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IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM Nesta etapa do trabalho foram identificadas as áreas do território

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM Nesta etapa do trabalho foram identificadas as áreas do território

com caráter similar, tomando como base o estudo dos elementos naturais, culturais e visuais que configuram a paisagem, assim como, os de caráter perceptual e simbólico. Para identificar e caracterizar a paisagem foi necessário identificar as unidades de paisagem, mapeá-las e descrevê-las a partir dos conceitos de Nogué e Sala.

A identificação e caracterização da paisagem foi realizada a partir de cartografias, algumas produzidas especificamente para este trabalho, a imagem da área estudada foi registrada pelo satélite SPOT, com resolução espacial aproximada de 0,5 metro (EMBARAPA, 2008). Foram gerados mapas temáticos de uso do solo, unidade de paisagem e divisão administrativa na escala 1:90.000 que abrangem todo município. De acordo com a extensão territorial de cada unidade de paisagem a cartografia abordou mapas de sistema viário e uso do solo entre escalas 1:10.000 até 1:60.000.

Além destes procedimentos e buscando caracterizar melhor a paisagem de Laguna, foram elaborados mapas de declividade e cobertura vegetal. Tomou-se como referência a base cadastral que esta sendo utilizada na elaboração do plano diretor municipal da cidade, onde a ferramenta de trabalho adotada é o programa Auto Cad, a partir de escalas 1: 110.000 e 1: 40.000. Esta base foi disponibilizada pela Companhia do Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – CODESC para o Consórcio Hardt-Engemin, empresa responsável pela execução do planejamento macro (faixa lindeira à rodovia BR101 sul) e elaboração de planos diretores nos municípios de Santa Catarina sob a influência da obra de duplicação da rodovia Br-101, no trecho compreendido entre Biguaçu e Passo de Torres1. Foi utilizada também a cartografia editada pelo IBGE em 1976 nas escalas 1:50.000 e 1:250.000 que abordou hidrografia, geomorfologia, cobertura vegetal, sistema viários e divisão administrativa.

Além da análise da cartografia, o processo de identificação e caracterização da paisagem de Laguna consistiu em: estudar a seqüência evolutiva da paisagem, descrever sua dinâmica, os fatores naturais e antrópicos que têm intervindo e intervêm em sua evolução e transformação, analisar se seguem às tendências atuais, tais como, perda da estrutura de mosaico florestal ou de biodiversidade, riscos de contaminação das águas, urbanização, extrativismo, torres e antenas de telecomunicação.

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Elaboração do Plano Municipal de Laguna: objeto de contrato firmado em 28 de agosto de 2008, entre a Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina e o Consórcio Hardt-Engemim, visando a execução do planejamento macro (faixa lindeira à rodovia Br101sul) e elaboração dos planos diretores nos municípios se SC impactados pela obra de duplicação da Br101 sul.

Ao final do processo de caracterização se obteve uma base de dados e levantamento fotográfico da paisagem de Laguna, a partir dos quais foi possível identificar seis unidades de paisagem com características peculiares e delimitadas por elementos geográficos e antrópicos.

2.2. AVALIAÇÃO DA PAISAGEM

Esta etapa do trabalho consiste em identificar as partes do território ou elementos de paisagem reconhecidos legalmente, ou seja, protegidos por lei nas esferas nacional, estadual e municipal, e também, identificar as áreas de considerável valor paisagístico que não são protegidas legalmente. Citamos como exemplo: na esfera municipal o parque da Pedra do Frade, no caso de proteção estadual as ilhas e promontórios, no caso de proteção federal a Área de Proteção da Baleia Franca. A etapa de identificação dos valores de paisagem foi considerada uma das mais significativas, realizada através da classificação que contemplou a diversidade e necessidade de identificá- las e preservá-las.

Os valores de paisagem foram identificados de acordo com a classificação de Ignácio et al (1984), através de métodos diretos, ou seja, a valoração se realizou a partir da contemplação da totalidade da paisagem, por meio de visitas a campo, gravuras e fotografias. O principal agente da valoração da paisagem foi à própria autora, a análise aconteceu por percepção, foram destacados fatores profissionais, educativos, culturais, emotivos, afetivos derivados da relação da observadora com o meio ambiente. Outro fator considerado foi a relação do público em geral e de grupos representativos da comunidade com as paisagens de Laguna, além da colaboração de técnicos do setor público e privado. Esta observação foi possível pelo fato da autora estar desenvolvendo o trabalho acadêmico no território onde reside e atua profissionalmente, no Escritório Técnico de Laguna - IPHAN-SC.

Os valores analisados foram mapeados conforme definição de Nougé e Sala (2006):

a) Valores Naturais e Ecológicos: referem-se aos fatores e elementos que determinam à qualidade do meio natural. São identificados como parte da paisagem que mesmo sem desfrutar de

nenhuma forma de proteção apresentam valores ecológicos de primeira ordem.

b) Valores Históricos: referem-se aos espaços e conjuntos de elementos que tenham valor paisagístico dentro de uma perspectiva histórica. São marcas mais relevantes que o ser humano deixou na paisagem ao longo da história, como tipologias construtivas, tipologias de assentamento, centros históricos, conjuntos arquitetônicos, estruturas de parcelamento do solo e estruturas de limites físicos, sistemas de irrigação, rede de caminhos públicos.

c) Valores Religiosos e Espirituais: referem-se aos elementos da paisagem ou paisagens como conjunto que se relacionam com práticas e crenças religiosas.

d) Valores Produtivos: são aqueles referentes à capacidade de uma paisagem proporcionar benefícios econômicos convertendo seus elementos em recursos.

e) Valores Estéticos: referem-se à capacidade de uma paisagem de transmitir sentimento de beleza, em função do significado e apreciação cultural que adquiriu ao longo da história. Representam seus valores intrínsecos, em função das cores, diversidade, forma, proporções, escala, textura e unidades dos elementos que conformam a paisagem. Porém, o valor estético da paisagem costuma ter uma base cultural profunda, associado à beleza padrões ou modelos e não deve ser resultado apenas dos fatores primários como a cor e a textura.

f) Valores Simbólicos e Identitários: correspondem à identificação que um determinado grupo sente em relação à paisagem. Referem-se aos elementos da paisagem que despertam relações de pertencimento.

Contudo, para atingir um resultado satisfatório referentes aos Valores Estéticos e Simbólicos, que representasse uma parcela dos usuários da paisagem de Laguna, realizou-se uma entrevista junto ao público em geral, cem pessoas responderam os seguintes questionamentos:

1. A qual a paisagem do município de Laguna você atribui maior valor estético (beleza)?

2. A qual a paisagem do município de Laguna você atribui maior valor simbólico?

Após estas definições foram elencadas as ameaças e oportunidades para proteção, gestão e organização da paisagem de

acordo com a metodologia aplicada para elaboração dos Catálogos de Paisagem da Cataluña.

2.3. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DE QUALIDADE

PAISAGÍSTICA

Os objetivos de qualidade paisagística foram definidos para cada unidade de paisagem identificada no território de Laguna. Classificados segundo sua funcionalidade na paisagem, isto é, sua preservação, recuperação, valorização, criação ou uma combinação dos anteriores.

São identificados os possíveis cenários paisagísticos de Laguna, analisando-se a inter-relação entre as dinâmicas naturais e as tendências sócio-econômicas, assim como, as consequências fruto de implementações políticas territoriais urbanísticas que incidem sobre o território de Laguna.

São definidos segundo as diretrizes do planejamento territorial local ou das políticas setoriais que possam ter um efeito direto ou indireto na paisagem, como as de conservação da natureza, as florestais, industriais, de desenvolvimento rural, de atividades extrativas, turismo, transportes, telecomunicações, energética, águas, resíduos, culturais, de educação, fiscalização e patrimoniais.

2.4. ESTABELECIMENTO DE DIRETRIZES, MEDIDAS E