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O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás

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CAPÍTULO 3 TRANSPLANTE RENAL: Algumas Considerações da Realidade

3.3 O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás

Segundo dados colhidos no site da UFG29, o Hospital das Clinicas de Goiânia foi fundado em 23 de janeiro de 1962, com 60 leitos e 67 funcionários, que assumiram, juntamente com o corpo docente da Faculdade de Medicina, a formação de 33 acadêmicos e a prestação de serviços a um público não pagante, procedente do Estado de Goiás e circunvizinhos. Desde a sua fundação era vinculado à Faculdade de Medicina, cujo diretor e Presidente do Conselho Diretor era o mesmo nas duas unidades (UFG, 2013).

Em 23 de março de 1984, desvinculou-se da Faculdade de Medicina e ficou subordinado hierarquicamente à Reitoria como órgão suplementar da UFG, composto por uma Diretoria e um Conselho Diretor próprio e com poder consultivo e deliberativo.

O Hospital das Clínicas como campo de trabalho assistencial, de pesquisa, ensino e extensão da UFG tem sofrido arrocho e constrangimento orçamentário impostos por vários governos. A falta de independência econômica faz com que ele tenha que se subordinar às políticas de saúde específicas do SUS, para um bom desempenho do seu papel como hospital universitário.

O Hospital das Clínicas, em função da grande demanda e das precárias condições financeiras de seus usuários, bem como da atual estrutura acadêmica e administrativa, torna-se cada vez mais atrelado aos níveis de atenção primária e secundária.

Com todas as dificuldades, em especial a financeira, principalmente decorrente das políticas econômicas adotadas pelo país nos últimos 20 anos do

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século passado, de grande descaso com as Políticas Sociais, em especial a Saúde e Educação, o HC sofreu um sucateamento de sua estrutura física e humana. Apesar disso, a sua missão institucional e o seu papel social nunca deixaram de ser cumpridos, fato este que fez do HC o principal hospital público do Estado de Goiás, atendendo usuários de diversas regiões brasileiras, em especial a Centro-Oeste, Norte e Nordeste. A estratégia adotada por diretores anteriores foi priorizar investimentos que aumentassem a capacidade de gerar recursos financeiros para a manutenção e melhoria do Hospital das Clínicas, com necessidade de reformar espaços físicos, modernizar equipamentos e a complexa tarefa de administrar com recursos insuficientes, uma vez que o Hospital das Clínicas vem se mantendo basicamente com recursos próprios, através da prestação de serviços ao SUS, cabendo ao Ministério da Educação apenas o pagamento de parte do quadro de pessoal.

O Hospital das Clínicas da UFG por ser um Hospital de Ensino Federal, presta atendimento exclusivamente à rede pública de saúde, ou seja, atende usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo considerado referência no Estado de Goiás em diversas especialidades médicas. Possui leitos hospitalares distribuídos nas unidades de internação (maternidade, pediatria, ortopedia, terapia intensiva, medicina tropical, clínica médica e clínica cirúrgica), além dos leitos destinados ao atendimento de urgência/emergência

Em função de suas necessidades financeiras, o Hospital das Clinicas, conforme publicação em 23/12/11, adotou uma política para garantir a melhoria do seu quadro geral, com destaque de três eixos norteadores (HC, 2011):

x Política Institucional que inseriu o Hospital das Clínicas dentro do SUS, sem deixar, no entanto, de ser referência na área de saúde, atrelado aos programas de ensino das faculdades: Faculdade de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Odontologia, Farmácia e o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública. A triagem dos pacientes do SUS deveria ser feita nos postos de saúde municipais e estaduais com encaminhamento para o Hospital das Clínicas, para o atendimento nos níveis terciário e quaternário.

x Política de Recursos Humanos para assegurar aos servidores, professores, alunos e usuários melhores condições de desempenho da qualidade e produtividade no trabalho e no atendimento, gerando um grau maior de satisfação e;

x Política de Investimento Financeiro que garante ao Hospital das Clínicas um equilíbrio entre a receita e a despesa, além de viabilizar investimento em recursos diversos como pessoal, equipamentos, área física e outros.

Apesar do desempenho do HC, deve-se considerar suas persistentes dificuldades financeiras, seja pelo público do HC/UFG ser exclusivamente SUS, seja pelo repasse de recursos governamentais estar sempre aquém de suas necessidades. Assim, sua estrutura física sofreu, ao decorrer do tempo, uma depreciação, tendo em vista a falta de manutenção e reformas adequadas em toda a unidade hospitalar. Além disso, houve uma diminuição progressiva do contingente de recursos humanos por falta de concurso para reposição do quadro de pessoal. Apesar desta realidade, o hospital vem cumprindo seu papel social, contribuindo decisivamente na formação de inúmeros profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros

Em 2010, o HC, atende ao Decreto nº. 7.082, de 27 de janeiro de 2010, que institui o REHUF (Plano de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais) cujo objetivo é reestruturar e revitalizar os hospitais universitários integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS), com recursos, autorizados por portaria da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH),30 e executado em parceria pelos ministérios da Educação e Saúde. Entretanto, a EBSERH, conforme os estudos de Silva (2013, p. 77), é uma Empresa pública de direito privado que apesar das entidades governamentais reiterarem que esta não é a privatização dos hospitais universitários, os movimentos sociais e de saúde têm denunciado que ela, além de carregar o gene da privatização das políticas públicas e de flexibilizar os direitos dos trabalhadores do serviço público, é uma forma de assegurar o projeto neoliberal em curso no Brasil.

Aqui, abre-se um parênteses para apontar que, com a participação do HC/UFG no Plano de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais, tanto os assistentes sociais quanto os demais profissionais do HC, conforme orienta Silva

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A EBSERH é uma empresa pública de direito privado, criada pela Lei Federal nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011, com estatuto social aprovado pelo Decreto nº 7.661, de 28 de dezembro de 2011, cuja finalidade é a prestação de serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, bem como a prestação às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública, observada, nos termos do art. 207 da Constituição Federal de 1988, a autonomia universitária. (SILVA, 2013, p.77).

(2013), têm como desafio permanente a defesa deste hospital e dos interesses de seus usuários, uma vez que sua privatização trará como conseqüência a perda de direitos que foram conquistados a partir de décadas de lutas.

O Hospital das Clínicas de Goiânia é o único hospital público do Estado de Goiás que responde pelo atendimento dos pacientes, crianças e adolescentes, em fase terminal da doença renal crônica, com unidade pública de Terapia Renal Substitutiva para essa faixa etária, conforme se verá a seguir, na análise e interpretação dos dados.

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