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Identificação das questões em investigação e formulação de hipóteses

3. METODOLOGIA

3.1. Identificação das questões em investigação e formulação de hipóteses

Nos últimos anos, vários autores têm constatado um aumento da prevalência de DCL em vários países. Os indivíduos com DCL têm sofrido especial atenção por parte de muitos investigadores, pois estão relacionados com elevados níveis de incapacidade, contribuindo para o aumento do consumo de serviços de saúde, sendo responsáveis pela maioria dos custos de saúde associados à dor crónica. Apesar do estudo sobre o tema DCL estar desenvolvido em vários países, a investigação acerca da DCL em Portugal é escassa e não existe nenhum estudo, do nosso conhecimento, que aborde especificamente a DCL em funcionários de instituições de saúde.

O presente estudo debruça-se sobre o tema, DCL não específica em funcionários de instituições de saúde. A opção de estudar este tema prende-se por uma preferência pessoal sobre o tema e por verificar, não só o aumento da sua prevalência, mas também do impacto que esta condição tem tido nos vários países onde tem sido estudada. A decisão de ser realizada em funcionários de instituições de saúde, deve-se ao facto de poucos estudos terem analisado esta população nos vários países e por poder vir a servir como uma primeira etapa para investigar a DCL, numa população específica em Portugal. Com base nestes pressupostos, pretendemos em primeiro lugar e como objectivo geral do estudo, analisar possíveis relações entre variáveis, descritas na literatura como preditivas da incapacidade, e a incapacidade auto reportada nos funcionários com DCL. Em segundo lugar e como objectivos específicos, pretendemos analisar a prevalência de indivíduos com DCL em funcionários de uma Unidade Local de Saúde; analisar o nível de incapacidade dos funcionários com DCL; caracterizar os indivíduos com DCL relativamente a variáveis pessoais, ocupacionais e psicossociais e analisar o impacto auto-reportado da DCL nos indivíduos. Para responder a estes objectivos, realizamos um estudo com 38 funcionários de uma Unidade Local de Saúde com DCL não específica. As hipóteses que pretendemos analisar, assentam no objectivo geral supracitado e baseiam-se na revisão da literatura do capítulo anterior.

al., 2008; Pimenta et al., 2009; Pincus et al., 2002; van Tulder et al., 2002; Vowles et al., 2007).

Alguns estudos realizados em indivíduos com DCL, analisaram a variável catastrofização da dor como factor psicossocial. Kovacs et al. (2010); Picavet et al. (2002) referem que a variável catastrofização da dor, se relaciona com a incapacidade em indivíduos com DCL, explicando um quarto da sua variação. Esta análise leva-nos a considerar que, existirá uma relação entre a catastrofização da dor e a incapacidade auto-reportada nos indivíduos com DCL, que participaram no estudo (H1).

Alguns estudos realizados em indivíduos com DCL, analisaram outro factor psicossocial, a crença de medo e evitamento da dor, relacionada com o trabalho e com a actividade física. Crombez et al. (1999); Meyer, Tschopp, Sprott e Mannion (2009) referem que a crença de medo e evitamento relacionada com o trabalho está relacionada com a incapacidade. Tal leva-nos a considerar que, existirá uma relação entre a crença de medo e evitamento da dor relacionada com o trabalho e a incapacidade auto- reportada nos indivíduos com DCL, que participaram no estudo (H2). De igual modo Woby et al. (2004a) , referem que a crença de medo evitamento da dor relacionada com a actividade física, está fortemente relacionada com a incapacidade. Tal leva-nos a considerar igualmente que, existirá uma relação entre a crença de medo evitamento da dor relacionada com a actividade física e a incapacidade auto-reportada nos indivíduos com DCL, que participaram no estudo (H3).

Por fim, alguns estudos também analisaram a variável intensidade da dor, em indivíduos com DCL. Woby et al. (2004b); Meyer et al. (2009); Costa et al. (2009) referem que a intensidade da dor está fortemente relacionada com a incapacidade. Tal leva-nos a considerar que, existirá uma relação entre a intensidade da dor e a incapacidade auto-reportada nos indivíduos com DCL, que participaram no estudo (H4 e H5).

Tendo como base o objectivo geral do estudo e pela analise dos estudos referidos anteriormente colocam-se as seguintes hipóteses em estudo:

Hipótese 1 - Existe uma associação positiva entre a catastrofização da dor e o nível de incapacidade funcional auto-reportada, por indivíduos com DCL. Quanto maior a catastrofização da dor manifestada pelos indivíduos, maior será o nível de incapacidade auto-reportada.

Hipótese 2 - Existe uma associação positiva entre as crenças de medo e evitamento da dor relacionada com o trabalho e o nível de incapacidade funcional auto-reportada, por indivíduos com DCL. Quanto maior o nível de crenças de medo e evitamento da dor relacionada com o trabalho manifestadas pelos indivíduos, maior será o nível de incapacidade auto-reportada.

Hipótese 3 - Existe uma associação positiva entre as crenças de medo e evitamento da dor relacionada com a actividade física e o nível de incapacidade funcional auto- reportada, por indivíduos com DCL. Quanto maior o nível de crenças de medo e evitamento da dor relacionada com a actividade física manifestada pelos indivíduos, maior será o nível de incapacidade auto-reportada.

Hipótese 4 - Existe uma associação positiva entre a percepção da intensidade actual de dor e o nível de incapacidade funcional auto-reportada, por indivíduos com DCL. Quanto maior a intensidade de dor sentida pelos indivíduos, maior será o nível de incapacidade auto-reportada.

Hipótese 5 - Existe uma associação positiva entre a intensidade da dor no ano 2009 e o nível de incapacidade funcional auto-reportada, por indivíduos com DCL. Quanto maior a intensidade de dor percepcionada ao longo do ano de 2009 pelos indivíduos, maior será o nível de incapacidade auto-reportada.

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