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IACS no contexto institucional – uma problemática emergente

Decorrente da análise da produção de cuidados surge a necessidade de abordar as questões relacionadas com as IACS no doente crítico, enquanto problemática emergente e cuja abordagem exige o desenvolvimento de cuidados seguros. Em consonância, a OE (2011a) considera que este é um tema central no que concerne à prestação de cuidados à pessoa em situação crítica, com necessidade de envolvimento tanto a nível individual como institucional.

Considera-se que o aumento exponencial de IACS em Portugal refletiu a necessidade de abordar esta temática de forma global e integrada, com a criação do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência a Antimicrobianos (PPCIRA) e seus respetivos grupos locais, os quais coordenam e supervisionam o desenvolvimento de medidas que visam a redução da taxa de microrganismos multirresistentes, de IACS e a otimização do uso de antimicrobianos, tal como se preconiza no Despacho n.º 15423/2013 de 26 de novembro. (Ministério da Saúde, 2013) Enquanto área intrinsecamente relacionada com a segurança do doente e gestão do risco clínico, deve constituir uma prioridade nos sistemas de saúde de forma a incrementar a qualidade, melhorando os processos e consequentemente os resultados. (Ministério da Saúde, 2016)

Em consonância, na ULSBA é da responsabilidade do Grupo Coordenador Local do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência a Antimicrobianos (GCLPPCIRA) a conceção e desenvolvimento de um plano de atividades anual de acordo com as orientações emanadas a nível nacional e regional, o qual integra o Plano da Comissão da Qualidade e Segurança da instituição. As suas intervenções têm sido desenvolvidas dentro de três principais eixos que são a vigilância epidemiológica, a elaboração e implementação de normas promotoras de boas práticas e a formação dos profissionais. (ULSBA, 2017)

36 Pela inexistência de documentos escritos que contemplassem dados recentes de vigilância epidemiológica, no contexto específico da ULSBA, solicitámos alguns dos mesmos ao GCLPPCIRA, com a respetiva autorização do Enfermeiro Diretor e coordenador do grupo. Após a obtenção de um parecer positivo, foram disponibilizados dados globais das principais taxas de infeção alvo de monitorização na referida instituição.

Salientam-se como aspetos positivos a redução da taxa de pneumonia associada à intubação endotraqueal, da infeção nosocomial da corrente sanguínea, da taxa de infeção do local cirúrgico e da infeção urinária associada ao cateter vesical. Nos resultados divulgados pelo mais recente relatório do PPCIRA, percebemos que o contexto específico da ULSBA tem vindo a acompanhar a tendência nacional. (PPCIRA, 2017)

O mesmo documento revela uma descida de 20% da taxa de Methicillin-resistant Staphylococcus

aureus (MRSA), sendo que em 2016 este valor foi de 43,6%. No que diz respeito aos dados obtidos

junto do GCLPPCIRA da ULSBA, traduzem uma realidade oposta. Perante os atuais resultados obtidos, o grupo considera crucial o desenvolvimento de medidas que promovam as boas práticas nos diferentes grupos de profissionais de saúde.

Relativamente à taxa de infeção por Klebsiella Pneumoniae resistentes aos carbapenemos, a vigilância epidemiológica nacional revela a existência de um aumento importante da sua percentagem (73%), em consonância com dados obtidos a nível europeu. (PPCIRA, 2017) Atualmente o GCLPPCIRA não possui dados concretos a este nível, no entanto, revela que o rastreio de prevenção da transmissão de Enterobacteriáceas resistentes a carbapenemos (ERC) foi recentemente implementado na instituição, o que traduz uma necessidade de investimento a nível formativo nesta área.

Neste sentido, será fundamental desenvolver estratégias de melhoria no SU da ULSBA já que constitui o serviço onde é estabelecido o primeiro contato com estes doentes, pelo que a sua correta identificação se torna crucial. Foi definida como responsabilidade do enfermeiro de triagem sinalizar estes doentes, proceder à sua correta localização dentro do serviço e fornecer indicações para que sejam iniciadas medidas de isolamento de contato. Contudo, é no cumprimento das mesmas que o GCLPPCIRA tem verificado mais inconformidades, assim como no seu tempo de permanência no respetivo serviço, o qual tem sido superior ao desejável.

Para além dos objetivos anteriormente mencionados, o GCLPPCIRA definiu como uma das suas metas para 2018 o alargamento do projeto Catheter Associated Urinary Tract Infections (CAUTI) aos

37 cuidados de saúde primários e SU. Face à elevada taxa de infeções associadas ao cateter vesical, o

Centers for Disease Control and Prevention (CDC) considera fundamental a implementação de

programas preventivos. Revela que estes podem adotar diferentes abordagens de intervenção, contudo salienta que a redução de colocação destes dispositivos bem como o seu tempo de permanência, acarretam importantes benefícios na maioria dos casos. (CDC, 2018)

As precauções básicas de controlo de infeção (PBCI), constituindo um dos principais pilares da área da prevenção e controlo de infeção, têm sido alvo de especial atenção com envolvimento institucional nas campanhas desenvolvidas a nível nacional. Os resultados obtidos têm sido favoráveis, ao nível dos cuidados de saúde primários, contudo em contexto hospitalar emerge a necessidade de uma adequação das estratégias implementadas, pelo que será um dos principais objetivos inseridos no plano de atividades para 2018. Em articulação, e face à sua relevância na promoção da segurança do doente, considera-se que as PDVT merecem igual destaque pelo que se preconiza um maior investimento nesta área. (ULSBA, 2017)

Atualmente estão a ser planeadas estratégias que visam o envolvimento direto de todos os serviços, pelo que se torna essencial o desenvolvimento de projetos no âmbito da qualidade e segurança. Em consonância com as principais estratégias definidas pelo PPCIRA para o ano de 2018, o respetivo grupo local considera ainda a formação uma importante medida na melhoria global das práticas dos profissionais de saúde.

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3 – PROJETO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL