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5.1 UNIDADES DE PLANEJAMENTO

5.2.1 Sistema de Abastecimento de Água

5.2.1.11 Identificação dos problemas nos SAA

As condições dos sistemas de abastecimento de água no Distrito de Marudá e Sede Municipal permitiram a identificação dos problemas inerentes a esse setor, de tal modo que pode subsidiar a elaboração do plano de saneamento básico a nível local. Apesar das áreas de investigação terem particularidades e características próprias, verificou-se que as dificuldades encontradas são muito similares e percorrem diferentes níveis, dos mais simples a mais complexos. Dessa forma, os principais problemas

Gráfico 10 – Avaliação dos Serviços prestados pela COSANPA(%)

Fonte: Pesquisa de Campo

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo SR

7,3

17,7

33,71

89 observadas no setor de abastecimento de água nos dois distritos estão elencadas no Quadro 5.

Quadro 4 – Problemas relacionados ao Setor de Abastecimento de Água

ITEM PROBLEMAS

01 Falta de planejamento

02 Ausência de hidrômetros nos domicílios

03 Carência de informações

04 Atividade sem outorga direito de uso da água

05 Parâmetros de qualidade da água fora dos padrões de potabilidade 06 Falta de periodicidade no monitoramento da qualidade da água 07 Falta de manutenção e limpeza nos reservatórios

08 Baixa qualificação e valorização dos funcionários que operam o sistema

09 Deficiência de monitoramento e controle de perdas de distribuição de água ao longo do sistema

10 Falta de recursos financeiros para investimentos no setor Fonte: Pesquisa de Campo

A maior dificuldade no fornecimento de água nos Distritos de Marudá e Sede Municipal gira em torno da falta de planejamento, pois verifica-se que as atividades que cercam a rotina de funcionamento desse sistema parecem não atender um esquema criterioso e rigoroso sobre o setor administrativo, de operação e fiscalização, o qual ainda é agravado pela pela ausência de normais e politicas locais. Comumente, a ausência de organização e planejamento influência positivamente para o surgimento dos demais problemas elencados no quadro 5.

A cobrança pelo consumo de água, feita pela COSANPA nos dois distritos, obedece um padrão fixo de taxação que é favorecido pela ausência de aparelhos medidores do volume de água (hidrômetros) nos domicílios. Essa situação impede que haja aumento de receita de capital por parte da companhia de saneamento, dificultando a modernização e investimentos no setor.

Durante a pesquisa de campo, notou-se que existe uma grande carência de informações sobre o abastecimento de água. Um dado importante, e do qual há desconhecimento, refere-se à produção de água ao longo do ano, ou seja, os dois

90 distritos não realizam qualquer registro ou balanço da geração de água, isso impede que sejam feitas análises estatísticas da produção de água ao longo de todo o ano, assim como gerar dados dos períodos de maior demanda e consumo. Esses fatores são reflexos da falta de planejamento e organização observados.

A Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.433/1997, diz que a água é um bem de domínio público, limitado e dotado de valor econômico, por isso, é necessário que o Poder Público tome providências quanto à racionalização de seu uso mediante o direito de concessão de outorga, o qual contempla a atividade de fornecimento de água. Nesse sentido, verificou-se que, tanto em Marudá quanto no Distrito Sede, o sistema funciona sem a devida autorização legal, a qual é concedida pelo órgão ambiental estadual, por isso são necessárias providências no sentido de regularizar esse quadro.

A água captada e distribuída aos usuários de Marudá e Marapanim Sede tem origem subterrânea, onde, teoricamente, apresenta qualidade superior às águas de fontes superficiais, entretanto, ainda assim, é necessário que seja feita a sua desinfecção por meio de cloro. Durante a pesquisa de campo, observou-se que existem falhas na rotina de tratamento da água no bombeamento do Distrito Sede, visto que os equipamentos empregados com essa finalidade não são os mais apropriados, o que pode influenciar na oferta de água com baixa qualidade e, consequentemente, prejudicar a saúde dos usuários.

A atividade de abastecimento de água requer que seja realizado o monitoramento da qualidade da água, conforme os padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria N° 2.914/2011. Os supervisores da COSANPA em Marudá e na Sede afirmaram que esse monitoramento ocorre com frequência anual, porém na Unidade da companhia de Marudá não foi apresentado nenhum laudo de monitoramento quando foi solicitado, já na sede municipal os laudos mostrados não eram atualizados. O departamento de vigilância sanitária do Município tem a função de fiscalizar as atividades da COSANPA por meio de analises da água fornecida, porém percebe-se que as dificuldades de apoio logístico, material e de corpo técnico especializado dificultam a coleta, armazenagem e transporte dos materiais para observação, comprometendo a frequência de monitoramento da qualidade de água oferecida.

Para muitos usuários do sistema de abastecimento de água das duas áreas pesquisadas, o líquido aparenta ter cor em tom amarelado, isso pode ser decorrente da rede de distribuição de água, a qual é composta por tubos metálicos e plásticos e

91 remonta a década de 1980. Em períodos em que ocorre falta d’água, alguns moradores da sede informaram que recorrem até o reservatório da COSANPA para captar água em baldes, mas reclamaram que a água escorrida pela torneira tinha aspecto de lama, deduzindo a necessidade de limpeza da caixa d´água. Apesar disso, os supervisores da companhia de saneamento garantiram que a limpeza ocorre anualmente.

Durante a pesquisa de campo, pode-se verificar que os profissionais envolvidos nas atividades do fornecimento de água de Marudá e da Sede apresentam um baixo nível de qualificação e especialização, pois, durante conversas informais, esses trabalhadores não souberam responder algumas perguntas peculiares a sua rotina de trabalho. Isso evidencia a necessidade de que eles devem passar por um programa de qualificação, valorização e reconhecimento de sua importância para o funcionamento da empresa.

Os supervisores da COSANPA nos distritos analisados informaram ter dificuldade de monitorar as perdas de água ao longo do sistema, as quais ocorrem de duas formas: tubulação da rede quebrada e roubo de água. Esse problema decorre por falta de equipamentos e corpo técnico suficiente para fazer os trabalhos de fiscalização e monitoramento. As informações das perdas de água no sistema são antigas e precisam ser corrigidas e atualizadas.

Por fim, todos os problemas listados anteriormente demonstram a necessidade de melhorias na rede de abastecimento de água de Marudá e na Sede Municipal, a qual é prejudicada pela falta de politicas públicas que permita captar recursos financeiros para investimento nesse sistema. Comumente, esse contexto também é incentivado pela falta de técnicos com conhecimento para a elaboração de planos municipais de saneamento.