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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.3 IDADE E GASTOS COM SAÚDE

Um primeiro ponto a pesquisar é a relação entre a faixa etária e os gastos com saúde a fim de que se possa saber o que irá ocorrer com os gastos com saúde da população à medida que esta população avança em idade, alterando a composição populacional. Existe um perfil etário de gastos com saúde. Cutler e Meara (1998), baseados em grandes amostras de pesquisas nacionais periódicas de gastos com saúde traçaram esse perfil e observaram as alterações entre os anos de 1953 e 1987 nos Estados Unidos. Em 1953 havia poucas variações com a idade, mas a partir de 1970 e, sobretudo em 1985, houve uma crescente concentração de gastos no primeiro ano de vida, caindo até os 14 anos, quando atinge seu valor mais baixo, elevando-se moderadamente a partir dessa idade até atingir os 45 anos quando mostra uma aceleração com leve redução a partir dos 65 anos. Aos 85 anos os gastos com saúde por idade eram 10 vezes os registrados aos 14 anos. Uma atualização desse estudo para 1995 (Cutler e Meara, 2001) mostrou uma elevação de gastos de 28% aos 85 anos, relativamente aos apresentados em 1985. Primer (2009), trabalhando com dados do National Health Expenditure Accounts (NHEA) de 2006, obteve que os adultos com mais de 65 anos apresentam os maiores gastos com saúde, sendo 7 vezes aqueles entre 5 e 17 anos. Já os

menores de 5 anos apresentaram gastos apenas 20% superiores aos de 5 a 17 anos. As mulheres apresentaram um gasto médio 30% superior ao dos homens. Não encontramos para a população brasileira um levantamento de tal perfil de gastos com saúde e sim algumas informações sobre gastos com internação. Kilsztajn et al. (2002) estimaram que os gastos com internações, aos 75 anos em 1998, eram 7,5 vezes aqueles correspondentes dos 5 aos 44 anos. Berenstein (2008) observou que em 2004/2005, no SUS, o gasto dos internados menores de 1 ano era 2,5 vezes os de 10 anos e os de 85 anos tinham um gasto de 2,2 vezes os de 10. Para a população conveniada a uma autogestão5 paulista, Maia et al. (2012) obtiveram o perfil de gastos individuais de saúde por idade que apresenta uma média de gastos máximo em torno dos 80 anos para ambos os sexos entre os que sobrevivem. Já para os que morrem, os maiores gastos estão para os homens de 60 anos e as mulheres de 50. Todos esses estudos apontam para o acréscimo dos gastos per capita nas faixas etárias superiores. Na apuração dos gastos de saúde por faixa etária, importa saber, além dos gastos individuais específicos por faixa etária e sexo, o montante de indivíduos em cada uma, conforme variem sob os efeitos das componentes da dinâmica populacional: mortalidade, fecundidade e migração. Com o aumento da longevidade e envelhecimento populacional deve-se esperar que a proporção de gastos com saúde da população idosa passe a responder por parte expressiva dos gastos totais com saúde.

Um dos fatores que influi fortemente nos gastos com saúde são as despesas com internações. Essas despesas dependem tanto da taxa de internação (População Internada/População Exposta) quanto da despesa individual com internação que pode ser variável por sexo e idade. Conhecer a taxa de utilização de internações por idade e sexo é importante porque à medida que a população envelhecer, a quantidade de internações de um plano será alterada tanto com a idade como com o sexo como será visto no Capítulo 4. Rodrigues (2010) estudou as internações pelo SUS em Minas Gerais no período de 1993 a 2007, tendo feito uma análise da série histórica de internações desse período e inferido as despesas com internação entre 2020 e 2050. Nesse estudo foi levantado por sexo e idade o valor da taxa de utilização para internações realizadas no âmbito do SUS em 2007. Ficou

5 Operadora vinculada à empresa pública ou privada que atende a seus empregados ou servidores e dependentes e ex-empregados ou ex-servidores e respectivos grupos familiares.

evidenciado que as taxas de utilização de serviços hospitalares crescem continuamente com a idade e são maiores para os homens. Esses resultados espelham o que deve ocorrer também na Saúde Suplementar onde tais taxas ainda não puderam ser medidas e serão úteis na avaliação das despesas com internação pelos detentores de planos de saúde. Berenstein (2009) também chegara a resultados similares para o SUS/MG em 2004/2005.

Da mesma forma as taxas de utilização e gastos individuais para consultas e exames variam com a idade e o sexo. Ao faltarem informações a respeito nos dados fornecidos pela ANS, foram buscadas evidências na literatura e encontrou-se o levantamento de tais taxas em alguns estudos. Andrade et al. (2010) usou dados de uma autogestão paulista. O universo estudado contava com 56.264 beneficiários. Havia um equilíbrio entre os dois sexos, idade média de 37 anos e 30% dos beneficiários possuíam mais de 50 anos. Foi feito um estudo dos gastos com consultas, exames e internações por faixa etária. Constatou-se que a maior parcela dos gastos era representada por despesas hospitalares que se tornavam muito elevadas a partir dos 55 anos de idade. A mesma autogestão estudada por Andrade et al. (2010), foi objeto de investigação por Maia et al. (2012) que observaram que os gastos com saúde se elevam até os 60 anos, caindo a partir daí, com algumas variações dependendo do sexo e status de sobrevivência (se morriam ou sobreviviam durante o período de internação). Também Rios da Mata (2011) apresenta as taxas de utilização para consultas, exames e internações de algumas cooperativas médicas em Minas Gerais em 2009.

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