunidade de fundar uma Cooperativa de trabalho, como uma opção de renda futura, algo já garantido após a aposentadoria. Para tanto, convidaram ex-funcionários da FIAT e mais alguns amigos e profissionais de consultoria e treinamento.

Dentre eles, encontrava-se o atual presidente, especialista em cooperativismo e grande apoiador do movimento, além de outros já envolvidos com Cooperativas e Associativismo.

Na região onde foi fundada, a Cooperativa em questão, em princípio, visava a atender o SENAI, pois os sócios-fundadores, em sua grande maioria, eram contratados em regime de CLT como professores, tão logo passariam a ser prestadores de serviço e acreditavam que os contatos desenvolvidos enquanto funcionários do SENAI ou da FIAT, onde sempre tiveram grande acesso às empresas, facilitaria e

abriria portas de novas oportunidades de trabalho, agora como “consultores” autônomos.

Durante um ano foram feitas reuniões, num salão da prefeitura ou, às vezes, no salão do prédio onde residiam os futuros associados, geralmente uma vez por mês, para acertar os detalhes e amadurecer a idéia até que, em 1994, depois de muito discutido e acertado, finalmente a Cooperativa foi fundada, com 29 integrantes. Daí dois meses foram incluídos mais 4 membros, que seriam os únicos aceitos, pois a idéia inicial seria compor um grupo de elite, encerrando a possibilidade de novos integrantes. Formou-se então, os 33 “sócios-fundadores” da Coopertec, uma cooperativa com proposta inovadora para a época, com profissionais de diversas áreas e diferentes experiências.

Vale ressaltar que, esse mesmo “grupo de elite”, citado em entrevistas com cooperados na sede da cooperativa, seja talvez um forte indício da intenção de formação do núcleo da cooperativa, vinculado diretamente aos diretores da mesma.

Foi composto o Estatuto da Cooperativa, ditando as principais normas internas e respondendo por completo à Legislação vigente sobre o Cooperativismo (Lei 5764/71).

No primeiro ano, cheios de expectativas pelo crescimento e sustentabilidade da Cooperativa, houve uma grande decepção. Ao visitar o cliente, agora não mais como “Senai”, o mesmo não lhes dava muito valor. Como exemplo da dificuldade pela qual passaram, foram enviados mil folders para as empresas e obtiveram apenas um retorno. Daí veio a frustração, pois estavam convencidos de que seria muito mais fácil o acesso aos empresários e o retorno viria rápida e seguramente. Foram percebendo que a demanda de serviço não era muito fácil, daí que muitos dos sócios-fundadores partiram para um serviço mais fixo.

No início da Cooperativa, o objetivo era manter um grupo fechado, como já citado, um “grupo de elite”, com os integrantes fundadores, os quais permaneceriam dali por diante. Com o passar do tempo, dados os aspectos sócio-econômicos do período e a grande dificuldade de acesso às empresas, porém, o grupo percebeu que seria importante abrir espaços para novos cooperados, como forma de crescimento da Cooperativa e abrangência de novos mercados e a demanda começou a aparecer entre os próprios cooperados, que queriam indicar pessoas para se associarem.

- Ah, meu marido também quer se associar! - Eu tenho uma cunhada que quer ser cooperada! - Posso indicar uma amiga?

E assim por diante.

Os fundadores chegaram à conclusão de que a Cooperativa precisaria ter: poucos cooperados operando regularmente com um faturamento maior, ou muitos associados com faturamentos alternados, para que ela tivesse o recurso garantido para manter as despesas fixas.

Após realização de uma assembléia, os fundadores optaram por ampliar o quadro de cooperados, sendo esta também uma forma de divulgar e fortalecer o nome da Coopertec. Para isso foi instituído em Estatuto que todos os profissionais interessados e dispostos a ingressarem na Cooperativa, deveriam ser aprovados anteriormente, por votação, na Assembléia Geral. Isso tudo para que houvesse uma segurança em admitir novas pessoas para o grupo e, também, para que a imagem tão zelada pelos membros fundadores fosse preservada.

Daí por diante, o recrutamento passou a ser realizado por indicação, qualquer profissional que quisesse se associar, teria de ser indicado por algum cooperado.

Foi inclusa uma cláusula no Estatuto Social, a qual dizia que cada sócio ao indicar um novo associado, teria, sobre o faturamento deste, o chamado “agenciamento”. O agenciamento significa um percentual de 1 a 5% que o cooperado recebe sobre os projetos que forem desenvolvidos pelo seu indicado. Este tem sido um dos fatores que motivam alguns associados a convidarem outros, embora isso não seja muito claro na prática, pois nem todos os associados recebem este percentual. De acordo com a Diretoria, quando se trata de profissionais que atendem ao SEBRAE, esse “agenciamento” não existe.

Outro fator que contribuiu para a expansão da Cooperativa, foi a terceirização dos consultores promovida pelo chamado Sistema S, incluindo SENAC, SENAI, SENAT e, principalmente, o SEBRAE.

No Senai-SP, por exemplo, nos anos de 1997 e 1998, foi reduzido o número de funcionários em mais de 50%, por meio de programas de demissão

voluntária e aposentadoria. Desde de então muitos profissionais (ex-funcionários e outros consultores de fora) passaram a atuar como prestadores de serviço.

Além disso, de acordo com cooperados da sede, a confiabilidade e o respeito entre os integrantes e a Cooperativa é tão grande que muitos deles têm parentes cooperados (marido e mulher, pai, mãe, filho(a), cunhado), reforçando a confiança na organização e nas pessoas ligadas a ela.

Uma das qualidades que a cooperativa mais preza, inclusive, segundo seus atuais diretores, é a seriedade da instituição, que é cuidada por todos para que se mantenha, sobretudo na entrada de novos associados.

No ano de 2006, os mais de mil associados da Cooperativa encontravam- se espalhados por todo o Brasil. A maior concentração está em Belo Horizonte, cidade onde foi fundada e continua sediada, mas também há cooperados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Pará, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, atuantes ainda em outros estados, como Piauí, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso, Goiás e Paraná.

Sua sede se constitui num escritório com 2 salas: uma recepção, onde se encontram as 2 secretárias e outra sala onde se reúne a Diretoria, que tem dedicação exclusiva para a Cooperativa. Esta segunda sala também pode ser utilizada pelos cooperados, com agendamento prévio, sem qualquer ônus. O escritório fica próximo à FIEMG, num bairro bem conceituado da cidade de Belo Horizonte, um investimento alcançado graças à solidez do grupo e grande dedicação ao trabalho.