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A utilização da homeopatia nos diversos setores da agropecuária é prática permitida pela FAO como técnica a ser utilizada em produtos orgânicos certificados (FAO, 2001). Hahnemann afirmava “se as leis da natureza que proclamo são verdadeiras, então elas podem ser aplicadas a todos os seres vivos” (BONATO, 2004).

Na visão dos homeopatas, em todos os organismos há intercâmbio permanente e intenso entre o todo e suas partes constitutivas, visando assegurar o funcionamento harmônico integrado, com o objetivo de perpetuar espécies e processos. Do contrário, estabelece-se o estado de desarmonia, que se revela sob a forma de doença (EGITO, 1999). A física moderna tem demonstrado que o ser vivo é um campo denso de energia. Qualquer perturbação nesse campo pode suscitar a doença, assim como alguma forma potente de energia pode reequilibrá- lo (MARKS, 1997).

A patogenesia é sempre considerada o efeito máximo detectável na experimentação homeopática, sendo o sintoma patogenésico que revela o uso agronômico potencial do preparado e respectiva dinamização (DUARTE, 2003).

A utilização da homeopatia em vegetais depende de estudos. As pesquisas dependem da disponibilidade de boas plantas cobaias e de métodos. Nos estudos de preparações homeopáticas devem-se obter sintomas ou efeitos ou patogenesias ou doença artificial que revelem o potencial terapêutico de cada preparado dentro da hipótese de se elaborar a Matéria Médica Vegetal (CASALI, 2004).

Diversas são as diretrizes do trabalho experimental em homeopatia realizado em vegetais. Os experimentos têm sido conduzidos visando avaliar os efeitos das preparações homeopáticas no controle de doenças (VERMA et al., 1969; KHAMA e CHANDRA, 1976), de microrganismos patogênicos de produtos armazenados (SINHA e SINGH, 1983) e de insetos-praga (ALMEIDA, 2003). Além disso, os efeitos no crescimento e mecanismos de defesa dos vegetais têm sido registrados em trabalhos mais recentes (ANDRADE, 2000; CASTRO, 2002; ALMEIDA, 2002).

Em salsa e cebolinha ARENALES (1998) relatou o uso dos nosódios (CH 30) de fungos de cebolinha e da salsa substituindo fungicidas específicos e caros, tornando-se prática rotineira do produtor. CASTRO (1999) relatou o uso de Silicea em plantas com crescimento estiolado ou atacadas por míldio no inverno além do uso nas florações precoces e contra fungos em geral.

Na produção de milho doce, o nosódio elaborado com a lagarta do cartucho diminuiu significativamente o número de plantas atacadas pela lagarta enquanto que o nosódio da tesourinha, inimigo natural da lagarta, diminuiu o número de indivíduos da tesourinha favorecendo o ataque da lagarta. Detectou-se a rejeição das borboletas dessa lagarta, na fase de postura, pelas plantas de milho que receberam homeopatia feita da lagarta. Revelando o poder da informação passada pela homeopatia feita da lagarta à planta de milho (ALMEIDA , 2001).

Na produção de café está sendo utilizado o nosódio feito pelo produtor com a própria ferrugem, o ácaro e a broca do café. Os agentes invasores continuam no cafezal causando prejuízos mínimos ou toleráveis e a biodiversidade é preservada. A produção aumentou, a qualidade da bebida melhorou (CASALI et. al, 2002).

Plantas de ervilhas intoxicadas com cobre foram desintoxicadas com o preparado homeopático Cuprum CH 15. Plantas de manjericão intoxicadas com sulfato de cobre tratados com Cuprum CH 30 reduziram significativamente o teor de cobre à medida que cresciam sem que esse efeito fosse devido à diluição (ALMEIDA, 2002; CASALI et. al, 2002).

A homeopatia Phosphorus exerceu influência no crescimento da planta de rabanete principalmente nas mais jovens (CASTRO et. al.,1999). Plantas de picão tratadas com China CH3 tiveram maior produção de massa fresca foliar em relação ao controle, tendo afetado também a produção de ramos e capítulos florais na fase crescimento ARMOND (2003).

O preparado homeopático de raiz de mentrasto (HR C6 - isoterápico) demonstrou potencial no cultivo da mesma espécie visando aumentar o composto bioativo (óleo essencial e cumarina) revelando que a homeopatia, na lei dos iguais, tem efeitos potenciais em Ageratum conyzoides L. (DUARTE, 2003).

Algumas considerações são necessárias na escolha da homeopatia das plantas que podem ou não serem repertorizadas. Deve-se levar em conta a

origem do distúrbio, e naturalmente, a causa. Surgindo dificuldades deve-se adotar o isoterápico como procedimento de emergência, porém não com o objetivo de suprimir os sintomas. Na análise das manifestações deve-se focalizar os sintomas físicos, as respostas quanto aos comportamentos: floração, frutificação, esterilidade, acúmulo de amido, reserva de óleo, produção de fibra ou açúcar, brotação, enraizamento e emissão de ramificações novas (CASALI et. al, 2002).

Variedades cultivadas com as respectivas adaptações (cenoura de verão, arroz de sequeiro, tomate rasteiro) exigem condições específicas que não sendo atendidas causam estresse à planta. A analogia aplicada à matéria médica (que contém o conhecimento sobre o potencial curativo das substâncias experimentadas) traz subsídios à escolha de homeopatias adequadas aos quadros de desequilíbrio das plantas. Portanto, diante da necessidade de escolha de homeopatia para as plantas a analogia à matéria médica é a primeira possibilidade. A segunda é adotar como “similimum” o elemento químico ou nutriente ou sal mineral de maior valor hierárquico da família, gênero, espécie ou variedade cultivada. A terceira hipótese seria a homeopatia tri-una (nosódio+similimum+homeopatia do sintoma agudo). A quarta hipótese é a elaboração exaustiva da Matéria Médica Vegetal com base na experimentação em plantas saudáveis e que não está sendo promissora (CASALI et. al, 2002).

Na inexistência de Matéria Médica Homeopática vegetal, muitas homeopatias vêm sendo experimentadas em plantas consideradas sadias, e em plantas consideradas doentes, procurando-se em todos os casos, obedecer aos princípios da homeopatia. Agricultores de vários pontos do Brasil, e mesmo de outros países, como Inglaterra e Cuba, vêm utilizando homeopatia em plantas com resultados positivos em relação ao aumento da resistência a parasitas e doenças, tolerância a condições físicas impróprias, florescimento, quebra de dormência de sementes e produção de mudas sadias (ARENALES, 1998; ANDRADE, 2000). A maior parte dessas experiências estão sendo feitas aplicando-se homeopatias na planta considerada sadia, a fim de investigar os respectivos efeitos ou no organismo doente, ou estressado, com o objetivo de reequilibrá-lo no seu ambiente, e assim curá-lo (CARVALHO, 2001).

Segundo ARENALES (2004) os medicamentos homeopáticos, comprovadamente exercem a função de medicamentos de ação curativa, assim

como medicamentos de ação preventiva. Sendo assim, os preparados homeopáticos podem potencialmente prevenir distúrbios como a queima das bordas das folhas de alface.

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