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2.1 Diretrizes Internacionais: ONU e a gestão dos riscos de desastres

2.1.1 I Conferência Mundial de Prevenção de Desastres Naturais

A I Conferência Mundial de Prevenção de Desastres Naturais ocorreu entre os dias 23 e 27 de maio de 1994, participando organizações internacionais, Organizações Não Governamentais (ONGs), a comunidade científica, de negócios, da indústria e a mídia, a fim de deliberar sobre o quadro de ações para

a DIRDN, concentrando-se principalmente em minimizar o sofrimento humano frente à ocorrência de desastres naturais.

Quadro 1 - Gestão de Risco de Desastres a Nível Global

Principais Marcos na História da Gestão de Risco de Desastres Final da

Década de 1980

Resolução 44/236 -

Década Internacional para a Redução de Risco (DIRDN)

Estabelecimento do quadro de ação internacional para a Redução de Desastres Naturais.

1992 ECO-92 Estabelecimento da Agenda 21

1994 I Conferência Mundial para a prevenção de Desastres Naturais – Yokohama, Japão.

Estratégia e Plano de ação de Yokohama – 1º plano para a criação de uma política de Redução de Desastres.

2000 Estratégia Internacional para a Redução de Desastres (ISDR)

Criação do Secretariado permanente sobre a temática, locado em Genebra, Suíça. 2002 Plano de Implementação em

Johanesburgo

Plano de priorização das vulnerabilidades à avaliação de riscos e à gestão de desastres. 2005 II Conferência Mundial para a

prevenção de Desastres Naturais – Kobe, Japão.

Adoção da Declaração de Hyogo por 168 países membros da ONU e do Quadro de Ações 2005 -2015: “Construir a Resiliência das Nações e das Comunidades face aos Desastres”.

2015 III Conferência Mundial para a prevenção de Desastres Naturais – Sendai, Japão.

Adoção de 7 novas metas, 4 prioridades e 1 conjunto de princípios por 187 países membros da ONU sobre o novo Marco de Hyogo: 2015-2030.

Fonte: Baseado em UNISDR (1989; 1994; 1999; 2005; 2007; 2015a). Organizado pela autora.

A conferência aconteceu por reconhecer que as perdas econômicas e humanas estavam se tornando mais intensas devido à incidência maior dos desastres naturais. A fim de salvar vidas humanas e reduzir os impactos dos desastres é que eles recordaram o objetivo da década de 1990, reforçado pela resolução 46/182 de 19 de dezembro de 1991, em que deveriam adotar uma abordagem integrada de gestão de desastres visando uma cultura de prevenção.

Atrelaram o crescimento da sustentabilidade econômica e do desenvolvimento sustentável a medidas que reduzissem o risco de desastres, pois para a ONU os mesmo são fatores de degradação ambiental como já tinha sido enfatizado na

elaboração da Agenda 213 e na conferência ECO-924 especialmente no que

tange o princípio 18 da Agenda, que assegurava que a comunidade internacional apoiaria os países que fossem atingidos por desastres (UNISDR, 1994).

Como premissas dessa I Conferência, os países membros das Nações Unidas e demais participantes estabeleceram dez princípios para alcançar a meta de Redução de Risco de Desastres para a década. Tendo em vista que para a adesão da Estratégia de Yokohama e o seu plano de ação, os países membros deveriam afirmar que:

(1) A população pobre e os países em desenvolvimento são os mais afetados pelos desastres à medida que são menos equipados para lidar com eles; (2) O alcance do desenvolvimento sustentável é fortalecido quando integrado a prevenção de desastres, mitigação, preparação e recuperação e, por isso, a importância de incorporar esses elementos aos planos de desenvolvimento; (3) Para alcançar os objetivos propostos pela DIRDN, as ações deveriam estar voltadas para prevenção do que para a resposta, devido ao alto custo em reconstruir, sendo então necessário um planejamento preventivo que deixasse a salvo as comunidades e que alimentasse o gerenciamento dos riscos;

(4) Os países deveriam agir em conjunto para além das fronteiras, a fim de salvar vidas, obtendo progresso coletivo na mitigação do desastre;

(5) Garantiriam recursos para obter informações e transferência de tecnologias; (6) Incentivariam a participação ativa da comunidade envolvida para desenvolver, compartilhar e aprender sobre a percepção e o desenvolvimento do risco;

(7) Os países que adotaram a Estratégia de Yokohama tinham responsabilidade soberana em proteger sua população, por meio da criação de políticas, programas que a capacitem e a proteja;

3Programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente

tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado “desenvolvimento sustentável”. Pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (BRASIL, 2015a).

4Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD),

(8) A comunidade internacional e as Nações Unidas deveriam criar mecanismos adequados para suportar a DIRDN;

(9) A conferência foi considerada como um marco no progresso humano porque deu uma nova direção frente aos desastres, na tentativa de redução do sofrimento humano ao enfrentar esse tipo de catástrofe;

(10) A conferência teve como objetivo alertar os governos para a implementação de políticas que catalisasse esforços para mudar o quadro de fatalismo dos desastres.

Por fim, foi criado um Fundo monetário para a Década, em que os países se responsabilizaram em obter recursos priorizando as ações de prevenção, mitigação e preparação, estando o mesmo integrado aos projetos de desenvolvimento. Também foi criado um secretariado permanente em Genebra,

The United Nations Office for Disaster Risk Reduction (UNISDR), no início do

novo século, para dar segmento às ações já iniciadas, impulsionando a Estratégia Internacional para Redução de Desastres (EIRD) – International

Strategy Disaster Risk (ISDR), criada no ano 2000.

A missão do secretariado era promover o desenvolvimento sustentável e continuar o ciclo da cultura de prevenção de desastres de modo a tornar as comunidades mais resilientes aos riscos naturais (UNISDR, 2000), assim foi incorporado mais um termo para a gestão de risco, a resiliência frente aos riscos naturais e as vulnerabilidades, que segundo a UNISDR (2009) resiliência é a:

Capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade potencialmente exposta a ameaças a adaptar-se resistindo ou mudando com o fim de alcançar e manter um nível aceitável em seu funcionamento e estrutura. Determina-se pelo grau no qual o sistema social é capaz de auto organizar-se para incrementar sua capacidade de aprendizagem sobre desastres passados com o fim de alcançar uma melhor proteção futura e melhorar as medidas de redução de risco de desastre (UNISDR, 2009, p.17).