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3 – JUVENTUDE EM PAUTA NO BRASIL: HISTÓRIA, ESTUDOS E POLÍTICAS PÚBLICAS

NOME IDADE SEXO ESCOLARIDADE RESIDÊNCIA

Fábio Junior 19 M Médio Completo Urbana

Samuel 17 M Médio Completo Urbana

Élida 21 F Incompleto Urbana

Rita 27 F Médio Incompleto Rural

Juliana 22 F Superior Incompleto Urbana

Emília 22 F Superior Completo Urbana

Olívia 19 F Superior Incompleto Urbana

Cintia 21 F Fundamental Incompleto Rural

Áurea 19 F Superior Incompleto Urbana

Greice 21 F Médio Incompleto Rural

Thamiris 20 F Superior Incompleto Urbano

Fonte: Entrevistas, 2009.

O quadro acima indica que a maioria dos entrevistados reside na zona urbana de Pedra do Anta, lembrando que essa cidade por suas características, foi classificada como uma cidade rural (ver capítulo 1). Utilizando uma categoria nativa apenas 03 residem “na roça”. Destaca-se também que apenas 03 entrevistados possuem uma trajetória eminentemente urbana em Pedra do Anta. Quanto à escolaridade, ela é diversificada sendo que os jovens com nível superior incompleto deslocam-se preferencialmente a Viçosa para cursar a universidade. Dos entrevistados apenas 04 jovens estão trabalhando atualmente. Entre os jovens que trabalham um deles permanece nas atividades ligadas à restauração e reforma da igreja matriz.

O contato desses jovens com cidades de maior porte como Viçosa e Ponte Nova, por exemplo, se dá por visitas familiares, complementação do estudo, acompanhamento médico e encontros religiosos. Assim, pode-se dizer que o deslocamento desses jovens para cidades maiores é pontual e esporádico. As atividades de lazer e consumo não foram citadas como motivação para esses deslocamentos. Como veremos adiante, tais atividades estão circunscritas no âmbito doméstico (uso de TV e computador) e a conversas com os amigos na própria cidade.

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4.2.1 – Curiosidade, descoberta e participação

Essas três palavras resumem a avaliação realizada pelos jovens quanto ao processo de restauração da igreja matriz de Pedra do Anta. A curiosidade foi despertada pela novidade relacionada com os aspectos técnicos da própria restauração, com a participação da população em torno da causa da preservação e, principalmente, pela inclusão dos jovens nas várias etapas e atividades do processo. Nesse período, a igreja se tornou um “acontecimento” no sentido de ser visitada não somente para finalidades religiosas, mas também para o acompanhamento das tarefas de preservação em que a novidade era a antiguidade original. De acordo com um dos jovens “por fora íamos lá

pra ver, tínhamos curiosidade de ver, quando surgia coisas novas lá, ver as pinturas (...). Em épocas que tinha alguma novidade a gente ia lá pra ver”. (Samuel, entrevista,

2009).

O termo “descoberta” foi utilizado várias vezes nas entrevistas. Num primeiro momento os entrevistados se referiram às pinturas originais que iam sendo reveladas com a remoção das camadas de tinta que haviam sido superpostas em outras épocas. Segundo os jovens

tinha uma imagem sob aquela imagem ali que as pessoas não sabiam que existia. Todo mundo assim ficou admirado. É uma emoção grande demais, assim de uma coisa escondida há tanto tempo e ninguém sabia. Com uma descoberta dessa, é uma satisfação grande demais, estar descobrindo as belezas da igreja (...). Eu gostei das cores vibrantes, chama muita atenção. Tem que tirar o chapéu pra quem fez isso aí porque há tanto tempo atrás a pessoa ter inteligência tão grande a ponto de fazer umas coisas assim (Fábio

Junior, entrevista, 2009)

Então com certeza fazendo essa restauração ia descobrir alguma coisa, como foi achado muitas pinturas interessantes, coisas que ninguém imaginava que teria naquela igreja. Então é interessante quando você fala assim que vai recuperar, é recuperar um pouco da história de Pedra do Anta que foi meio que apagada, foi, sei lá foi pintada a igreja, então achei interessante, fiquei entusiasmada com isso. (Áurea, entrevista, 2009)

Acho que a gente deve valorizar os originais. Tinha uma coisa muito bonita escondida por trás. Passou a tinta por cima lá e tinha muitas coisas bonitas por trás daquela tinta e a gente não sabia. Simplesmente tinha uma riqueza muito grande na nossa igreja e a gente não sabia que existia essa riqueza. Não devemos acabar com as coisas originais. Com certeza para as futuras gerações isso vai fazer falta. Na época o pessoal tava enjoado daquelas

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pinturas lá passaram a tinta por cima, mas na verdade as novas gerações que tava chegando nem imaginavam. Seria importante, uma igreja antiga que tem muita beleza naquelas pinturas a gente não sabia disso. Então não devemos esconder as belezas naturais, originais dos patrimônios. (Samuel,

entrevista, 2009)

O segundo significado atribuído ao termo descoberta refere-se à surpresa gerada pela participação, pela mobilização e pelo empenho da população durante o processo de restauração. Uma das jovens entrevistadas declarou:

Eu aprendi que quando você tem um projeto, você tem interesse, ele se realiza. Porque eu não imaginava uma comunidade tão participativa igual a de Pedra do Anta. Tinha a festa de S. Sebastião, mas a participação não era tão grande. E quando foi colocado essa proposta para a população ela se motivou. Uma cidade que não tem circulação de dinheiro, que não circula dinheiro aqui as pessoas doavam, mostravam interesse em ajudar, tanto é que a capela mor saiu. Eu, antes, se perguntassem pra mim “você acha que conseguiria restaurar” e falasse o preço, desse o orçamento, eu falaria não. Então eu vi que tipo há união, há vontade de restaurar e há motivação. Eu aprendi isso, que quando você tem interesse dá certo. (Áurea, entrevista,

2009)

O último termo mais mencionado pelos jovens diz respeito a uma aspiração antiga da população da cidade, que desejava ver o patrimônio da igreja restaurado. Vários jovens se referiram ao processo de restauração como concretização desse sonho. Talvez por isso os jovens tenham ressaltado na avaliação a participação coletiva nas várias fases do processo:

A idéia da restauração partiu da comunidade como um todo e não do grupo de jovens. O grupo de jovens estava inserido na comunidade. Como a restauração era um assunto na comunidade, então conversava sobre restauração também. A gente sabia porque tava participando. Participava das discussões, das barraquinhas, motivando. Tinha acesso às informações, conversava com o pessoal que estava restaurando. Como era secretária tinha conhecimento do processo. (Élida, entrevista, 2009)

Toda a comunidade tinha esse desejo, todo mundo tomou parte. (Samuel,

entrevista, 2009)

Eu achei, eu achei que foi gratificante pra gente porque eu gostei do resultado. Achei maravilhosa a capela. Só que eu acho que a comunidade por ter visto o resultado devia ter continuado porque foi um trabalho muito bonito, chamou muita atenção, as pessoas que vem para Pedra do Anta, acho que todos os visitantes, turistas entram lá na igreja pra ver. Todo mundo tem prazer em falar “nó tem uma restauração da capela-mor, vamo lá pra ver”. Eu achei gratificante. (Áurea, entrevista, 2009).

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Quanto aos principais motivos que levaram os entrevistados a participarem do processo de restauração houve seis respostas relacionadas ao interesse com a própria restauração e cinco ligadas com a participação no grupo de jovens. Isso demonstra um equilíbrio nas motivações como fica evidenciado na fala de uma jovem: “Tudo tem um

peso. Por ser da comunidade é claro que eu quero ver a igreja restaurada e por ser do grupo de jovens a gente tinha um objetivo comum” (Thamiris, entrevista, 2009).

Outro aspecto abordado nesse bloco de questões se referiu às condições em que se deu a participação dos jovens, relembrando que o processo foi iniciado por um padre jovem e comprometido com a pastoral da juventude. As respostas ressaltaram que embora a iniciativa do padre tenha sido fundamental, houve uma confluência de outros fatores que determinaram a entrada dos jovens no processo de restauração:

Acho que tudo influenciou um pouco, né? Se fosse uma pessoa, um padre que não daria apoio com certeza não iria pra frente. Mas como ele deu apoio, a comunidade também estava interessada em ver os trabalhos seguir em frente, aí tudo foi juntando com o outro e deu certo. (Samuel, entrevista,

2009)

O fato de ser o padre Wander era importante, mas era uma coisa da comunidade, era uma coisa da comunidade e não do padre Wander. (Élida,

entrevista, 2009)

Não foi a empresa que chamou foi a paróquia que indicou e como já tinha participação na igreja. Não houve uma influência do padre Wander. Se fosse o padre atual acho que seria a mesma coisa. (Fábio Júnior, entrevista,

2009)

Na avaliação final dos jovens não houve menção de conflitos entre os diferentes atores sociais que participaram do processo de restauração. Além dos aspectos positivos já destacados anteriormente, vale ressaltar que o uso do verbo valorizar foi recorrente para sintetizar as lições aprendidas naquele período: valorizar a cultura, a história, o patrimônio, a participação, o passado, o presente e o futuro. Finalmente, os jovens afirmaram que o único problema foi a falta de recursos financeiros para dar continuidade às obras naquele momento.

114 4.2.2 – Patrimônio é...

Nesse segundo bloco procuramos investigar junto aos jovens suas concepções a respeito da idéia de patrimônio, os símbolos do patrimônio local e as ações necessárias para a preservação patrimonial no município.

Ao serem questionados sobre o que entendiam por patrimônio as respostas foram as seguintes:

Quadro 05: Concepções dos jovens sobre patrimônio

NOME RESPOSTA

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