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3 SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICOS

5.2 HISTÓRICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM SOUSA-PB

Conforme Gadelha (1986) a cidade de Sousa foi fundada às margens do Rio do Peixe, afluente do Rio Piranhas, no alto sertão da Paraíba. As suas terras férteis e a grande disponibilidade de água, atraíram nos primórdios, índios da tribo Icó Pequeno, etnia Cariri.

Com o advento da colonização os sertanistas adentraram o interior da Capitania da Paraíba do Norte, em busca de riquezas, índios para o apresamento e terras para a criação de gado.

Pelos relatos de Gadelha (1986), o abastecimento de água na cidade inicialmente era feito de forma direta no leito do Rio do Peixe. Durante a estação seca, a população cavava cacimbas no leito seco do rio à procura do precioso líquido. Os mais afortunados podiam comparar a água que era transportada em latas, baldes, vasilhas ou em ancoretas no lombo de animais. Assim, as pessoas de menor poder aquisitivo se serviam livremente da força de seus músculos para a árdua tarefa de coleta da água.

Com o crescimento urbano do município, surgiu a necessidade de um sistema de abastecimento de água mais eficaz, nas palavras de Ferraz (2004) quem de fato, implantou o primeiro sistema de abastecimento de água de Sousa, foi o prefeito Felinto da Costa Gadelha (Tozinho Gadelha) na década de 1950.

Em pesquisa realizada no arquivo da Câmara de Vereadores de Sousa, encontra-se a Lei nº. 230/57, a qual autorizou o prefeito municipal a assinar contrato com a empresa construtora, para o serviço de abastecimento da cidade bem como, a ratificar convênio com o governo do Estado para o mesmo fim.

Em 26 de setembro de 1957, conforme CAGEPA (2014) são criadas as Comissões de Saneamento de Monteiro, Cajazeiras e Souza. Um dado relevante para o estudo diz respeito à existência da Lei Municipal nº. 380/1961, a qual autorizava o município a participar de Sociedade Mista para a exploração do serviço de abastecimento de água e esgotos de Sousa S/A – SABESA desprende-se ainda do texto da lei que o município possui 51% de cota, sendo acionista majoritário.

Por motivos desconhecidos, em 1966 foram promulgadas as Leis municipais nº. 586 e 587, a primeira autorizando o prefeito municipal a assinar contrato de financiamento com o grupo executivo do fundo nacional de abastecimento de água, destinados a possibilitar a execução das obras de saneamento. Já a segunda, aprova o relatório e o estudo de viabilidade econômica para o serviço de abastecimento de água desta cidade, elaborado pelo escritório da Companhia de Água e Esgotos do Nordeste – CAENE.

De acordo com Lima Júnior (2008) a CAENE foi uma empresa criada em 1962 pela autarquia federal SUDENE, com o propósito de melhorar a distribuição de água tratada e ampliação das redes de esgotos sanitários em diversas localidades do nordeste brasileiro.

Mais adiante, em 1969 é aprovada e sancionada a lei Municipal nº 665, que autoriza o Chefe do Executivo local a firmar contrato, a título oneroso com a Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba- CAGEPA, para atender a participação do município nas despesas com a

implantação, ampliação e ou melhoria dos serviços de saneamentos básicos da cidade de SOUSA-PB.

Por fim, o então Prefeito da cidade Clarence Pires de Sá, sancionou a Lei nº 671/69, que autorizou o Município de Sousa a conceder mediante contrato, a execução e a exploração dos serviços públicos de água e esgotos sanitários do município por um prazo de 20 anos.

Conforme histórico esboçado, o abastecimento da cidade de Sousa, passou por várias etapas para a sua evolução, das primitivas coletas de água no leito do Rio do Peixe, à implementação gradativa de um serviço de abastecimento canalizado, o município criou uma Sociedade de Economia mista (SABESA), firmou parcerias CAENE-SUDENE e por fim, autorizou mediante contrato de concessão a construção de infraestrutura necessária a exploração dos serviços de abastecimento de água e coleta de esgotos, a CAGEPA.

Atualmente segundo a CAGEPA (2014), o abastecimento de água na cidade de Sousa- PB é feito à partir da água captada no açude de São Gonçalo, que está localizado em área pertencente ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), na bacia hidrográfica do alto piranhas.

5.3 O PROCESSO DE MUNICIPALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO EM SOUSA-PB

De acordo com Gadelha (2006), até o ano de 2006 a CAGEPA realizava todos os procedimentos relacionados com o abastecimento de água e esgotos de Sousa, ou seja, a captação, a elevação, a adução, o tratamento, o armazenamento da água em reservatórios de acumulação, a distribuição aos consumidores, bem como, a manutenção das redes de água e esgotos da cidade, por tudo isto efetuava a cobrança pela prestação dos serviços.

No dia 4 de maio de 2004, o Município de Sousa notificou a CAGEPA que, em face da criação do DAESA - Departamento de Águas, Esgotos e Saneamento Ambiental de Sousa pela Lei Municipal nº 31/2004, regulamentada por decreto, passaria, de forma imediata, a assumir a exploração dos serviços de água, esgoto e saneamento do Município.

Segundo Gadelha (2006), o Município de Sousa em 1969 firmou com a Companhia um contrato de concessão por 20 anos, permitindo à empresa a exploração dos serviços públicos de abastecimento de água e esgoto sanitário. Expirado o prazo de validade do contrato em 1989, a empresa continuou prestando os serviços.

Inconformada, a empresa impetrou judicialmente um Mandado de Segurança de nº 037.2004.005061-1, sustentando na sua argumentação a incompetência do Município para tal

determinação. Em sede de primeira instância, o magistrado competente, julgou o pedido procedente por entender que seria imprescindível a rescisão do contrato de concessão para viabilizar a assunção pretendida, em face da prorrogação tácita, ocorrida em 1989, por prazo indeterminado.

O Município recorreu da decisão às instâncias superiores competentes, alegando razões de saúde pública. Os argumentos baseavam-se nas informações de que parte da tubulação existente era fabricada de amianto, material que segundo estudiosos poderiam trazer riscos cancerígenos à população, sem contar que vários bairros da cidade não dispunham de rede de água e nem de esgoto (CONJUR, 2006).

Ademais, nas palavras de Gadelha (2006) a Administração Municipal comprometeu-se em modernizar toda a infraestrutura operacional dos serviços e implantou um sistema de tarifa social, pelo qual o consumidor que consumisse 10 m³ de água por mês, ficaria isento de pagar a tarifa.

Por fim, o processo chega ao Superior Tribunal de Justiça - STJ e nesta instância extraordinária fora nomeado como relator o Ministro Edson Vidigal, que em análise preliminar constatou que a situação da prestação dos serviços de água e esgoto no Município de Sousa PB estava caótica, chegando ao ponto de exigir a interferência do Ministério Público.

Constante do texto decisório do STJ (2014) que o Ministro Edson Vidigal acatou os argumentos apresentados pelo Município de Sousa-PB, e desta forma, determinou o afastamento da CAGEPA da prestação de serviços de abastecimento de água esgotos, ficando em seu lugar o DAESA, ( CONJUR, 2006).

Por consequência dos efeitos do cumprimento da decisão judicial, a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA) afastou-se do gerenciamento dos serviços de saneamento do Município de Sousa, assumindo em seu lugar o Departamento de Águas, Esgotos e Saneamento Ambiental de Sousa (DAESA).

Conforme o DAESA (2013), o panorama atual de distribuição de água e coleta de esgotos na cidade de Sousa, pode ser resumido da seguinte forma, qual seja; a CAGEPA faz a captação, a elevação, o tratamento e o armazenamento da água em reservatórios, disponibilizando para o DAESA, que controla a distribuição, a manutenção das redes de água e esgotos da cidade e realiza a cobrança pela prestação destes serviços.