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Histórico e Justificativa do Curso

O curso de Licenciatura em Música constituiu-se como um desdobramento acadêmico das atividades de perfil extensionista voltadas para o ensino de Música, promovidas no âmbito do então Instituto de Instituto de Artes e Cultura (IAC) da Universidade Federal de Ouro Preto desde 1993. Assim, em 1994, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFOP, através da Resolução n. 585, aprovou a criação da Escola Livre de Música (conforme Anexo Documental 1: UFOP. Projeto de Implementação da Escola Livre de Música. Ouro Preto: UFOP, 1994).

A operacionalidade da Escola Livre de Música, no contexto de sua criação, é descrita pelo professor Guilherme Paoliello:

Em 1993, houve uma retomada das atividades musicais que já aconteciam na década de 80 […]. Essa retomada foi organizada pela professora Berenice Menegale que logo em seguida assumiu a perspectiva de musicalização mais geral. A experiência anterior era baseada em aulas de instrumentos de corda, com o objetivo de formar uma orquestra. Nessa primeira etapa, quando o instituto era dirigido pelo Arnaldo Drummond, os professores de música eram: Moisés Guimarães, viola; Violoncelo, Cláudio Urgel, violoncelo, Eduardo Ribeiro, musicalização e Harry Crow, musicologia e composição, entre outros (apud: AGUIAR, 2016, p. 13).

Uma vez criada, a Escola Livre de Música foi coordenada pela professora Berenice Menegale, estando dotada de três núcleos distintos:

(1) Núcleo de Formação de Professor de Música e do Regente de Coro, que tinha como objetivos específicos a formação profissionalizante do professor de Música e do regente de coro para a cidade de Ouro Preto, bem como a formação geral dos demais alunos;

(2) Núcleo de Formação Específica de Instrumentista de Orquestra e de Banda, que tinha como finalidade única a formação específica do instrumentista solista, possibilitando a sua participação em orquestras, bandas e conjuntos musicais de forma profissional; (3) Núcleo de Educação Musical, que tinha como objetivo a educação musical da criança e do adolescente, especialmente na escola pública, propiciando o aprendizado de instrumentos, a formação de conjuntos e de grupos corais (apud: AGUIAR, 2016, p. 14).

Inicialmente sediada no prédio do Instituto de Arte e Cultura da UFOP (hoje Instituto de Filosofia, Arte e Cultura - IFAC), à rua Coronel Alves, a Escola Livre de Música logo teve de mudar de localização, sendo transferida para a Escola de Minas,

uma vez que o número de alunos participantes das aulas crescia exponencialmente.

Afinal, sua proposta pedagógica preconizava a possibilidade de formação musical para todos os sujeitos interessados, o que implicava na inexistência de um “exame de admissão para estudar na ELM, todos os interessados que se inscreviam eram admitidos e passavam a frequentar as aulas” (apud: AGUIAR, 2016, p. 15). Com base nesta grande procura e na articulação que a Escola mantinha com a Universidade, surgiu a proposta de criação de um curso de Licenciatura em Música, como relata o professor Cesar Buscacio:

[...] Lá pra 1996 que o curso já [es]tava, assim, bem cheio… […] A Ana Maria de Almeida, que era diretora do IFAC ([pois] já era IFAC, a Filosofia já tinha sido implantada em 1994), virou e falou assim:

“Esse Curso de Música aqui, o Curso Livre, já teve várias iniciativas, foram interrompidas várias vezes e depois recomeçaram, como esse que está agora, porém sem uma vinculação com uma graduação não tem mais como sustentar esse Curso Livre. Então vocês têm que vir com um projeto”. A Nair teve a ideia de procurar a Sandra Loureiro de Freitas Reis, aí ela [Sandra] formulou junto com a gente o primeiro projeto. A gente se reunia na casa dela todo domingo à tarde assim, eu [César], Nair e ela [Sandra], para formular um projeto do curso de licenciatura. Aí a Sandra veio e apresentou pra Ana Maria de Almeida (apud: AGUIAR, 2016, p. 15).

Ademais, como elucida a professora Nair Pires,

[…] o grupo de professores contratados pela UFOP, ou em parceria com a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, vivia uma situação de instabilidade institucional, pois não havia um aparato legal que garantisse a permanência dos professores na instituição. Portanto, a continuidade da Escola Livre se via comprometida uma vez que havia no IFAC uma atividade isolada de extensão que não permitia a contratação de professores, além de outros trâmites burocráticos.

Naquela época, o IFAC contava apenas com uma funcionária efetiva desde 1993, ocupando o cargo de músico/pianista (técnico-administrativo em nível superior) e ministrando aulas na Escola Livre.

Isso, em termos legais, configurava desvio de função. Por outro lado, os alunos da Escola Livre, desejosos de dar continuidade à formação musical, empenharam-se nas solicitações para a criação de um curso superior de música na UFOP (PIRES, 2015, p. 78-79).

O processo para criação do curso de Licenciatura em Música estendeu-se de 1996 a 1998, até que, em 16 de setembro de 1999, foi oficialmente instituído pela Resolução CEPE n. 1202, sob a denominação de “Licenciatura em Educação Musical”

(conforme Anexo Documental 2: UFOP. Resolução CEPE n. 1202/99. Ouro Preto:

UFOP, 1999). Nestes 29 anos de existência do curso de Licenciatura em Música da UFOP, além da transferência da sede para o campus do Morro do Cruzeiro, foram promovidas algumas reformulações, pois “o curso definiu formar um profissional com

um perfil mais amplo, tornando o egresso músico, professor e pesquisador de sua prática. A adoção do novo perfil do egresso acarretou mudança do nome do curso, passando a se chamar Música – Licenciatura” (PIRES, 2015, p. 79).

Considera-se, assim, que a existência do curso de Licenciatura em Mùsica da UFOP justifica-se por sua inserção nesta dinâmica de formação musical que, sem desconsiderar a validade de uma atualização permanente, tem se mostrado indissociável das duas características que nortearam o curso desde sua formação: a primazia conferida à docência, reiterando-se a importância acadêmica e política da educação e do ensino de música no Brasil, e a abertura, de cunho ético e social, àqueles que reconhecem na música uma linguagem privilegiada para seu estar no mundo.

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