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Capítulo II. A tribo Senecioneae (Asteraceae) em Minas Gerais, Brasil

6. Hoehnephytum Cabrera

Arbustos eretos, perenes. Caule simples ou ramificado. Folhas ovadas a elípticas,

agudo a obtuso, base aguda, obtusa ou atenuada, margem inteira, subpecioladas a pecioladas. Capítulos homógamos, discoides, dispostos em capitulescências corimbiformes. Invólucro cupuliforme, brácteas involucrais sempre 5. Flores sempre 5,

perfeitas, corola tubulosa, amarelas. Anteras com base obtusa. Ramos do estilete com ápice arredondado, pubérulo apenas dorsalmente; linhas estigmáticas contíguas.

Cipselas obcônicas, costadas, hirsutas. Pápus alvacento, persistente.

Hoehnephytum é um gênero endêmico do Brasil, com as espécies distribuidas pela

região nordeste (Bahia), centro-oeste (Goiás) e sudeste (Minas Gerais e São Paulo) (Tabela 1). Foi descrito por Cabrera (1950) baseado em duas espécies de Senecio descritas por Gardner (1848) (Senecio trixoides Gardner e S. imbricatus Gardner). O gênero foi segregado de Senecio (s.l.) com base no ápice dos ramos do estilete, que em

Hoehnephytum é arredondado e pubérolo apenas dorsalmente, diferentemente de Senecio (s. str.) que possui o ápice dos ramos do estilete truncado e envolto por uma

coroa de tricomas. Hind (1993b) descreveu Hoehnephytum almasensis D.J.N.Hind, espécie endêmica da Bahia, elevando o número de espécie do gênero para três. Hind (1993a) cita para Minas Gerais a ocorrência de duas espécies, H. imbricatum (Gardner) Cabrera e H. trixoides (Gardner) Cabrera. No entanto, conforme explicação dada nos comentários de H. trixoides estamos considerando a ocorrência em Minas Gerais de apenas uma espécie (Tabela 1).

6.1. Hoehnephytum trixoides (Gardner) Cabrera, Brittonia 7: 53. 1950. Tipo: BRASIL. MINAS GERAIS: Formigas, s.d., Gardner 4938 (BHCB, síntipo; NY, foto do síntipo).

Senecio trixoides Gardner, London J. Bot. 7: 421. 1848.

Fig. 3B; 19

Subarbustos a arbustos eretos, 0,4-2 m alt. Caule multisulcado, meduloso,

densamente folhoso por toda a extensão, glabro. Folhas ovadas a elípticas, 0,8-5,5 x 0,4-3 cm, ápice agudo a obtuso, base aguda, obtusa ou atenuada, triplinérveas a obscuramente peninérveas, glabras em ambas as faces, sésseis a pecioladas; pecíolos 1- 8 mm compr., glabros. Capitulescências com pedúnculos 1-12 mm compr., glabros; bractéolas lanceoladas, 2-5 mm compr., glabras. Invólucro cupuliforme, 6-10 x 3-5 mm, ecaliculado; brácteas involucrais oblongas, ápice agudo, piloso, margem escariosa, dorso glabro; receptáculo plano, fimbriado. Flores com corola brancas a esverdeada, 7- 9,5 mm compr., 5-lobulada, lóbulos 3 mm compr., anteras 2-2,5 mm compr., exsertas, apêndice do conectivo oblongo 0,5 mm compr.; estilete 6,5-11 mm compr., ramos do estilete 2 mm compr. Cipselas obcônicas, 1,5-3,5 mm compr.; pápus 5-8 mm compr.

E. Pereira & G. Pabst 9209 (RB); Andrelândia, Faria, 23.VIII.1936, M. Barreto 5258 (BHCB); Belo Horizonte, Jardim Botânico, 28.VIII.1932, M. Barreto 530 (RB); Pampulha, 27.VII.1955, L. Roth 1649 (BHCB, CESJ, MBM, RB); Pampulha, 14.VIII.1955, L. Roth 1389 (RB); Serra do Curral, 02.X.1942, J. Nestor s.n. (BHCB 54722); Serra do Curral, 25.VII.1942, M. Magalhães 3286 (RB); Serra do Taquaril, 28.VIII.1932, M. Barreto 4336 (BHCB); Botumirim, Várzea da Estiva, 25.VII.1991,

M. G. Carvalho & S. T. Silva 458 (BHCB); Caeté, Serra da Piedade, 13.XI.1969, A. P.

Duarte 12053 (BHCB, CESJ; HUEFS); Catas Altas, Reserva Particular Santuário do Caraça, 01.XI.2003, T. M. A. Alves & M. Sobral 241 (BHCB); Congonhas, Mineração Casa de Pedra, Corpo Norte – CSN, s.d., M. S. Mendes & A. E. Brina s.n. (BHCB 107371); Diamantina, 19.IX.1965, A. P. Duarte & E. Pereira 8920 (RB); a 17 km da rodovia para Conselheiro Mata, 03.VII.1989, H. F. Leitão Filho et al. 21789 (UEC); 17 km da estrada da rodovia para Conselheiro Mata, 03.VII.1989, C. S. Zickl et al. 21694 (UEC); 24 km na estrada Diamantina - Conselheiro Mata, 30.VIII.1981, A. M. Giulietti

et al. CFCR 1836 (BHCB, HUEFS, MBM, RB, SPF, UEC); Água Limpa, 22.V.1955, E. Pereira 1437 (RB); ca. 27 km S.W. of Diamantina on road to Gouveia, 17.I.1969, H. S. Irwin et al. 2138 (MBM); rodovia Guinda – Conselheiro Mata, próximo do km 21,

25.VII.1998, G. Hatschbach et al. 68255 (MBM); Gouveia, 12.XI.1971, G. Hatschbach

27813 (MBM); Barro Preto, 14.IX.1985, G. Hatscbach & R. Kummrow 49684 (MBM);

Grão Mogol, Fazenda Boa Vista, próximo a torre de TV, elev. 1030 m, 06.IX.1986, I.

Cordeiro & R. Mello-Silva CFCR 10156 (SPF, UEC); Jaboticatubas, km 114 ao longo da rodovia Lagoa Santa – Conceição do Mato Dentro – Diamantina, 20/VIII/1972, A. B.

Joly & J. Semir 2865 (UEC); km 127 ao longo da rodovia Lagoa Santa – Conceição do

Mato Dentro – Diamantina, 19/VII/1972, J. Semir & M. Sazima 2597 (UEC); Serra do Cipó, nas próximidades da divisa do Parque rumo Conceição do Mato Dentro, 07.XII.1992, H. F. Leitão Filho et al. 27293, 27319 e 27356 (UEC); Serra do Cipó, 05.VIII.1972, G. Hatschbach 29902 (MBM); Serra do Cipó, 06.VIII.1972, G.

Hatschbach 29996 (MBM); Lima Duarte, arredores do Parque Estadual do Ibitipoca, próximo a estrada ara o distrito de Moreiras, 28.VII.2001, F. S. Araújo & V. R. Scalon

126 (CESJ); Moeda, Serra  da  Moeda,  Marinho  da  Serra,  elev.  1544  m,  20º20’54,4”S,   43º56’17,1”W,   05.VI.2006,   F. F. Carmo 131 (BHCB); idem, elev. 1560 m, 20º20’9,4”S,  43º56’17,1”W,  26.IV.2007,  F. F. Carmo & R. Alves 444 (BHCB); Nova Lima, Morro do Chapéu, 22.VIII.1982, P. M. Andrade & T. M. S. Grandi 1151 (BHCB); Ouro Branco, Aldeia de Ouro Branco, 13.XI.1884, Glaziou 15032 (BHCB);

Serra do Ouro Branco, 10.XI.1884, Glaziou 15031 (BHCB); idem, 21.X.1988, L. R.

Andrade et al. 297 (BHCB); Ouro Preto, Alto da Serra de Lavras Novas, 18.I.1942, M.

Magalhães 1055 (BHCB); Parque Estadual do Itacolomi, elev. 1600 m, 17.X.1987, M. Perton 433 (RB); Patos de Minas, arredores da cidade, elev. 800 m, 19.VIII.1950, A. P.

Duarte 2798 (BHCB, RB); Poços de Caldas, 01.XII.1980, W. Stubblebine et al. 566 (UEC);;   21º50’20”S,   46º33’53”W,   26.VIII.1980,   H. F. Leitão Filho et al. 90 e 91 (UEC); idem, F. R. Martins et al. 263 (UEC); ibidem, 31.VIII.1981, H. F. Leitão Filho

et al. 1134 (UEC); Morro de Ferro, 19.X.1964, O. Roppa & O. Leoncini 155 (RB);

23.VIII.1963, J. Becker 76 (RB); idem, opé encosta N, 23.VIII.1963, Muker 63 (RB); Rio Acima, Serra do Gandarela, 04.XI.1968, A. P. Duarte 11185 (BHCB); 29.VI.1970,

A. P. Duarte 11170 (BHCB, CESJ, HUEFS); Rio Vermelho, Serra do Ambrósio, 18º06’28”S,   43º02’20”W,   elev.   1450   m,   10.I.2006,   P. L. Viana et al. 2413 (BHCB); Santa Luzia, Serra do Cipó, Km 116, 13.VIII.1933, M. Barreto 4338 (BHCB); Santana do Riacho, Distrito de Cardial Mota, Parque Nacional da Serra do Cipó, propriedade do Prof. Geraldo Wilson Fernandes (Ecologia / UFMG), 20.X.2006, A. M.

Teles 275 (BHCB); entre o km 131 e 132, Palácio, 04.XII.1949, A. P. Duarte 2035

(RB); near 8 km marker to Fazenda Palácio, 16.XII.1979, G. Martinelli & G. L. Smith

824 (RB); Serra do Cipó, 12.IX.1986, G. A. R. Melo s.n. (VIC 9747); São Gonçalo de Sapucaí, Rodovia Fernão Dias, 04.IX.1971, G. Hatschbach 26958 (MBM, RB); São João Batista do Glória, margem do Rio Grande (Barragem de Furnas), 05.VIII.1960,

P. Klinger 75 (BHCB); São João Del Rei, estrada Itutinga – São João Del Rei, a 6 km de São João, 4-6.X.1978, S. J. Sarti 8488 (MBM, UEC); São Roque de Minas, Garagem de Pedras, PARNA Serra da Canastra, 19.VII.1995, R. Romero et al. 2668 (HUFU, UEC); São Sebastião do Paraíso, área próxima ao Hotel Termópolis, 20- 21.VIII.1982, S. J. Sarti & D. Santos Filho 14420 (UEC); Serra do Caraça, 18.XI.1977,

N. D. Cruz et al. 6367 (UEC); Uberaba, Posto Eli, 11.VIII.1945, M. Barreto 11625 (BHCB); Uberlândia, rodovia Uberlândia - Araguari, rumo a Goiânia, Km 644, entrando para uma estradinha de barro, 13.VII.1978, W. N. Vidal et al. 451 (VIC).

Comentários taxonômicos: Hind (1993a) citou a ocorrência de H. imbricatum e

H. trixoides em Minas Gerais. No entanto, tivemos a oportunidade de examinar vasto

material de ambas as espécies e percebemos que há uma grande variação morfológica entre as duas, não havendo uma distinção morfológica que caracterize individualmente cada espécie. Hind (1995) comenta que H. imbricatum pode ser facilmente diferenciada de H. trixoides pela corola e brácteas involucrais mais longas e pelas folhas mais largas

e com venação reticulada mais pronunciada, porém na prática esses caracteres são sobrepostos. Gardner (1848) nas descrições originais das espécies as descreve com caracteres completamente sobrepostos. Acreditamos que se trate de uma única espécie bastante variável morfologicamente, e que Gardner (1848) deve ter descrito as espécies com base em dois extremos de variação. Infelizmente não vimos o tipo de H.

imbricatum que se encontra depositado no herbário do Museu de História Natural de

Londres (BM), por isso não estamos formalizando a proposta de sinonimização.

Distribuição geográfica e habitat: Hoehnephytum trixoides é uma espécie relativamente comum em ambientes campestres em Minas Gerais, sendo encontrada em campos rupestres com afloramentos quartzíticos ou graníticos, campo cerrado, campo limpo ou ainda crescendo sobre canga, em altitudes que variam de 800 a 1600 m.s.m. A espécie pode ser encontrada ainda em cerrados de outros estados do Brasil, como Goiás e São Paulo (Tabela 1).

Fenologia: floresce e frutifica de maio a janeiro (Tabela 2).

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