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ÍNDICE CAPÍTULO 1

3.2 HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA

O avanço da ocupação em direção aos morros da cidade de Vitória apresenta um forte condicionante socioeconômico. A ocupação da Vila de Vitória nos primeiros 349 anos de sua história, isto é, entre 1551 e 1900, foi marcada por uma inexpressiva ocupação urbana (PMV, 2009). Nesta época, a cidade ocupava as imediações entre o que atualmente é a Vila Rubim e a Rua Barão de Monjardim. Este trecho perfaz aproximadamente 2 km, onde a cidade fica espremida entre o Maciço Central e o mar (Figura 3.4).

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Figura 3.4 - Em destaque, trecho ocupado até 1900 entre a Vila Rubim e a Rua Barão de Monjardim. Fonte: Google Earth.

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A partir de 1900 até 1940, a ilha de Vitória tem a sua área passível de ocupação expandida em cinco vezes em função de numerosas obras de infraestrutura, dentre elas a retificação e ampliação de vias. Os aterros executados no local, que hoje é o Parque Moscoso, Ilha de Santa Maria, Jucutuquara e implantação do Projeto do Novo Arrabalde, aumentam a área da ilha em direção sul e norte, respectivamente. No intervalo entre 1900 e 1940, o Porto de Vitória recebe melhorias e tem o café como principal produto de exportação do Espírito Santo (PMV, 2009) (Figura 3.5).

No inicio da década de 40, os aterros avançam no sentido norte, onde hoje está localizado o bairro de Bento Ferreira. A região onde hoje se situam os bairros Romão, Forte São João, Itararé, Morro Gurigica, Ilha de Santa Maria, Monte Belo e Morro São José é ocupada entre as décadas de 40 e 50 do século passado. No sentido sul, atual bairro de Santa Tereza, já se verifica a incipiente ocupação do Maciço Central (PMV, 2009) (Figura 3.6).

A década de 50 marca a transição entre a pré-industrialização e a industrialização da capital capixaba. Este fato é marcado com a concentração das exportações do minério oriundo de Minas Gerais (Pacheco 2002, apud Salaroli, 2003). A cidade de Vitória experimenta ao longo das décadas de 50 e 80 os maiores períodos de crescimento populacional, como observado na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Evolução da população de Vitória a partir de 1940.

Ano População Crescimento (%)

1940 45.212 - 1950 50.922 12,63 1960 83.351 63,68 1970 133.019 59,59 1980 207.747 56,18 1991 258.777 24,56 1996 265.874 2,74

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2000 291.889 9,78 2005 313.312 7,34 2009 320.156 2,18

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Figura 3.5 - Visualização da ampliação da ilha de Vitória entre os anos de 1900 e 1940. Em destaque, o Novo Arrabalde e o Parque Moscoso.

Fonte: Google Earth.

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Figura 3.6 - Avanço dos aterros na direção do trecho continental do município de Vitória entre os anos de 1940 e 1960. Fonte: Google Earth.

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A intensificação da ocupação das encostas ocorre na década de 60 entre os bairros de Santo Antônio e Fradinhos. Já nesta época, com o estabelecimento do acesso à parte continental do município, tem-se a ocupação da região de Camburi. Dois fatores, ambos ocorridos na década de 60, se apresentam determinantes no avanço da ocupação das encostas: a execução de grandes obras (aeroporto, Universidade Federal do Espírito Santo e do Porto de Tubarão), juntamente com a queda da produção de café no interior do estado (PMV, 2009) (Figura 3.7).

Até o ano de 1962, o café arábica foi o senhor absoluto da economia estadual ocupando mais de 500 mil hectares (CETCAF, 2011). Porém, os anos 60 mostram-se dramáticos para a cafeicultura, fazendo dessa década um período de reestruturação da economia. Segundo Rocha & Morandi (1991) “a debilidade do setor industrial e das demais

atividades urbanas, incapazes de suplantar a queda da atividade econômica advinha da crise cafeeira, configuravam uma situação sem precedentes na história do Espírito Santo.” (COOABRIEL, 1997)

Em 1962, o plano elaborado pelo GERCA – Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura, instituído por autoridades governamentais do Instituto Brasileiro do Café (IBC), é posto em prática prevendo uma erradicação dos cafezais situados fora do zoneamento agrícola (regiões inaptas para o café) e que representassem produtividade inferior a 6 sacas beneficiadas/1.000 pés, considerada antieconômica (COOABRIEL, 1997).

No Estado do Espírito Santo a política de erradicação teve maior impacto, provocando uma profunda crise social, devido principalmente ao problema do desemprego no setor agrícola, provocando êxodo de famílias para as cidades (COOABRIEL, 1997). Neste momento, a cidade já demanda por mão de obra para execução dos projetos em implantação.

Entre as décadas de 70 e 80, as encostas do lado leste do Maciço Central, as margens de onde se encontra atualmente a Rodovia Serafim Derenzi, que bordeja o Maciço Central, são ocupadas.

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Na Região de Camburi, o fato importante é a implantação da Siderúrgica de Tubarão (1976) ao lado das instalações portuárias da então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), hoje VALE (PMV, 2009) (Figura 3.8).

No período de 1980 a 1990, merece destaque as ocupações ao longo da Rodovia Serafim Derenzi, que deram origem aos seguintes bairros/comunidades: Nova Palestina, Resistência, Redenção, Aglomerado São Pedro, Grande Vitória, Estrelinha, Inhanguetá e Nossa Senhora Aparecida. Essas ocupações completam a conturbação na parte insular do município, o que vai conferir à mancha urbana um aspecto de anel em torno do Maciço Central (PMV, 2009) (Figura 3.10).

O período que vai de 1990 a 1997 é caracterizado pela urbanização e adensamento dos bairros, restando poucos lotes dentro da cidade para serem ocupados. À exceção do Maciço Central, dos topos rochosos dos morros, dos mangues do Lameirão e estuário do rio Santa Maria e da área do Aeroporto, a mancha urbana estende-se em todas as direções (PMV, 2009) (Figuras 3.11, 3.12, 3.13 e 3.14).

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Figura 3.7 - Avanço da ocupação em direção ao continente e a oeste e a leste do Maciço Central na década de 60. Fonte: Google Earth.

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Figura 3.8 - Início da ocupação no lado oeste do Maciço Central e construção do Porto de Tubarão e da VALE no final da década de 70. Fonte: Google Earth.

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Figura 3.9 - Consolidação da ocupação bordejando o Maciço Central na direção norte entre os anos de 1980 e 1990. Fonte: Google Earth.

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Figura 3.10 - Ocupação dos morros de Vitória na vertente oeste do maciço central. Vista dos bairros Santo Antônio, Caratoíra e dos Morros do Quadro, Cabral e Santa Tereza.

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Figura 3.11 - Ocupação dos morros de Vitória na vertente leste do maciço central. Em primeiro plano o Morro do Cruzamento. Fonte: PMV/Secretaria de Obras/2007.

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Figura 3.12 - Ocupação dos morros de Vitória na vertente norte do maciço central. Vista do bairro Conquista e da Rodovia Serafim Derenzi.

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Figura 3.13 - Ocupação dos morros de Vitória na vertente sul maciço central. Fonte: PMV/Secretaria de Obras/2007.

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3.3 ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA NA QUESTÃO DO RISCO