• Nenhum resultado encontrado

Identificação da AMSTAS baseada na Seleção 2

A identificação da AMSTs do Atlântico Sul da Seleção 2 teve como objetivo testarmos se a combinação da variação vertical de densidade presente na VP com um intervalo típico de densi- dade possuiria a mesma efetividade para a identificação da AMSTAS que os critérios da Seleção 1, que são baseados no gradiente vertical de temperatura e em um intervalo de isotermas. Assim, essa segunda seleção foi baseada nos critérios listados na Tabela 8, onde foi determinado um intervalo de duas isopicnais (26,2 kg m 3 e 26,6 kg m 3) como critério de seleção de camadas

homogêneas de água modal, juntamente com valor baixos de VP (q < 1,5 ⇥ 10 10m 1s 1). Diferentemente da Seleção 1, não foi definido um intervalo de temperatura para a escolha dos perfis de AMSTAS. Como resultado dessa seleção, foram gerados mapas de espessura média para a superfície e subsuperfície destes perfis entre 2002 e 2014 (Figura 34).

Figura 34: Espessuras médias do caso D (Seleção 2) na superfície (topo) e na subsuperfície entre os anos de 2002 e 2014 após a seleção de perfis comsqentre 26,2 kg m 3e 26,6 kg m 3.

Seguindo o mesmo padrão de análise desenvolvida na seção 5.4, ao compararmos a Fi- gura 34 com o caso D da Figura 11, observamos que a aplicação do intervalo de densidade proposto impactou drasticamente na quantidade de perfis identificados em superfície, reduzindo em 79,25% os pontos selecionados com AMSTAS. A principal diferença foi a distribuição ho- rizontal dos perfis, restringindo–os quase em sua totalidade, ao sul de 30 S.

No caso dos perfis de subsuperfície, a redução foi inferior a encontrada nos perfis de su- perfície, sendo de 59%. Porém, através dos valores de espessura média exibidos na Figura 34, notamos que a consequência da aplicação dos parâmetros da Seleção 2 sobre a camada de subsuperfície teve maior influência sobre a distribuição vertical do que horizontal, ou seja, ob- servamos a redução das espessuras médias (valores 32,28% menores) ao longo de toda a bacia de maneira mais contundente do que sobre a diminuição da área (redução de 12,75% da área ocupada) ocupada pela água modal. Isto posto, ao compararmos os resultados encontrados na Figura 34 com os resultados encontrados por Sato e Polito (2014) (expostos na Figura 6), nota- mos que o resultado da aplicação da Seleção 2 não restringe os dados que estão a norte de 25 S na porção leste e a 30 S na porção oeste.

Tendo em vista que a Seleção 2 não contempla a utilização do gradiente vertical da tempera- tura como base para a seleção de perfis de água modal, não há nenhum fundamento que garanta que as camadas selecionadas estão acima da termoclina permanente, definida como uma das

características principais da água modal o posicionamento entre a termoclina sazonal e a per- manente. Portanto, como definido anteriormente (de Boyer Montégut et al. 2007), podemos utilizar o valor de dTdz > 0.02 C m 1ao longo da coluna para definir a camada estratificada re- lativo a termoclina permanente. Deste modo, ao investigarmos a distribuição dodTdz médio tanto dos perfis de superfície quanto dos de subsuperfície (Figura 35) dos perfis escolhidos através da aplicação da Seleção 2, podemos estimar a latitude limite para a classificação da AMSTAS para este conjunto de dados.

Figura 35: Gradiente vertical médio de temperatura (esquerda) e das profundidades mínimas (direita) dos perfis de AMSTAS referentes a Seleção 2, entre os anos de 2002 e 2014 através dos dados ISAS.

Ao analisarmos na Figura 35, percebemos o aumento do dT

dz médio no sentido do equador conforme as profundidades mínimas médias também aumentam. Em outras palavras, quanto mais profundo encontramos o topo dos perfis, identificamos maior estratificação da temperatura, e nos pontos onde dTdz > 0,02 C m 1, a estratificação nos indica que as camadas identificadas como água modal não podem ser identificadas como AMSTAS. Estes perfis com valores típicos de dTdz encontrados na termoclina encontram–se a norte de 30 S.

Para conferirmos a frequência de ocorrência destas camadas a norte de 30 S ao longo de um ciclo de formação e afundamento da água modal, aplicamos o mesmo método desenvolvido para a Seleção 1 baseado na aplicação do fator C, na criação de um ano padrão com a distribuição vertical e horizontal corriqueira da camada de subsuperfície. Deste modo, podemos avaliar mês a mês, na Figura 36, a posição da camada de subsuperfície e a relação com as latitudes encontradas com dTdz típicos da termoclina permanente.

Figura 36:Mapa da distribuição horizontal da camada de subsuperfície da AMSTAS – Seleção 2, onde as cores representam a espessura média ao longo da série temporal entre 2002 e 2014 e com as curvas em branco sendo 0,5 < C <0,9 e preta C = 1.

Ao examinarmos a Figura 36, vemos que em todos os meses, a água modal é identificada ao norte da latitude de 30 S, nos auxiliando a compreender que parte desta camada de AMS- TAS identificada não pode ser considerada como uma camada típica de água modal. Portanto, considerando que dentro da seleção utilizada na análise da seção, perfis são erroneamente clas- sificados como de água modal, portanto, devemos ponderar sobre os parâmetros utilizados. Ou seja, através desses resultados, compreendemos que a utilização apenas do critério de baixa VP combinado ao intervalo de densidade (26,2 kg m 3 e 26,6 kg m 3) é insuficiente para definir com acurácia os perfis de água modal para o Atlântico Sul.

Isto é posto apesar dos perfis de superfície vistos na diagrama da esquerda na Figura 34 estarem todos a sul da linha dedT

dz limite para a determinação de água modal. Como o objetivo desta análise é identificar tipos de seleção eficazes para a detecção da AMSTAS, portanto, como estes critérios não foram suficientes para a determinação totalmente correta, tanto os perfis de superfície quanto dos de subsuperfície, consideramos incompleto os parâmetros de escolha da Seleção 2. Juntamente com esta interpretação, observamos a necessidade de priorizarmos a seleção de água modal baseada na utilização de fundamentos relacionados a temperatura, ou seja, a aplicação da variação vertical de temperatura e/ou de intervalos típicos de temperatura para a água modal da região.

Portanto, sem a definição de um intervalo de isotermas, não será possível estimarmos a taxa de formação baseada no fluxo de flutuabilidade (BSda equação 14), através da equação 12 e 13.